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15 hábitos a adotar quando precisa de uma pausa

15 hábitos a adotar quando precisa de uma pausa

Ao longo do ano, passamos por fases em que o nosso cérebro já só pensa em descansar, abrandar, relaxar… Descubra algumas práticas de vários países que não só vão ajudá-la a abrandar, como a ter momentos de descontração e sossego. Pronta para relaxar?

Por Out. 8. 2022

Descansar é tão importante como produzir, dizem os especialistas, mas, na verdade, a fronteira entre o trabalho e o repouso está cada vez mais diluída e é fácil esquecer aqueles momentos de dolce far niente que têm de fazer parte da rotina. As estratégias para abrandar e desligar são diferentes de pessoa para pessoa, mas, se ainda não encontrou as suas, está no artigo certo.

Convidamo-la a dar a volta ao mundo em 15 hábitos que vão ajudá-la nesta tarefa e, em simultâneo, levá-la a outras paragens, que poderão ser o seu próximo destino de férias.

Não precisa de adotar todos; o importante é encontrar aquele(s) que serve(m) o propósito de descansar.

15 hábitos para começar a abrandar

A arte de nada fazer

Nos Países Baixos, a arte de nada fazer sem sentimentos de culpa à mistura chama-se niksen e implica desligar-se por completo do mundo que a rodeia, ou seja, não fazer nada e sentir-se feliz com isso.

O lema neerlandês é trabalhar quando se tiver de trabalhar e relaxar quando se estiver a relaxar. Portanto, nos momentos de relaxamento, deixe algum tempo para o niksen.

Investigadores da Universidade de Roterdão afirmam que o niksen reduz a ansiedade e o stresse e ainda estimula a criatividade

Pode ser olhar por uma janela, ficar sentada no sofá, ouvir música, deitar-se na relva, caminhar sem um rumo definido ou até tricotar, como diz Carolien Janssen no livro Niksen: The Dutch Art of Doing Nothing (em tradução literal, Niksen: A arte neerlandesa de nada fazer), publicado pela plataforma CreateSpace Independent.

Atenção que o niksen não é mindfullness, não se pede atenção plena, pelo contrário, pede-se que deixe a mente vaguear em vez de a focar no presente.

Conviver mais

Este é um dos segredos de Okinawa, conhecida pelo grande número de pessoas centenárias. Nesta ilha japonesa, a população junta-se em pequenos grupos em torno de um objetivo comum.

Essas pequenas redes sociais, que nada têm que ver com as digitais, são conhecidas como moai e são uma espécie de compromisso para a vida, portanto as pessoas que a constituem estão lá para qualquer situação.

E como é que isso a faz abrandar? É simples: ter de arranjar tempo para se dedicar aos outros, para combinar atividades em grupo e ter uma vida social ativa faz muito bem à mente.

Como se pode ler no livro A Solução das Zonas Azuis (Vogais), do investigador Dan Buettner, ao fazerem um moai, as pessoas “comprometem-se a encontrar-se regularmente, partilham as alegrias em tempos de bonança e apoiam-se umas às outras em momentos de crise”.

Um dos segredos para a longevidade e bem-estar dos habitantes de Okinawa é a sociabilização

Dedicar-se à leitura

Um livro leva-nos facilmente para fora do nosso mundo e isso é comprovado pelo estudo realizado pela Universidade de Durham sobre os hábitos de repouso de mais de 18 mil pessoas, em 135 países, que revelou que a leitura foi considerada a atividade mais repousante.

A partir desse estudo, a psicóloga Claudia Hammond escreveu o livro A Arte de Bem Descansar (Ideias de Ler), no qual aborda, entre outros temas, os benefícios da leitura.

Mas será que adivinha quais são os países onde as pessoas passam mais tempo a ler livros por semana? De acordo com o relatório World Reading Habits de 2021:

  • Índia – 10h42;
  • Tailândia – 9h24;
  • China – 8h;
  • Europa – a liderança vai para a Finlândia, Polónia e a Estónia.

Relaxar na sauna

Quando falamos em sauna, a nossa mente viaja de imediato para os países da Escandinávia. Façamos, então, uma paragem na Finlândia, país onde existem mais saunas do que carros.

Neste país, a ida à sauna é um hábito que tem mais de 2 mil anos. As estatísticas dizem que existem 3,3 milhões de saunas para 5,5 milhões de habitantes, e que, além das públicas e das que existem em clubes, são presença comum nas casas das pessoas.

