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Ballerina Body, pilates e ioga dos pés. O exercício consciente é a grande tendência de fitness do momento

Ballerina Body, pilates e ioga dos pés. O exercício consciente é a grande tendência de fitness do momento

As grandes tendências deste ano no exercício físico passam por ter mais consciência corporal e ter sempre em conta que o desporto é fundamental também para a mente.

Por Mar. 3. 2025

Melhorar o bem-estar mental através da atividade física, o treino funcional, que equilibra a coordenação e o movimento funcional e promove a consciencialização do corpo, são duas das tendências mais fortes no que ao exercício físico diz respeito, sem esquecer claro de incluir algum treino de força, fundamental para o ganho de massa muscular.

Quem o diz é o American College of Sports Medicine, no seu relatório anual. Não é pois de estranhar a multiplicação de estúdios que se dedicam a modalidades que ajudam a diminuir a ansiedade, trabalham a respiração, promovem o relaxamento, reduzem o stresse, melhoram o humor, aliviam a fadiga mental, além de trabalharem o corpo e contribuírem para a mobilidade, para a consciência corporal e para melhorar a postura.

Na verdade, até os próprios ginásios tem propostas que vão ao encontro disso mesmo e o segmento do luxo está atento a este movimento e aposta sobretudo em ofertas de bem-estar e fitness personalizadas. Seja qual for a modalidade que escolher é importante ter em conta que o exercício físico melhora a saúde física e mental e que isso é fundamental para o seu bem-estar.

Exercício consciente: as tendências do momento

Pilates com máquinas

Se há modalidade que está totalmente na moda é o pilates, sobretudo o que é feito com máquinas. Atenta a isso, Isabella Solal-Céligny abriu em outubro passado o Refomer Lab, em Lisboa, que combina, de forma integrada e holística, fitness, beleza e bem-estar.

“O nosso conceito é exclusivo e engloba diferentes dimensões. Oferecemos uma experiência única que combina serviços de pilates com terapias de beleza e rejuvenescimento. Além de aulas dinâmicas destinadas a trabalhar a força, a flexibilidade e a tonificação do corpo, temos uma cabine de rejuvenescimento facial para cuidar da pele e abraçar a promessa de longevidade”, afirma Isabella Solal-Céligny.

©Reformer Lab

“Acreditamos numa abordagem holística e numa solução de beleza completa, de dentro para fora. Aqui, fitness, bem-estar e beleza fundem-se numa experiência personalizada, que nutre corpo e mente”, acrescenta. As aulas estão divididas em três níveis de complexidade – builder, power e master – e podem ser reservadas através de uma aplicação criada para otimizar o exercício de acordo com os objetivos individuais. Há ainda aulas individuais, totalmente personalizadas.

©Reformer Lab

Onde: The Reformer Lab. Av. 24 de julho, 88A, Lisboa

Mix de técnicas

Há já dez anos, a bailarina e coreógrafa Inês Jacques foi pioneira naquilo que hoje é tendência, quando desenvolveu um treino ao qual deu o nome de Ballerina Body®, que alia exercícios de ballet, pilates, barra no chão, ioga, fisioterapia, técnicas de respiração e movimentos corretivos com foco na correção dos padrões de movimento, fortalecimento muscular e desenvolvimento da flexibilidade.

©Joana Linda

“Nasceu de uma necessidade própria, tinha sido mãe há pouco tempo e sentia o corpo completamente diferente. Comecei a juntar todas as técnicas que tinha aprendido, explica. As aulas podem ser em grupo ou individuais, e um dos aspetos em que Inês Jacques mais insiste é na consciência corporal. “Quero que os meus alunos saiam daqui a conhecer o seu corpo e aplicarem isso seja no trabalho, nas tarefas quotidianas (como pegar num saco), seja até noutras modalidades que pratiquem.”

