Bem-estar

Crónica. O que mudou no Feng Shui nos últimos 20 anos

O Feng Shui é uma prática com milhares de anos de história que trabalha as forças energéticas de forma a harmonizar o ambiente que nos rodeia. Ajuda no equilíbrio e bem-estar geral e sofreu algumas alterações nas últimas décadas. Alexandre Gama, consultor de Feng Shui, explica quais.

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Crónica. O que mudou no Feng Shui nos últimos 20 anos Crónica. O que mudou no Feng Shui nos últimos 20 anos
© pexels
Alexandre Gama, cronista
Escrito por
Out. 13, 2022

O Feng Shui é uma arte milenar relacionada com o bem-estar do indivíduo. A ideia de que este nos ajuda a ter mais poder, faz com que seja reservado apenas a algumas pessoas ou classes sociais.

Embora esta arte possa ser vista como universal, já que esteve presente em todas as sociedades antigas, durante os vários percursos históricos fomos perdendo muita informação sobre a mesma.

Nos dias de hoje, é conhecida como sendo proveniente maioritariamente da China.

Como mudou nas últimas duas décadas

O Feng Shui manteve-se inalterado durante milhares de anos. No entanto, o estreitamento das relações entre a Ásia e a Europa, bem como o aparecimento da Internet, impulsionaram a divulgação e globalização do Feng Shui.

E foi há pouco mais de vinte anos que eu tive contato pela primeira vez com esta arte. Primeiro por um livro, depois pela Internet, e, em 1999, pelas mãos do Francisco Varatojo, no Instituto Macrobiótico de Portugal, onde tive oportunidade de iniciar os meus estudos.

Olhando para trás, apercebo-me que quando a revista Saber Viver, surgiu eu estava a iniciar a minha carreira enquanto consultor de Feng Shui. Inicialmente, estudei-o apenas com o intuito de uso pessoal, mas rapidamente descobri que fazia sentido render-me às exigências do mercado.

O Feng Shui dá uma forte importância à posição dos móveis nos diferentes lugares, ao lay-out dos diferentes ambientes e nunca esquece a importância da Natureza nas nossas vidas
Alexandre Gama Alexandre Gama

No início, senti-me um pioneiro, pois para além de mim existiam apenas mais dois ou três profissionais nesta área. Porém, e porque nem sempre o Feng Shui foi bem aceite, vivia-se ainda um ambiente reservado. Nesses primeiros anos, era um trabalho que era executado em sigilo.

Felizmente, nos dias de hoje podemos dizer que só em Portugal existem centenas de pessoas que estudaram e formaram-se nesta arte, sendo que a maioria trabalha utilizando estes ensinamentos nas mais variadíssimas atividades.

Sendo mais conhecido pela ligação direta aos espaços físicos, o Feng Shui é uma ferramenta muito importante para qualquer arquiteto ou designer de interiores. Pode também ser utilizado na medicina, na psicologia, nas artes, nos negócios, e nas mais variadas áreas.

Nos últimos 20 anos, felizmente, ocorreu uma profunda desmistificação que ajudou a eliminar muitos preconceitos e medos em relação a esta arte. Desta forma, o Feng Shui chega agora a mais pessoas.

A Internet, os programas de televisão sobre decoração de espaços e uma maior abertura a tudo o que não era convencional ajudou a nossa sociedade a explorar a vida e os espaços, fazendo alterações nos mesmos.

Qualquer pequena mudança que fazemos no nosso espaço pode ter um efeito bastante significativo na nossa vida
Alexandre Gama, consultor de Feng Shui Alexandre Gama, consultor de Feng Shui

Trabalhar com Feng Shui

Se há quem tente repetir os ensinamentos milenares, dizendo que utilizam o Feng Shui verdadeiro ou puro, quanto ao meu trabalho, senti desde sempre necessidade de aprender as várias técnicas e, depois, utilizá-las adaptadas a cada situação e pessoa. Cada casa ou cada escritório são únicos e com diferentes necessidades.

Chamo ao meu trabalho na área de Feng Shui Integrativo, pois utilizo técnicas adaptadas à nossa realidade, quer a nível temporal, quer cultural.

Estudo não só o espaço físico, como a energia de cada indivíduo, chegando assim mais perto das necessidades reais de cada pessoa, de cada família ou equipa de trabalho.

Uma diferença importante nos dias de hoje é que já se percebeu que o Feng Shui do poder não faz muito sentido, pois o equilíbrio natural da vida ensina-nos que para sermos fortes de um lado, temos de ser forçosamente frágeis do outro.

Na verdade, esta prática pretende ajudar a pessoa a sentir-se o mais confortável possível no seu ambiente, para a utilização máxima do potencial quer dos espaços, quer das pessoas.

Ao utilizar técnicas tão simples como a escolha da luz, da cor, dos materiais e dos acabamentos decorativos, conseguimos criar e desfrutar dos espaços de uma forma adequada e eficiente.

O Feng Shui dá uma forte importância à posição dos móveis nos diferentes lugares, ao lay-out dos diferentes ambientes e nunca esquece a importância da Natureza nas nossas vidas.

Este trabalho é tão rico e pode ser feito a diferentes níveis, desde uma sessão de diagnóstico para perceber o que se pode melhorar na casa e naturalmente na vida, ao acompanhamento de um projeto desde o início, ou seja, a escolha do terreno, a implementação do edifício, o projeto de arquitetura e, depois, de decoração, quer interior, quer exterior.

Qualquer pequena mudança que fazemos no nosso espaço pode ter um efeito bastante significativo na nossa vida.

Alexandre Saldanha da Gama é consultor de Feng Shui e autor do livro ‘Feng Shui @ Lares e Costumes Portugueses’. Estudioso de pessoas e da sua energia, criou a marca Feng Shui Integrativo através da qual orienta seminários, cursos, palestras e faz consultas de astrologia do ki das 9 estrelas. Desenvolve e acompanha in loco projetos de decoração, dá consultas de Feng Shui e faz limpezas energéticas de espaços.

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