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O que fazem as mulheres com as profissões mais stressantes do mundo?

O que fazem as mulheres com as profissões mais stressantes do mundo?

O que têm uma bombeira, uma gestora de eventos e uma piloto de aviões em comum? As três têm profissões consideradas das mais stressantes do mundo. A Saber Viver foi tentar descobrir o seus segredos para gerir o stresse e manter o equilíbrio.

Por Out. 19. 2018

O coração acelera e a nossa mente parece não conseguir pensar direito. Os e-mails acumulam-se. O telefone não para. Os prazos são curtos e as exigências dos clientes cada vez maiores. Seja qual for a sua área profissional é certo que se depara com situações que elevam o nível de stresse ao máximo.

Cada vez mais o stresse é um componente que faz parte de qualquer trabalho e os números não deixam dúvidas. Segundo um estudo conduzido pela revista feminina Glamour, 58% das mulheres sente-se stressada no trabalho mais de metade do tempo. O estudo questionou 1300 mulheres acerca da sua saúde mental no local de trabalho e duas em cada três mulheres admitiram não sentir que o seu bem-estar mental era uma preocupação para a entidade empregadora.

De acordo com a publicação, a forma como o trabalho se alastra para outros aspetos da nossa vida afeta a forma como nós conseguimos lidar com os níveis de stresse.

E quando o stresse é parte integrante da profissão? Uma lista publicada pela Forbes revela as 10 profissões mais stressantes de 2017. Entre elas estão algumas que não são surpresa, devido ao seu caráter de risco, mas outras mais corporativas são indicativas que as pressões profissionais vão além de profissões consideradas de risco.

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A lista foi apurada através de 11 fatores que podem ser causa de tensão, medo ou desconforto para os trabalhadores.  Exigência física, deslocamentos, risco de vida, prazos e competitividade foram alguns dos fatores que a empresa de informação CareerCast.com teve em conta no seu relatório.

Mas como lidar com este stresse? Falámos com sei mulheres com algumas das profissões que constam nesta lista. Uma polícia, uma piloto de aviōes, uma jornalista, uma bombeira, uma gestora de eventos e uma técnica de relaçōes públicas falam-nos dos desafios das suas carreiras e de como lidam com o stresse.

Descobrimos que o segredo pode estar em pequenas grandes mudanças como aprender a dizer que não ou simplesmente dormir mais.

6 mulheres contam como lidam com o stresse no trabalho

Marisa Pires, subcomissário da PSP, 27 anos

 

Marisa Pires sempre gostou de cumprir regras e, por isso, aos 13 anos já sabia que a sua carreira de sonho passaria pela Polícia. É polícia há cinco anos e o seu trabalho já a levou de norte a sul do país. Hoje trabalha na gestão operacional do Comando Metropolitano de Lisboa.

A subcomissário da PSP admite que ser polícia é desgastante, qualquer que seja o posto. “Sinceramente não é fácil. Temos um horário padronizado, mas que pela sua dimensão é necessário que seja flexível e por isso nem sempre é fácil conciliar com a vida pessoal”.

Para Marisa, o segredo para o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal está em otimizar os momentos. “O tempo que temos para a vida profissional ou pessoal pode não ser o mesmo, mas o que interessa é como o utilizamos”, refere.

O melhor anti-stresse

“Tento manter o equilíbrio ao empenhar-me nas relações interpessoais tanto quanto me empenho no trabalho. Tento usar o meu tempo livre no que me enche o coração. A ajudar a manter este equilíbrio estão as pessoas que me rodeiam, porque sei que tenho os melhores ao meu lado e é com eles que tento usufruir cada minuto. São eles que muitas vezes compreendem a minha ausência. Muito ligada à paz de espírito que consigo manter, está também uma atividade desportiva. Nada como um treininho de Kickboxing ou Muaythai para relaxar e libertar o stresse no sítio certo! Muitas vezes, uma boa sessão de cinema a dois também ajuda, bem como momentos em família e com amigos. O amor ajuda muito!”