Em Portugal, encontra saunas em spas, hotéis e ginásios. No livro Sisu (Marcador), a escritora e jornalista Katja Pantzar escreve que “é um lugar para limpar a mente e o corpo, alivia a tensão e a fadiga mental e física e induz um sono mais tranquilo”.

© Harri Tarvainen

Fazer uma sesta

Sabia que a sesta não é um exclusivo dos espanhóis? Os habitantes da ilha grega de Icária também o fazem regularmente e os benefícios estão à vista de todos, pois é um local onde se vive normalmente até aos 100 anos.

Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Atenas e pela Escola de Saúde Pública de Harvard, que analisou um grupo de gregos ao longo de algumas décadas, concluiu que “dormir a sesta de forma regular – pelo menos cinco dias por semana – diminui o risco de doença cardíaca”, como salienta Dan Buettner no livro já citado.

Massagem ao cérebro

No Butão, alunos e professores “começam e terminam o dia com um momento de silêncio a que chamam ‘massagem ao cérebro’, um breve exercício de meditação plena”, conta Meik Wiking, presidente do Instituto de Investigação sobre Felicidade, n’O Livro do Lykke (In Edições).

Isto é importante porque o mindfulness nos traz ao momento presente, algo muito importante, uma vez que os nossos pensamentos giram muito em torno do passado e do futuro, não nos deixando desfrutar do momento atual.

Ao fazermos esta ‘massagem ao cérebro’, a sensação de bem-estar aumenta, como comprovou uma equipa de investigadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos da América, ao analisar mais de oito mil estudantes butaneses, que também melhoraram o seu desempenho académico.

Um dos problemas dos adultos será o foco nos resultados de determinada atividade. O que é que aconteceu a fazer algo só porque é divertido? – Meik Wiking, presidente do Instituto de Investigação sobre Felicidade

Dar o primeiro passo

No Japão, há um ditado que diz que “até as viagens mais longas começam com um primeiro passo”, e isto é válido, por exemplo, para começar um passatempo, tão importante para desligar da rotina.

“O primeiro passo é que custa mais, mas, assim que o der, ganhará autoconfiança. De repente, sentirá que é capaz de dar um segundo passo e, depois um terceiro… até que caminhar se torna instintivo”, diz Nobuo Suzuki, escritor e filósofo no livro Ganbatte (Albatroz).

© patrik svedberg

Brincar não tem idade

Na Dinamarca, atribui-se o bem-estar e a felicidade que se vive no país ao hygge, uma palavra que não tem tradução literal, mas que significa algo como aconchego e convívio reconfortante.

Uma das atividades que leva a essa sensação é brincar, que tão bem faz a quem quer relaxar. Quem o diz é o presidente do Instituto de Investigação sobre Felicidade, Meik Wiking. Quando crescemos, deixamos de brincar, mas isso é um erro.

“Um dos problemas dos adultos será o foco nos resultados de determinada atividade. Trabalhamos para ganhar dinheiro. Vamos ao ginásio para perder peso. Passamos tempo com pessoas para estabelecer contactos e prosseguir na carreira.

O que é que aconteceu a fazer algo só porque é divertido?”, questiona o investigador n’O Livro do Hygge (In Edições).

No Japão, a palavra ganbatte é usada para descrever o segredo nipónico da resiliência e da superação

Viajar com calma

As viagens são experiências muito enriquecedoras, mas para abrandar verdadeiramente no seu decorrer, siga um dos ensinamentos do conceito nipónico ganbatte: “Nunca apresse a viagem”.

Em vez de querer acumular destinos e andar sempre a correr, desfrute do caminho, do local onde está e de com quem está, só assim se conhece o destino, ensina Nobuo Suzuki no livro já mencionado.

Se está a planear uma viagem, pense no itinerário, seguindo este conceito.

Férias simples

Já ouviu falar do lagom sueco? Os suecos acreditam que é a sua receita para terem uma vida equilibrada e pode ser traduzido por ‘o bastante’, ou seja, o modo de vida deste país escandinavo procura o equilíbrio em tudo.

São vários os princípios do lagom que contribuem para relaxar. “Não é preciso gastar muito dinheiro para ter umas férias mágicas”, como diz Niki Brantmar, autora do blogue My Scandinavian Home, no livro Lagom (Planeta).

