Um estudo realizado pelas universidades de Bath, Cardiff e Londres provou que as mulheres são melhores do que os homens a perceber o que os outros estão a pensar e a colocar-se no lugar dos outros.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores submeteram quatro mil pessoas (algumas das quais sofriam de autismo), nos Estados Unidos da América e no Reino Unido, ao primeiro questionário de leitura da mente para avaliar a forma como entendiam o que os outros estavam a pensar e a dizer.
O foco deste estudo, publicado na revista Psychological Assessment, da Associação Americana de Psicologia, é a leitura da mente, conhecida em Psicologia como mentalização. Trata-se de uma capacidade que permite captar sinais subtis de comportamento que podem ‘mostrar’ que a pessoa com quem estamos a falar não verbaliza o que está a pensar ou está a ser sarcástica ou mesmo a mentir, aptidão que está mais desenvolvida em algumas pessoas do que noutras.
Depois de feito o teste, os investigadores concluíram que as mulheres são muito melhores nisso do que os homens e que os autistas são o grupo que revela maiores dificuldades, o que dificulta a manutenção de relacionamentos sociais.
Leitura da mente e empatia
“Sem dúvida que todos já tivemos experiências em que não nos sentimos conectados com quem estávamos à conversa, que percebemos que essa pessoa não nos entendeu ou que o que dissemos foi mal-interpretado. Grande parte da forma como comunicamos baseia-se na nossa compreensão do que pensam os outros, mas este é um processo surpreendentemente complexo, que nem todos conseguem fazer”, explica Punit Shah, autor principal do estudo e especialista em processamento cognitivo social do Departamento de Psicologia da Universidade de Bath.
O investigador refere também que, neste processo psicológico, é importante distinguir a leitura da mente de empatia.
Enquanto a primeira é compreender o que as outras pessoas estão a pensar, a segunda trata-se de entender o que os outros sentem. “A diferença pode parecer subtil, mas é extremamente importante, já que envolve redes cerebrais muito diferentes”, continua o investigador.
Os cientistas revelam ainda que o questionário – composto por quatro questões: coloco-me facilmente no lugar de outra pessoa; às vezes, tenho dificuldade em ver as coisas do ponto de vista de outras pessoas; às vezes, tento entender melhor os meus amigos, olhando para as coisas do seu ponto de vista; geralmente, consigo perceber o ponto de vista de outra pessoa, mesmo que seja diferente do meu – pode ser usado em ambiente clínico, pois nem sempre é óbvio que as pessoas estão a ter dificuldade em entender e responder aos outros.
Ao fazer-se o teste, pode-se, depois, trabalhar essas competências para facilitar a interação social, algo de grande importância.