 

Mariana Cardoso, gestora de evento, 26 anos

 

Licenciada em Jornalismo, Mariana Cardoso trabalhou em redações durante quatro anos antes de decidir seguir um novo rumo profissional. “Queria ter o meu trabalho de sonho. Sempre fui responsável, organizada e sempre gostei de organizar coisas, tanto para mim como para os outros. Gosto de eventos. Juntei os dois”.

É gestora de eventos há quase ano e meio e considera que este tem sido o melhor ano da sua vida ao nível profissional.

Para Mariana, satisfazer as expetativas do cliente torna-se a parte mais stressante do seu trabalho. “Ao nível pessoal acaba por ter algum impacto… isto porque, pelo menos para mim, a minha cabeça não para! As perguntas são infinitas e algumas noites mal dormidas. Então em vésperas de evento… sou capaz de sonhar todos os dias com algum detalhe. Mas depois de tudo acontecer, vale cada segundo de stresse!”.

O melhor anti-stress:

“Relativizar! O equilíbrio perfeito é impossível de se conseguir. Há alturas mais fáceis, outras mais complicadas. O importante é relativizar e entender que haverá fases da nossa vida em que o trabalho vai ser o foco. E o importante é encontrar alguém que valorize isso e perceba o porquê de ser assim. O porquê de ficar no escritório até tarde, de acordar às 6h da manhã para ir trabalhar ou o facto de não conseguir estar presente em algumas situações… Nos dias mais stressantes, não dispenso um bom banho, um creme, uma massagem nos pés e ver televisão no sofá até adormecer. Depois de cada evento, os meus pés são os que sofrem mais (chegamos a fazer muitos quilómetros durante um evento!), pelo que uma massagem nos pés com um bom creme é um requisito!”


Diana Gomes da Silva, piloto de aviões, 33 anos

 

Foi a primeira piloto a fazer acrobacia aérea na Península Ibérica e a primeira mulher piloto portuguesa na EasyJet.

Diana Gomes da Silva começou a carreira há 13 anos. Em 2012, voo até Abu Dhabi onde se tornou a instrutora da Airbus mais jovem de sempre no Médio Oriente e onde fundou uma escola de acrobacia que contou com as primeiras alunas árabes.

Nos Emirados Árabes Unidos a dificuldade em equilibrar a vida profissional e pessoal foi uma das motivações para que regressasse a Portugal e se tornasse piloto na EasyJet. “Hoje tenho o maior equilíbrio que alguma vez tive entre a minha vida pessoal e muito se deve à companhia onde estou, porque me permite isso”, confessa.

O seu dia começa por volta das 05h30/06h da manhã com um dos dois voos que faz por dia. Do “melhor escritório do mundo – o cockpit”, vê o nascer do sol, e à hora do almoço consegue comer em casa. À tarde, divide o seu tempo entre o desporto ou a dar aulas teóricas de voo na OMNI – Escola de Avisão, em Tires.

O melhor anti-stress:

“Tento sempre arranjar soluções e não gosto nada de me lamentar. Acredito que hoje em dia quase todos os trabalhos sejam desgastantes de alguma maneira. Sinto que consigo gerir bem o stresse inerente à minha profissão com o meu estilo de vida saudável. Uma mente sã num corpo são é a receita perfeita para o equilíbrio. Desporto, desporto e mais desporto, de preferência sempre em família! Tenho vários rituais. Trato de mim como mulher e gosto de andar sempre arranjada. Tenho uma boa alimentação, não dispenso os meus cremes e bebo bastante água. Tenho acompanhamento profissional tanto na nutrição como na forma física. Em alturas de muito stresse faço uma a duas power naps (sestas) por dia com meditação e isto deixa-me não só relaxada como revitalizada. A minha maior terapia é, sem dúvida, as grandes viagens em família à descoberta deste mundo incrível onde vivemos.”


