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Neptuno: ilusões e desilusões na busca da perfeição

Neptuno: ilusões e desilusões na busca da perfeição

Neptuno fala-nos da busca do Ser pela fusão total, amorosa e harmoniosa com o espírito. Simboliza a forma como nos relacionamos com a nossa natureza espiritual, com algo que está para além do inconsciente.

Por Mar. 4. 2020

Se alguns de nós possuem esta energia harmoniosamente integrada, outros nem tanto. De alguma forma, de tempos a tempos, Neptuno, por trânsito no mapa astrológico, irá trazer-nos possibilidade de entrarmos em contacto com oportunidades maravilhosas de percepção intuitiva, perspicácia, inspiração, altruísmo, empatia, compaixão, sensibilidade artística e vislumbres daquilo que poderá ser a perfeição.

Por outro lado, quando temos tensões e bloqueios com esta energia, seja porque assim é a nossa natureza base, seja porque somos confrontados com desafios temporários, o encontro com Neptuno e a sua energia difusa e pouco palpável, pode deixar perplexas mesmo as pessoas mais racionais e objectivas.

Neptuno é o contraponto da realidade, dissolve o que foi criado, faz-nos abandonar os valores que deixaram de ser úteis e estimula-nos a usar a nossa energia criativa na procura de novos pontos de vista e no desenvolvimento de uma visão mais filosófica da existência.

Para mantermos a visão do que gostaríamos que fosse, somos capazes de distorcer, negar e mesmo rejeitar o que para os outros é óbvio
São Luz

Neptuno obriga-nos a identificar qual é a nossa concepção acerca da vida, qual a disponibilidade que temos para pôr em causa a nossa natureza escapista e eliminarmos as fantasias que construímos na tentativa de nos isolarmos num mundo fora do mundo.

O caminho da ilusão é, muitas vezes, a escolha que fazemos quando não nos queremos confrontar com as circunstâncias desagradáveis que encontramos. O passo seguinte é escolhermos fazer o papel de vítimas – dos outros, da vida, …- afinal “sabemos como deveria ser” – e, no entanto, a realidade insiste em devolver-nos uma versão completamente diferente.

Para mantermos a visão do que gostaríamos que fosse, somos capazes de distorcer, negar e mesmo rejeitar o que para os outros é óbvio. Podemos ser cruéis, manipuladores, dissimulados, enganadores.

Quando tentamos manter-nos na nossa bolha, Neptuno irá mostrar-nos as consequências de o fazermos – falta de energia, dificuldade de concentração, perda de objectividade, vitimização, autocondenação, depressão, isolamento, indefinição de limites, ausência de esperança, confusão entre sacrifício e amor, entre compaixão e caos.

Quando levado ao extremo poderá observar-se uma progressiva diminuição do respeito por si mesmo e uma tendência mais ou menos autodestrutiva.

Esta a proposta de Neptuno - sermos absolutamente sinceros acerca daquilo que somos
São Luz

A procura do ideal fora de nós, seja nos relacionamentos, no trabalho, nos filhos, nos pais, bem como a tentativa de agradar aos outros, projectando uma imagem daquilo que não somos, acabará por nos conduzir à desilusão.

Ou aceitamos que somos o que somos e tratamos de verdadeiramente esclarecer quais são as nossas capacidades, necessidades, pontos fracos e conflitos internos ou acabaremos por viver a fugir de nós próprios, alimentando mais e mais filmes na nossa cabeça, evitando confrontar-nos com os nossos aspectos sombra.

Neptuno está associado a todos os mecanismos de escape, como o álcool e as drogas, mas também quando usados para tal, o trabalho, o cinema, a religião.

Fazer o percurso entre aquilo que é e o que deveria ser implica organização, disciplina, consciência dos valores e prioridades, todo um trabalho interior que muitas vezes pode parecer avassalador. E, no entanto, é esta a proposta de Neptuno – sermos absolutamente sinceros acerca daquilo que somos, amadurecermos a personalidade para que a possamos colocar ao serviço da alma.

As manifestações negativas das características Neptunianas têm muito a ver com a procura de viver o céu na Terra, de encontrar a perfeição na realidade do dia-a-dia.

Ao invés, o propósito de Neptuno consiste na espiritualização da matéria, no caminho interior que implica trazer e resolver pela integração – e não pela separação ou negação – das diversas partes de nós, os conteúdos do inconsciente de forma a que, indo para além deles, possamos finalmente entrar em contacto com a nossa natureza espiritual.

São Luz é astróloga e coach. Desde 2002, dedica-se a diversas áreas do autoconhecimento e do desenvolvimento pessoal como ferramentas para um melhor entendimento de cada etapa da vida. Pode acompanhá-la no Facebook e Instagram.

*artigo escrito ao abrigo do antigo acordo ortográfico.
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