“Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta” – Carl Jung.
É “em casa” que procuramos descansar antes de darmos início a novas actividades. É, simbolicamente, aqui que nos voltamos para dentro de nós mesmas, assimilando e integrando tudo aquilo que vivenciámos. Não será por acaso que o fundo do céu se relaciona com temas como a família, as origens, a herança genética e psicológica.
Depois da viagem iniciada no ascendente, na casa 4 vamos perceber que existe um “eu interior”, que nos preocupamos com outras pessoas e que também gostamos que se preocupem connosco, percebemos que gostamos de cuidar e ser cuidadas, que nos faz falta uma família, uma linhagem, uma tradição que nos traga uma sensação de pertença.
Estas observações são subjectivas e vão despertar em nós sentimentos e sensações que remetem para a necessidade de avaliarmos emocionalmente as situações.
As grandes questões colocadas pelo fundo do céu dizem então respeito à segurança – sinto-me emocionalmente segura? Como é que eu lido com a minha realidade emocional? O que preciso fazer para construir, aumentar e/ ou garantir essa segurança? Como irei construir a estrutura que irá permitir projectar-me numa carreira, na sociedade (representadas no meio do céu ou casa 10)? Será que nos sentimos bem dentro da “nossa casa”?
Invariavelmente, estes temas remetem-nos para a segurança, ou falta dela, que experienciámos na casa dos nossos pais. Havia estabilidade para explorarmos que fomos? Havia carinho, conforto, nutrição física, mental e emocional, validação? Ou, pelo contrário, o ambiente era hostil, recheado de insegurança, controlo, manipulação e medo? Toda uma gama de nuances é possível e a sua análise dependente da leitura do mapa astrológico.
Caranguejo, regido pela lua, traz-nos os temas da mãe e do seu papel enquanto matriz geradora de vida. E sabemos que, para que a vida continue, precisamos fazer o nosso processo de individuação, de independência. Precisamos cortar o cordão umbilical, por mais nutridor que ele tenha sido.
O fundo do céu pede-nos que encontremos, dentro de nós, o potencial que deveremos trabalhar, com o objectivo de nos impulsionar à realidade “lá de fora”, exterior à tribo, à família, a qualquer circunstância que limite a nossa autonomia e nos deixe presos de uma infantilidade ou imaturidade emocional.
É aqui, no fundo do céu, que nos é pedido que sejamos capazes de criar e desenvolver as nossas próprias raízes, forjadas no mais íntimo do nosso ser. São elas que serão o nosso suporte, são elas que nos darão a confiança de que iremos ser capazes de ultrapassar as adversidades e alcançar o nosso lugar ao sol.
É no fundo do céu que iremos encontrar a nossa alma.
São Luz é astróloga e coach. Desde 2002, dedica-se a diversas áreas do autoconhecimento e do desenvolvimento pessoal como ferramentas para um melhor entendimento de cada etapa da vida. Pode acompanhá-la no Facebook e Instagram.