“As férias de verão suecas servem para descansar, dar valor ao essencial e desfrutar das coisas simples da vida, quer seja ficar por casa ou ir até uma pequena e simples casa de férias à beira-mar ou no interior do país para ler, fazer bolos, tomar banho, fazer jogos de tabuleiro ou simplesmente passar o dia com os amigos e a família e absorver o máximo possível de sol antes de as folhas de outono começarem a cair”.

Quanto ao número de dias de férias, os campeões são os finlandeses e os franceses, com 30 dias, seguidos pelos italianos, luxemburgueses e malteses, com 26

Banhos de floresta

Os japoneses chamam-lhe shinrin- yoku e significa “caminhar lentamente ao longo da floresta, sem pressas, durante uma manhã, uma tarde ou um dia”, explica Yoshifumi Miyazaki, antropólogo e vice-diretor do Centro para o Ambiente, Saúde e Ciências da Universidade de Chiba, no livro Shinrin Yoku (Albatroz).

O investigador tem-se dedicado a estudar os benefícios da também chamada terapia da floresta desde os anos 90 e não restam dúvidas de que estar rodeado pela Natureza dá uma sensação geral de bem-estar, faz com que os níveis de stresse diminuam consideravelmente e que a pressão arterial também baixe, enquanto a capacidade de concentração e a qualidade do sono aumentam.

As investigações mostraram que, apesar do número elevado de pessoas a viver em cidades, o corpo humano continua a reconhecer a floresta como casa, e essa sensação de conforto atinge-se porque “os ritmos humanos e naturais estão sincronizados”.

Aproveite as férias para ir para uma floresta ou bosque e, enquanto lá estiver, desligue-se do mundo; mas, mesmo na cidade, pode fazer banhos de floresta nos parques e nos jardins e levar a Natureza para dentro de casa com plantas.

As hortas urbanas também são uma solução para contactar com a Natureza.

© clive tompsett

Apanhar alimentos na Natureza

Outro princípio do lagom que contribui para relaxar é o forrageio. Os suecos vão para bosque com os seus cestos à procura de alimentos como cogumelos e bagas, uma atividade que consideram relaxante e divertida.

Niki Brantmar, autora do blogue My Scandinavian Home, dá alguns conselhos para começar esta atividade: saiba mais sobre a flora da sua zona, identifique as plantas venenosas, evite zonas poluídas e apanhe apenas o que necessita.

Em Portugal, o Instituto de Banhos de Floresta organiza várias atividades para dar a conhecer o shinrin-yoku

Fazer uma massagem

Por cá, as massagens ainda são vistas como um luxo, mas, em vários países asiáticos, fazem parte da rotina. Um desses casos é a Tailândia.

Basta passear um pouco pelas atribuladas ruas de Banguecoque para ver, porta sim porta não, centros de massagens e muitas espreguiçadeiras na rua para fazer massagens aos pés.

São diversos os estudos que mostram que uma massagem alivia a ansiedade e faz dormir melhor, além dos muitos benefícios físicos.

Ioga nidra

Na Índia, o ioga é uma instituição e faz parte de um estilo de vida saudável, e há um tipo que pode fazer deitada. Falamos do ioga nidra, uma prática restauradora e profundamente relaxante.

No livro Dorme Bem (Arte Plural), Julie Wright, conferencista e fundadora da WeSleep, uma empresa que cria conteúdos de saúde e bem-estar focados na qualidade do sono, descreve- a como “uma meditação guiada que pode escutar numa aplicação ou noutra gravação, enquanto permanece deitado e completamente relaxado”.

Costuma ser praticada durante cinco a 15 minutos e a postura shavasana é a mais usada. Consiste, segundo Julie Wright, em deitar-se de costas, com os braços esticados ao longo do corpo, as palmas da mão voltadas para cima em direção ao teto, as pernas ligeiramente afastadas e o corpo completamente relaxado.

Equilibrar a vida pessoal

De acordo com a OCDE, os dinamarqueses têm um dos melhores equilíbrios entre a vida e o trabalho de todo o mundo, isto porque na Dinamarca se trabalha 37 horas por semana e há uma grande flexibilidade em termos de horários e local onde se desempenham as tarefas profissionais.

Já antes da pandemia, muitos dinamarqueses podiam trabalhar em casa se assim o desejassem.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 265, julho de 2022.