Os principais temas relacionados com Plutão têm como principal objectivo a transformação da consciência a partir de processos de regeneração, renovação, renascimento e mudança.
Os desafios ocorrem, com maior intensidade, nos assuntos que têm a ver com a autoimagem, a maneira de pensar, os valores, os ideais, os relacionamentos sociais e os mais íntimos, bem com os padrões inconscientes de segurança emocional que, em última análise, condicionam o nosso comportamento.
Todas temos Plutão e Escorpião em algum lugar do nosso mapa natal e todas já experimentámos as emoções que mais intensamente lhes estão associadas – culpa e ressentimento.
Enquanto que a culpa parece que nos consome por dentro e nos afasta de nós mesmas, o ressentimento é obsessivo, introspectivo e afasta-nos dos outros. Ambos parecem andar de mãos dadas, ligados à possessividade, ao desejo, ao ciúme e vingança, ao controlo e à manipulação.
Quantas vezes já não ouvimos frases como “se realmente gostasses de mim…”, “sem mim nunca terias conseguido…”? Quando alguém nos faz sentir culpadas, há que verificar se não estaremos envolvidas num jogo de manipulação. Se sim, deveremos perceber o que queremos fazer em relação a isso – ceder à manipulação provavelmente fará com que se acumulem ressentimentos.
Também é comum verificarem-se chantagens emocionais, disfarçadas de amor e preocupação, que alimentam relações de dependência que não são mais do que jogos de poder. O abusador converte-se em vítima cada vez que a vítima assume que depende de si a capacidade para fazer o outro feliz. Os papéis confundem-se e um não existe sem o outro.
Cada vez que houver receio em assumir a responsabilidade pelo nosso poder pessoal iremos sentir que estamos a defraudar-nos a nós mesmas. Uma parte de nós, aquela parte que não se deixa enganar, conhece a verdade e sabe que a responsabilidade de nos deixarmos manipular é nossa. A culpa instala-se e o ressentimento contra o manipulador cresce.
O medo é outra das emoções trazidas ao de cima por Plutão – o medo da perda, da mudança, de não ser aceite. Quantas decisões são tomadas, ou deixam de o ser, por medo? Somos seres de hábitos.
A tendência, quando nos sentimos ameaçadas, é fazer o possível para manter as condições conhecidas, sob pena de acharmos que não sabemos lidar com a mudança. Plutão convida-nos a ir além do que conhecemos, a superar o passado e a renovar-nos com novas experiências, a acreditar no enorme potencial de criatividade que podemos manifestar. Mas para isso, é necessário superar o velho ego.
Com Plutão há sempre um preço a pagar. Temos de assumir a vulnerabilidade que sentimos, viver a crise de alma e coração, enfrentar as nossas sombras, identificar os tabus e os conflitos internos, os desejos obsessivos, as resistências mentais e a necessidade de controlar para nos sentirmos seguras.
Será interessante perceber em que circunstâncias, com que pessoas da nossa vida, também nós estaremos a ser controladoras, manipuladoras e a agir a partir do medo. É quando nos sentimos impotentes, incapazes, vítimas da vida e das suas circunstâncias que a tentação para responsabilizar o outro pelo suprimento das nossas necessidades aparece.
A casa onde está Plutão, bem como as ligações que tiver com outros planetas no mapa natal, mostrará onde começarão estes processos e será, com certeza, uma área de vida muito importante.
Plutão não é de meias-medidas. É intenso, dramático, catártico. O seu objectivo é o confronto com os aspectos sombrios da nossa personalidade, a sua regeneração e integração para que possamos, como a Fénix, renascer em novos ciclos de desenvolvimento e para uma forma de estar na vida com mais sabedoria e maior consciência.
São Luz é astróloga e coach. Desde 2002, dedica-se a diversas áreas do autoconhecimento e do desenvolvimento pessoal como ferramentas para um melhor entendimento de cada etapa da vida. Pode acompanhá-la no Facebook e Instagram.