Ter dores musculares é sinónimo de um bom treino? Este e outros mitos esclarecidos

Esclarecemos alguns mitos comuns em relação ao exercício físico e explicamos-lhe o porquê de serem isso mesmo, apenas mitos.

Por Nov. 13. 2019

As dores musculares provocadas pelo exercício são comuns e podem ser desmotivadoras. Já lhe contámos os segredos para as atenuar. Desta vez, esclarecemos três mitos que é comum ouvirem-se nos corredores dos ginásios, para que as suas dúvidas desapareçam de vez.

3 mitos sobre o exercício físico esclarecidos

Mito 1: dor muscular = bom treino

Há quem diga que a dor muscular é sinal de um bom treino, mas será mesmo assim?

“Algum desconforto ou uma dor muscular ligeira pode ser indicador de um estímulo de treino adequado. Sempre que a dor muscular resultante da prática de exercício for intensa, limitar a capacidade funcional habitual (dificultar a marcha, subir/descer escadas ou elevar os braços) ou demorar entre 48 horas e 72 horas a recuperar, provavelmente significa que a dose de exercício foi demasiado exigente face ao nível de aptidão física atual do praticante”, responde Sandra Martins, especialista em Saúde e Condição Física.

Mito 2: o ácido láctico é o grande culpado

Outra falácia associada às dores musculares é a sua ligação com o ácido láctico. Ao contrário do que, por vezes, ainda é referido, a dor muscular induzida pelo exercício físico não se deve à sua acumulação.

“O ácido láctico que é produzido durante o exercício, sobretudo quando realizado com intensidade vigorosa e duração curta, não permanece no corpo tempo suficiente para causar a dor muscular de início tardio.”

“Atualmente, a maioria dos investigadores, incluindo o Colégio Americano de Medicina Desportiva, considera que a teoria do ácido láctico não é válida”, esclarece Sandra Martins.

Mito 3: dói, por isso, é melhor parar

Uma outra dúvida comum está associada ao facto de se poder ou não continuar a praticar exercício físico quando surgem estas dores.

A também coordenadora do mestrado em Fisiologia do Exercício da Universidade Europeia, diz que sim: “Embora possa parecer desconfortável para iniciar o exercício, a dor deve desaparecer quando os músculos aquecerem. Provavelmente voltará a manifestar-se após o exercício, quando o corpo tiver regressado à sua temperatura normal.

Nestes casos, o exercício deve visar os grupos musculares e planos do movimento menos afetados para permitir que os grupos e ações musculares mais atingidos tenham tempo de recuperar. Também pode ser necessário diminuir a intensidade e/ou duração do exercício a realizar até que a recuperação esteja concluída”.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 232, outubro 2019.