A Astrologia tem como premissa a correspondência existente entre os ciclos celestes e os eventos na Terra: “O que está em cima é como o que está em baixo.”
Os ciclos mais curtos dos planetas próximos da Terra têm um significado pessoal, os ciclos largos dos planetas mais afastados trazem um simbolismo colectivo. Júpiter e Saturno, também conhecidos como planetas sociais, pertencem à segunda categoria.
Júpiter, o maior e um dos mais brilhantes planetas no nosso céu nocturno, era conhecido na antiguidade como “o grande benéfico” porque as suas características são potenciadoras de vida. Este planeta leva cerca de 12 anos a dar uma volta completa ao zodíaco. Ele tem uma natureza expansiva, benevolente e generosa, por onde passa ele presenteia-nos com abundância, prosperidade e boa sorte.
Saturno é sombrio e mais lento, a sua viagem ao longo dos doze signos demora quase 30 anos. Ele era chamado de “o grande maléfico” porque a sua natureza não é favorável à preservação da vida.
Assim, ao contrário de Júpiter, o planeta dos anéis simboliza limites, restrições e obstáculos. Ele testa-nos o medo, a resiliência e a durabilidade das estruturas.
Os ciclos são uma dança entre estes dois movimentos, expansão e contracção, ascensão e declínio, inspiração e expiração.
Na próxima segunda-feira dia 21 de Dezembro, no mesmo dia do solstício, dá-se a conjunção entre Júpiter e Saturno e abre assim um grande ciclo colectivo e social.
Uma conjunção acontece quando dois planetas se encontram no mesmo ponto da faixa do zodíaco, no mesmo signo e no mesmo grau, e combinam as suas forças para um objectivo comum.
Com as suas órbitas mais largas, não é frequente Júpiter e Saturno juntarem-se no céu. A conjunção dos dois gigantes gasosos acontece apenas de 20 em 20 anos e o signo que os recebe dá-nos pistas para as temáticas colectivas que vão estar em foco nesse intervalo de tempo.
Mas as conjunções de Júpiter e Saturno marcam ainda um outro ciclo maior. Durante cerca de 200 anos os encontros destes dois planetas acontecem quase sempre em signos do mesmo elemento.
Assim, ao longo de 800 anos, os dois planetas vão percorrendo os quatro elementos. Dois séculos de Fogo são sucedidos por dois séculos de Terra, a que se sucedem dois séculos de Ar e depois vêm dois séculos de Água.
No dia do solstício, a próxima segunda-feira dia 21 de Dezembro, Júpiter e Saturno vão dar início a um ciclo de 20 anos com a energia de Aquário, mas vão também lançar-nos numa época de 200 anos de conjunções em signos do elemento Ar, Gémeos, Balança e Aquário.
Para trás fica o destaque dos temas do elemento Terra durante os séculos XIX e XX. O sucesso material, a aquisição de bens e propriedade, os recursos, a organização em pirâmide com hierarquias definidas e o estabelecimento de estruturas que garantam a segurança e a ordem social foram algumas das questões em foco nesta fase da nossa história.
Nos próximos dois séculos teremos como prioridades sociais os assuntos simbolizados pelo Ar. As estruturas tornam-se mais leves e passamos a funcionar mais em rede, valorizando mais a cooperação e o papel de cada um no colectivo.
A justiça social, a inclusão, a aceitação da diferença e a partilha do conhecimento intelectual e científico passam a ser o primordiais na forma como concebemos as nossas vidas.
No entanto, mudanças desta dimensão nunca são rápidas nem fáceis e inicialmente vamos assistir a conflitos entre uma antiga forma de estar e de fazer e uma nova forma de pensar e de criar.
Para conseguirmos fazer esta passagem de um paradigma material para um paradigma mental e social, precisamos de desmaterializar e de aprender a cooperar. Esta alteração de hábitos colectivos e individuais implica intenção, esforço e partilha.
De que forma posso aliviar as minhas responsabilidades materiais? O que é que não precisa de ser “concreto” na minha vida e que eu posso tornar “virtual”? Em que situações posso aligeirar o meu consumo? Como é que posso ser mais solidária e mais inclusiva? Será que valorizo mais a minha contribuição para o colectivo ou o lucro individual?
De uma forma mais pessoal, podemos encarar o próximo ano como o início de um ciclo de 20 anos no qual vamos ter oportunidade de fazer crescer e de estruturar a área de vida ocupada por Aquário no nosso mapa natal. A nível colectivo, estamos a viver um momento histórico, uma transformação de paradigma político-social.
Acredito que as grandes mudanças colectivas são feitas pelos indivíduos, mas não individualmente. A transformação começa por olharmos para fora de nós, passa pela nossa participação activa em movimentos sociais, sejam grupos, associações ou sistemas institucionais, e acaba quando todos são incluídos e respeitados igualmente.
Está pronta para fazer a sua parte nesta nova era de Ar?
Bárbara Bonvalot começou a estudar Astrologia em 2005 e inicia o seu percurso como astróloga profissional em 2009. Actualmente é consultora e formadora de Astrologia, membro da AFAN (Association for Astrological Networking) e da ASPAS (Associação Portuguesa de Astrologia). Entende a Astrologia como uma linguagem que nos leva a um conhecimento profundo de nós mesmos, dos outros e da própria vida.