As últimas semanas foram intensas. Algumas situações até aqui indefinidas ganharam contornos surpreendentes, verdades que tentávamos ignorar foram-nos reveladas de forma inequívoca e até fantasmas do passado voltaram para nos assombrar.
Colectivamente, ficámos a conhecer a dimensão das novas medidas restritivas de muitos dos governos europeus para tentar travar a pandemia e, depois de alguns dias de suspense, finalmente sabemos quem será o novo presidente dos Estados Unidos da América.
Foram muitas emoções para tão poucos dias, mas já sabemos que quando o Sol entra em Escorpião se há alguma coisa com que podemos contar é com intensidade emocional.
A lunação que inicia agora traz o alívio da verdade e da clareza e uma oportunidade de acertarmos a nossa ambição com a nossa bússola moral.
Na madrugada do próximo domingo, Lua e Sol desaparecem um no outro no signo de Escorpião. Neste signo, a Lua afunda-se e cai para outras dimensões. Aqui ela não consegue encontrar a estabilidade e a segurança que lhe dão conforto.
Este é o signo das montanhas russas, dos abismos e dos poços sem fundo. É o signo das poções mágicas, dos venenos e das obsessões.
A Lua em Escorpião nunca descansa, está sempre vigilante e tem a percepção de um gato, atenta a todos os sinais, visíveis e invisíveis.
Nesta lua nova ganhamos uma prenda de Júpiter e Plutão em Capricórnio. Júpiter expande, exagera e chama a nossa atenção para aquilo que toca. Plutão é poder, a essência do poder, o poder último que está por trás de todos os outros.
Podemos sentir mais energia para avançar com os nossos objectivos e para fazer valer a nossa vontade, mas este pode ser um presente envenenado. Este é um momento para olharmos para o nosso poder pessoal, para a nossa ambição e para os nossos privilégios com lucidez e discernimento.
Será que estamos a usar ou a abusar do nosso poder?
Escorpião é a casa de Marte, que acabou de retornar ao seu movimento directo em Carneiro, depois de dois meses retrógrado. Até ao fim do ano vamos poder terminar muita coisa que esteve travada nos últimos tempos. Mas também vai levantar a tampa da panela de pressão que segurava a nossa irritação e a nossa frustração.
De uma forma ou de outra, a energia vai começar a acelerar. Podemos aproveitá-la para seguir em frente com as nossas vidas na nova paisagem que entretanto ganhou contornos mais claros. Ou podemos tentar lutar contra os moinhos de vento que inexoravelmente fazem parte deste novo cenário.
Qualquer que seja o nosso movimento, vamos precisar do ímpeto deste Marte em Carneiro. No início do próximo ano ele entra em Touro e a sua energia passa a ser menos vigorosa e mais passiva.
Durante esta lunação, mais precisamente com a lua cheia de 30 de Novembro, abre também a nova estação de eclipses. Este eclipse lunar vai enfatizar a passagem dos nodos lunares pelo eixo Gémeos/ Sagitário e sublinha a maneira como comunicamos os nossos valores e como lidamos com as verdades e as inverdades que todos os dias consumimos em forma de informação.
Este mês vamos poder contar com desbloqueios, avanços e até algumas resoluções, mas precisamos ter cuidado com os ânimos e não nos deixarmos cegar pela fúria de querer chegar a algum lado.
O que é que faz com o poder que tem? Como é que combina o seu poder pessoal com o poder colectivo? A forma como exerce o poder está alinhada com os seus princípios morais e éticos?
Dizem que o poder corrompe, mas isso é um equívoco. O que corrompe é querermos fugir de nós próprios, da nossa essência, da nossa humanidade.
O que nos destrói é a dissociação em que vivemos e que nos faz acreditar que podemos crescer mais, ter mais e ser mais. A verdadeira lucidez é conhecermos as nossas limitações e aceitarmos que, ainda assim, somos capazes e somos merecedores.
Bárbara Bonvalot começou a estudar Astrologia em 2005 e inicia o seu percurso como astróloga profissional em 2009. Actualmente é consultora e formadora de Astrologia, membro da AFAN (Association for Astrological Networking) e da ASPAS (Associação Portuguesa de Astrologia). Entende a Astrologia como uma linguagem que nos leva a um conhecimento profundo de nós mesmos, dos outros e da própria vida.
*artigo escrito ao abrigo do antigo acordo ortográfico.