* Na rubrica #PowerWorkGirls reunimos histórias de mulheres empreendedoras que todos os dias nos inspiram a perseguir os nossos sonhos. Mulheres que arriscaram sem medos, que trocaram o futuro por presente e o sonho por realidade, e iniciaram assim um árduo caminho em busca da felicidade, realização e reconhecimento.
É possível que se lembre do início da carreira de Diana Taveira, como um dos rostos da MTV Portugal, em 2015. Porém, desde aí, que a apresentadora não parou e provou que é possível ter vários negócios, de diferentes áreas, desde que haja força e empenho.
Licenciada em Estudos Europeus pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e com mestrado em Marketing e Ciências da Comunicação, a empresária de 32 anos tem hoje o cargo de CEO da agência de comunicação milk&black, é apresentadora da RTP, é uma das responsáveis do espaço BAHIA Beach Club, do projeto CrossFit Cais e agora lançou-se na restauração com FISHFISH Sushi.
Parece muito? Talvez, mas em conversa com a Saber Viver, a empreendedora explica-nos como chegou até aqui e conta-nos como foi construir tantos negócios, num mundo gerido por homens.
Leia a entrevista.
Entrevista a Diana Taveira
Quando começou e sua carreira, em 2015, como uma das caras da MTV, que planos tinha nessa altura? Os seus objetivos foram mudando com o tempo ou sempre soube que ia ser uma empreendedora?
A veia empreendedora já corre na família há várias gerações, portanto, se havia algo que eu sabia que seria o caminho que iria tomar no futuro, seria o de empresária. A televisão surge como uma outra paixão, que também optei por dar seguimento.
Acima de tudo, acredito que temos é de fazer o que gostamos, e eu sinto-me realizada a trabalhar nesses dois campos profissionais.
Dos inúmeros projetos que lançou, qual foi o mais desafiante e o que lhe deu mais trabalho?
A milk&black, porque foi o primeiro, não sabia muita coisa na altura, mas pensava que sabia. O caminho foi árduo, de muito sacrifício, muitas noites sem dormir, muita ansiedade, mas passados três anos tudo compensa, com o portfólio de clientes que construímos e a equipa que foi crescendo.
Porque decidiu lançar-se em negócios de áreas tão diferentes?
Foi uma decisão estratégica, áreas de negócio distintas não têm o mesmo comportamento de crescimento, não queria áreas dependentes uma das outras pois o mercado em determinados negócios por vezes quebra, e estando presente em diferentes mercados não estou dependente apenas do comportamento financeiro de um determinado consumidor.
O FISHFISH Sushi é o seu mais recente projeto. A área da restauração sempre foi uma atração?
Sempre quis ter uma marca cool no mercado da restauração, acho que em Portugal ainda não existe muito essa sensibilidade de criar marcas fun e jovens, e foi por aí que começámos. Acima de tudo assenta no conceito de construção de marca, independentemente da área, essa é a atração e o desafio.
Como foi entrar nesta área num ambiente pandémico? Que desafios enfrentou?
Todos! Mas acima de tudo um consumidor receoso, mas curioso, e isso não sabíamos muito bem no que poderia resultar efetivamente em retorno financeiro, ou seja, a incerteza é o pior deste contexto pandémico para os negócios da restauração.
Como é gerir esta carreira tão preenchida? Já alguma vez sentiu que estava a ser demasiado?
Essa é a pergunta que mais me fazem, acima de tudo tem a ver com organização e boas equipas em cada um dos projetos. Se tivermos isso, tudo o resto se constrói.
Como é um dia na vida de Diana Taveira?
Sempre diferente e sempre ocupado, e se não for assim, fico logo a sentir-me desconfortável. As minhas semanas variam muito, entre gravações, gestão financeira, reuniões com clientes, equipas e sócios, estar presente nos locais e estudar os vários mercados.
Mas um dia normal começa por ir gravar, depois um almoço com equipas ou sócios, tardes repletas de reuniões por Zoom e noites a ir visitar os espaços de restauração. Ao fim de semana foco-me na análise financeira dos negócios.
Alguma vez sentiu que, por ser mulher, não estava a ser levada a sério? Ou sentiu algum tipo de descriminação por parte de homens?
Claro que sim, já temos negócios há três anos, projetos interessantes e reconhecidos pelas pessoas e muitas vezes ainda pensam que o que partilho nas minhas redes sociais é publicidade para outras pessoas. Repetidamente tenho de explicar que o que partilho são os meus projetos pessoais.
A descriminação por parte de homens é algo a que não dou sequer espaço. Se o sinto, esclareço logo o meu papel e lugar.
No mundo empresarial, acha que as mulheres ainda têm um longo caminho para se afirmarem ou acha que essa mudança já está a acontecer?
Essa mudança já está a acontecer. Cruzo-me cada vez mais com mulheres em cargos de liderança, acredito que estamos de forma sustentada a conquistar o nosso espaço através da nossa competência e capacidade.
Como foi ser a primeira mulher a assumir o cargo de Presidente do Orgão Máximo da Associação Académica de Coimbra e Senadora da Universidade? Enfrentou alguns olhares desconfiados?
Na altura claramente que sim, estamos a falar de algo que aconteceu há quase 10 anos, não era normal, e naquela instituição com 123 anos de história nunca tinha existido.
É um cargo que implica muita coisa, principalmente uma personalidade de líder clara, mas não acredito em liderança por imposição, mas sim por competência e compreensão, e foi esse o caminho que fiz na altura.
Sendo a política um dos seus maiores interesses, vê-se a trabalhar na área?
Sem dúvida! É algo que me faz sentir borboletas no estômago, é a área onde me sinto efetivamente útil e acredito na boa política, acredito na política de apoio e base para uma sociedade melhor, acredito na política de evolução social e económica.
Acredito também que posso ser uma mais-valia para essa área, tendo em conta a minha experiência profissional noutras áreas e a minha experiência pessoal de interação e vivências com vários contextos e culturas.
Que conselhos daria a alguém que quer lançar um negócio, mas não sabe por onde começar?
Estudar, estudar o mercado, e estudar mais uma vez. Falar com pessoas da área de negócios que pretendem entrar e compreender que os primeiros três meses serão de aprendizagem, erros e frustrações.
A partir dos seis meses é que irão começar a sentir algo mais palpável, o que quer dizer que é importante ter um backup financeiro e capacidade de amparar o negócio durante esse período.
Negócios à parte, que atividades de lazer é que não podem faltar no seus dia a dia?
Antes da Covid-19, eram as minhas viagens. Todos os meses fugia para algum lugar. De resto, adoro instruir-me, quer seja através de documentários ou da leitura de artigos e conteúdos de várias áreas diferentes.
Para mim, os negócios também são lazer, e muitas vezes aproveito um final de tarde no BAHIA ou um jantar em casa com amigos do FISHFISH. O bom de tudo é poder conciliar vida pessoal e profissional de forma natural.
No futuro, há outras áreas que gostasse de explorar? Já tem alguma coisa planeada?
Os meus negócios surgem conforme as pessoas com quem me cruzo e a leitura que vamos fazendo do mercado, mas claro que estou sempre atenta às oportunidades.
Estou numa fase em que já não planeio negócios. Se há coisa que a Covid-19 nos ensinou é que por mais planos que se façam, não conseguimos controlar o caminho que pretendemos seguir.
Neste momento, o meu foco para o próximo ano é sustentar e afirmar os cinco negócios junto das equipas e sócios que escolhi para fazerem esta caminhada comigo.