Que a prática de fazer exercício físico se tem tornado um moda (e das boas) nos últimos tempos, já sabemos. Porém, as escolhas que fazemos relacionadas com o treino podem não só afetá-la, como ter impacto direto e negativo no organismo.
Quando decidimos começar a treinar, além das escolhas óbvias de alimentação que devemos fazer ao longo do dia, devemos perceber o que devemos comer antes de iniciar a atividade física. Terão as nossas escolhas efeitos diretos no treino?
A Saber Viver falou com a nutricionista Mónica Sousa, do Hospital CUF Descobertas para perceber que escolhas deveremos fazer, consoante o tipo de treino.
O que comer antes do treino, segundo uma especialista
Convém ser equilibrada nas escolhas que faz na alimentação pré-treino, mas há que tentar perceber que cada caso é um caso e que todas procuramos resultados diferentes. E, por isso, o que é prejudicial para uns não é para outros.
“Depende do objetivo e depende da resposta biológica de cada pessoa aos diferentes alimentos”, começa por explicar a especialista. “Na maioria das vezes, é interessante ter uma fonte de hidratos de carbono, como pão ou fruta, e uma fonte proteica de alto valor biológico, como leite ou iogurte.” No entanto, “as quantidades de cada macronutriente irão variar de acordo com o objetivo, o tipo de treino e o peso do atleta”.
No caso dos atletas que precisem de ingerir algo de digestão mais fácil ou que vão começar o treino num espaço de 10 minutos, a nutricionista refere que os suplementos alimentares desportivos ou alimentos como fruta ou polpa de fruta são boas opções.
Mas no caso de quem treina de manhã, e não quer ou não tem tempo para comer, que consequências é que isso pode ter para o corpo? O jejum é, ou não, prejudicial?
Treinar de manhã e não comer, talvez dê saúde, mas não faz crescer
São vários os estudos que mostram que o jejum pode, de facto, ser eficaz na perda de peso. Num deles, publicado no Journal of the International Society of Sports Nutrition, mostrou que fazer exercícios de aeróbica em jejum e com uma dieta baixa em calorias causava perda de gordura, independentemente das horas das refeições.
Porém, e mais uma vez, isto não se aplica a todo o tipo de exercício e a todas as pessoas. Além de que é uma área ainda pouco explorada.
“Depende muito do objetivo e do tipo de exercício, mas os benefícios ainda não são claros, nem estão bem estabelecidos”, afirma a nutricionista. “O importante é não condicionar o treino.”
Por outro lado, é preciso ter em conta o tipo de treino que se irá fazer. “Se o treino for intenso, e os hidratos de carbono forem o substrato energético maioritário, o treino irá estar condicionado pelo jejum noturno. Nestas situações, parece não ser interessante treinar em jejum.”
O atleta deverá, assim, garantir que consegue cumprir o treino, sem demasiado esforço ou dificuldade. Mónica Sousa deixa ainda a advertência: “Algumas estratégias alimentares poderão ser, à primeira vista, muito tentadoras e estarem muito na moda, mas se não estiverem adaptadas ao treino e ao atleta, não irão ser uma mais-valia. O treino em jejum é um bom exemplo.”
O tempo entre comer e treinar
Se antes havia mais restrições em relação a este assunto, então agora parece que já não é tão limitativo. “Há uns anos havia quem defendesse que a refeição antes do treino teria de ser, obrigatoriamente, uma hora antes do treino, e a refeição de recuperação logo após”.
Hoje em dia, a especialista garante que já não é assim. Os parâmetros mudaram e agora é tudo mais uma questão de conforto do que cumprir limites. “Geralmente, fazer uma refeição, como um snack uma hora antes, costuma ser suficiente para a maioria dos indivíduos, mas poderá ser uma hora e meia, ou até mais, caso seja necessário, ou mesmo imediatamente antes”.