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Hortas verticais: conheça este tipo de agricultura urbana e sustentável

Hortas verticais: conheça este tipo de agricultura urbana e sustentável

Estreou-se em Lisboa um tipo de agricultura de proximidade que ajuda a reduzir a pegada ecológica com recurso a uma tecnologia inovadora.

Por Ago. 22. 2022

A agricultura não tem de ser feita na horizontal e a Upfarming é a prova disso. Esta empresa portuguesa tornou-se pioneira na implementação de hortas verticais rotativas na Europa.

A tecnologia usada foi desenvolvida em Singapura e colmata a falta de espaço em zonas urbanas, com a vantagem de não ser necessário usar pesticidas nem esgotar os solos.

Além disso, reduz o consumo energético em 50% e de água em 90% e tem uma capacidade de produção dez vezes superior à da agricultura horizontal convencional.

Saúde, sustentabilidade e comunidade são os três conceitos-chave deste projeto que juntou Margarida Villas-Boas, gestora, Tiago Sá Gomes, arquiteto e cofundador do Atelier Parto, parceiro do projeto, e Bruno Lacey, especialista em jardins verticais.

As torres

Com seis metros de altura, as upfarms são compostas por 22 prateleiras de 2,4 metros de largura que vão rodando lentamente ao longo do dia.

É esse movimento, impulsionado por um moinho hidráulico (com um consumo energético semelhante ao de uma lâmpada doméstica), que “garante que todos os vegetais beneficiam da mesma exposição à luz solar e rega”, explica Bruno Lacey.

Contrariamente a outros sistemas já usados em hortas verticais, continua, “não usamos luzes LED para fazer a fotossíntese dos vegetais”. As torres são protegidas por estufas que permitem produzir todo o ano.

Sem tóxicos

“Não utilizamos pesticidas químicos”, esclarece Bruno Lacey. Portanto, os fertilizantes e substâncias de controlo de pragas provêm de fontes naturais através de uma combinação de soluções mecânicas, caso da rotação de culturas, biológicas (como as joaninhas) e de origem natural (óleos vegetais).

O que se cultiva

Nestas torres é possível cultivar vegetais e ervas aromáticas de vários tipos, preferencialmente sazonais.

Alface, cebolinho, acelga, espinafre, tomate, morangos, sálvia, pak-choi, kale, rabanete, funcho, salsa, rosmaninho, hortelã, manjericão, coentros e flores comestíveis são alguns exemplos do que se pode cultivar nas upfarms.

“Uma salada feita com o que se colhe nas torres ganha logo outra dimensão, porque não será só alface”, realça Margarida Villas-Boas.

Por dia podem ser alimentadas 40 pessoas de acordo com a dose diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde, que recomenda a ingestão de cinco porções de verdura e fruta (80 g cada)

Manutenção

As upfarms podem ser manuseadas por qualquer pessoa, independentemente da idade e limitações motoras.

A Upfarming pode fazer a manutenção das torres, formar pessoas e ainda desenvolve ações pedagógicas (workshops, oficinas de educação alimentar e nutricional…).

“Queremos que as pessoas percebam que este tipo de agricultura em ambiente urbano reduz o recurso a transportes, diminui o uso de embalagens, o tempo de refrigeração e o desperdício alimentar. Tudo isto reduz a nossa pegada de carbono. Além disso, também queremos que as pessoas entendam o que estão a comer e as suas propriedades”, refere Margarida Villas-Boas.

Local de instalação

“As upfarms são modelares e ocupam pouco espaço, por isso, podem ser colocadas em qualquer lado, desde um hospital a um condomínio privado, jardim, restaurante, hotel, bairro, empresa, escola, prisão…”, explica Tiago Sá Gomes.

A primeira foi instalada no Parque Hortícola Aquilino Ribeiro Machado, em Alvalade, Lisboa. Como nos diz o arquiteto, “é um projeto social, criado no âmbito do programa CML Bip-Zip – Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária, com o apoio da Junta de Freguesia de Alvalade. O objetivo é promover a autossustentabilidade alimentar para consumo das comunidades e venda nos mercados e estabelecimentos comerciais locais”.

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