Lua nova em Capricórnio. Atravessar um campo minado

A lua nova acontece todos os meses quando a Lua se encontra com o Sol num determinado signo. Este começo de ciclo é o momento de semear o que queremos ver crescer nas próximas semanas.

Por Jan. 12. 2021

Depois da agitação das festas e do entusiasmo de inaugurar um novo ano, regressamos às nossas vidas com um misto de esperança e de desalento. Queremos muito que este ano nos devolva alguma noção de “normalidade”, mas sabemos que as dificuldades não vão desaparecer de repente.

A primeira lua nova de 2021 acontece na quarta-feira, dia 13, no signo de Capricórnio, o signo da austeridade e das restrições que deu o tom ao ano anterior.

Esta Lua vem carregada de tensão e de revolta, mas também traz o oportunidade de iniciarmos algo novo e diferente que se tornará muito construtivo a longo prazo.

Lua e Sol estão muito próximos de Plutão, o planeta das crises e das transformações. Estamos há demasiado tempo em modo de alerta, a tentar gerir as mudanças ou a resistir-lhes. Quando estamos neste estado, tudo fica intensificado, qualquer estímulo externo ganha proporções enormes.

Questões de controlo, manipulação e poder contaminam o ar e o ambiente está carregado com uma tensão latente.

É verdade que o veneno também é a cura e que para limpar águas paradas precisamos antes de as agitar e trazer à superfície a sujidade. Mas será que sabemos qual a quantidade de veneno que cura e qual a que mata? Será que temos capacidade para lidar com o lodo e os metais pesados que vêm ao de cima?

Na dúvida, é preferível evitar lidar com matérias perigosas. Se não tivermos outra escolha, então mergulhemos a fundo e com intenções claras e transparentes na questão em foco, mas sem ilusões de heroísmo.

Sabemos que ainda não estamos em terreno firme e temos dificuldade em confiar
Bárbara Bonvalot

Em Aquário, o signo mais gélido do zodíaco, seguem o rigoroso Saturno – que rege esta lunação –, Júpiter, o professor, e o expedito Mercúrio. Muitas das mudanças repentinas que nos foram impostas no ano passado começam a ganhar um tom mais duro e inclemente.

Precisamos de ser mais flexíveis e adaptáveis, mas a nova paisagem é desconhecida e agreste. Sabemos que ainda não estamos em terreno firme e temos dificuldade em confiar.

Depois de seis meses, Marte deixou o signo de Carneiro que é uma das suas casas, onde ele fica fortalecido e pronto para o combate. No início desta lunação ele já segue em Touro, mas a indolência deste signo deixa-o desconfortável e faz fermentar a impulsividade do planeta vermelho.

O imprevisível Urano espera-o um pouco mais à frente e o encontro dos dois deixa-nos com o pavio curto. Esta volatilidade aliada à inflexibilidade e teimosia de Touro torna os constrangimentos ainda mais difíceis de acomodar.

O céu deste mês lunar é o palco para um braço de ferro que prenuncia o resto do ano. De um lado, os planetas em Aquário a acentuarem as mudanças inexoráveis. Do outro, os planetas em Touro que se sentem frustrados e se revoltam contra o inevitável.

Este embate provoca mudanças de direcção abruptas e imprevisíveis. Sentimos o chão a mover-se debaixo dos nossos pés e isso pode ser assustador. Talvez se soubéssemos que novas paisagens, mais vastas e mais favoráveis, irão surgir deste abalo, talvez então olhássemos para estes solavancos com outra serenidade.

Durante este mês vamos estar a passar por um campo minado, sem saber muito bem onde podemos pôr os pés
Bárbara Bonvalot

Esta lunação realça a ligação que Vénus, o planeta das relações e que acabou de entrar em Capricórnio, faz com o revolucionário Urano.

Relacionamentos, amizades ou parcerias que iniciem agora ou que estejam a ser revistos precisam de ser assentes em alicerces como a seriedade, o realismo e a autonomia.

Estas relações podem ser uma “tábua de salvação” durante este mês tão intenso. Além disso, têm uma grande probabilidade de se tornarem bastante férteis e inovadoras a longo prazo, desde que exista respeito mútuo e espaço para a singularidade de cada um.

Durante este mês vamos estar a passar por um campo minado, sem saber muito bem onde podemos pôr os pés. Qual é o caminho em que se quer focar, mesmo que não consiga ver adiante? Tem jogo de cintura suficiente para uma mudança de direcção repentina? De que forma se pode proteger das ameaças que a rodeiam? Com quem é que pode cooperar para tornar esta viagem mais produtiva?

Ainda temos alguns desafios pela frente antes que este novo ano cumpra a sua promessa de um céu mais desanuviado. Até lá, leveza no andar e firmeza no coração.

Bárbara Bonvalot começou a estudar Astrologia em 2005 e inicia o seu percurso como astróloga profissional em 2009. Actualmente é consultora e formadora de Astrologia, membro da AFAN (Association for Astrological Networking) e da ASPAS (Associação Portuguesa de Astrologia). Entende a Astrologia como uma linguagem que nos leva a um conhecimento profundo de nós mesmos, dos outros e da própria vida.

*artigo escrito ao abrigo do antigo acordo ortográfico.
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