©Fernando Martins

Qualquer pessoa pode fazer este treino, porque um dos seus segredos é que “tudo pode ser adaptado à condição de cada um”, refere a bailarina. Se, no início, os seus alunos chegavam movidos pela curiosidade, hoje em dia, vão ter com ela já com uma ideia mais consciente do que procuram, bem-estar físico, mas também mental. “Antes, as pessoas quando falavam de exercício físico falavam sobretudo de ginásio, e quem não gostava de desse ambiente não tinha grandes alternativas. Hoje, já não é assim, e veem em modalidades, como o Ballerina Body®, a oportunidade de cuidarem de si”, refere. O ideal, diz, seria “praticar todos os dias um bocadinho, mas uma vez é melhor que nenhuma”.

©Fernando Martins

Um tapete e roupa confortável são os únicos requisitos destas aulas. “No estúdio tenho tapetes mas quem quiser pode trazer os seus; quanto à roupa, peço apenas que seja de preferência um pouco ajustada para eu poder corrigir melhor os alinhamentos. Os pesos que uso também tenho no estúdio e, quem acompanha as aulas online pode usar frascos de 500 ml de tomate por exemplo. Quanto ao calçado não é necessário sapatilhas de balé, a modalidade pode ser feita com meias ou descalços, depende do que funciona melhor para cada aluno”, esclarece a professora.

Onde: Balerina Body. Chiado e Alameda, Lisboa

Trabalho de pés

Nos Estados Unidos, nos últimos tempos, fala-se muito de ioga dos pés ou dos dedos dos pé; o objetivo é reforçar a força dos dedos dos membros e inferiores e da planta dos pés.

“Os pés são a nossa base, por isso é importante ter consciência dos mesmos quando estamos a praticar exercício físico, mas aulas específicas para os pés em Portugal acho difícil. Nos Estados Unidos, eles são muito mais. É uma estratégia de marketing, que pode servir de alerta para a população olhar mais para os pés, que ficam sempre muito esquecidos. No então, acho que o corpo é um todo e deve ser trabalhado em conjunto, a exceção é quando se está a recuperar de uma lesão”, refere Pedro Mendes, especialista em exercício, ex-bailarino e fundador do estúdio de ioga e pilates Summer Nomad.

©Pedro Mendes

Uma coisa é certa: ganhar consciência sobre os pés é fundamental. “Como os pés estão muito longe do cérebro, não pensamos neles, mas são eles que sustentam o nosso peso em cima o dia todo e nós esquecemo-nos de coisas tão simples como aquecê-los e até de os alongar. Quando temos os pneus carecas do nosso automóvel, algo vai correr mal e com os pés é a mesma coisa, pois estão integrados com todos os movimentos que fazemos durante o dia”, lembra o professor.

Nas suas aulas de ioga, Pedro Mendes foca “sempre os pés, seja no treino de força, de flexibilidade, de equilíbrio ou de mobilidade”. “Começo normalmente as aulas com os ombros, porque estão muito castigados pelo tempo passado ao computador, mas logo a seguir vêm os pés e a bacia”, explica. Pode não parecer, mas estão completamente ligados.

“Quando vemos uma bacia muito rígida é porque os pés não são maleáveis e os joelhos vão sofrer com isso. O tendão de Aquiles, que vai desde debaixo do calcanhar até à parte de trás do joelho – que é o tendão mais longo que temos – tem de ser forte, mas também tem de ser flexível para permitir mobilidade”, realça Pedro Mendes, que acrescenta ainda “que os pés são fundamentais em primeira instância para a saúde da coluna, porque, quando os pés não fazem o seu trabalho, é esta que vai compensar”.

O professor de ioga explica que, “no início da aula é importante começar logo a ativar esta sensação dos pés no chão, de começar a enraizar, de começar a perceber o corpo”, por isso aconselha os alunos a fazerem a modalidade descalços e também a andarem descalços o mais tempo possível. Sugere ainda que os tapetes de ioga “não sejam muito espessos para não se perder a sensibilidade e a tração ao chão”. “O meu só tem 5 mm”, refere. “O que é que o corpo está a fazer a cada instante é algo que quero que os meus alunos tenham sempre presente no seu dia a dia”, declara. “Tal como eu, numa aula, também tenho presente quem tenho à minha frente e as suas necessidades”, remata.

Onde: Summer Nomad. R. Arthur Brandão, 13 E – Loja 20, Oeiras

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 296, fevereiro de 2025.