Rita Ramalho, diretora de comunicação, 37 anos

 

Para Rita Ramalho, todos os dias são diferentes e é precisamente isto “que torna a profissão simultaneamente apaixonante e stressante”.

Foi um estágio que lhe abriu as portas ao mundo das Relações Públicas, pelo qual Rita se apaixonou. A Diretora de Comunicação da agência Companhia das Soluções vive no Porto e trabalha há 13 anos na área. “É stressante precisamente pela ausência de rotina, pela carga elevadíssima de situações imprevistas que nos surgem todos os dias e pelas exigências que são sempre para ontem”.

Para Rita, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal passa por um bom suporte familiar, mas também por rotinas que prezam bens essenciais, como é o caso de uma noite bem dormida.

O melhor anti-stress:

“Vai parecer um bocadinho básico, mas… dormir! E começo sempre o dia com um bom pequeno-almoço!”

O equilíbrio entre a vida profissional e pessoal “é mais um desafio diário! Só superável com muita flexibilidade e dedicação, bem como um apoio familiar importantíssimo. Acho essencial termos as nossas prioridades bem definidas nos campos profissional e pessoal. E depois sermos disciplinadas para mantermos essas prioridades bem presentes no nosso dia a dia.”


Liliana Ribeiro, bombeira, 20 anos

 

Liliana tem 20 anos e já é bombeira há mais de quatro. “Comecei nos bombeiros apenas com 16 anos e não é uma vida fácil para uma mulher, pois somos discriminadas. Uma mulher que queira fazer dos bombeiros profissão tem quase que se impor perante os colegas para ter algum respeito a nível profissional”.

Para além dos turnos 365 dias por ano, o trabalho não termina quando sai do quartel.

Liliana explica que “ser bombeiro não é só quando se veste a farda. É no dia a dia ver alguém em aflição na rua e ter de agir. É triste, mas um bombeiro profissional deixa de ter vida pessoal. Os nossos horários são opostos aos dos nossos familiares. Dormimos de dia para trabalhar à noite”.

Para Liliana, aprender a dizer que não já é um passo para o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

O melhor anti-stress:

“Primeiro [tomar conta da] saúde, seja mental ou física. Nem tudo na vida é para sempre e por vezes temos de dizer que não, pois o trabalho não é tudo. O melhor para relaxar é ir sair com um grupo de amigos, ir jantar ou ir ao cinema. Definitivamente, sair da rotina! Tanto eu como o meu namorado somos bombeiros e vivemos vidas paralelas. Mas se há coisa que não acontece é falarmos acerca da profissão em casa. É esse o segredo! Em casa, abstraimo-nos daquilo que nos ocupa o dia e damos atenção somente um ao outro.”

Catarina Demony, repórter, 26 anos

 

Foi a sua personalidade curiosa que levou Catarina Demony ao jornalismo. O seu percurso começou no Reino Unido, onde passou por várias redações. Hoje trabalha como repórter na agência de notícias Reuters, em Lisboa.

“O meu dia pode começar com uma conferência de imprensa do outro lado da cidade ou com um direto na televisão. Nunca se sabe o que vai acontecer e é isso que, na minha opinião, torna a profissão fascinante”.

Catarina admite que é uma profissão muito stressante “mas muito gratificante ao mesmo tempo. A parte mais desgastante do que faço são algumas das histórias que tenho de ouvir e depois contar. É complicado, por exemplo, fazer uma entrevista a uma mulher que foi violada e voltar para casa como se nada tivesse acontecido. Deixar o trabalho na redação é uma tarefa quase impossível.”

O melhor anti-stress:

“Um copo de vinho na minha varanda, ligo a Netflix e adormeço no sofá. Simples! Gosto de ter tempo para tratar de mim, e fazer coisas que não são essenciais, mas que me fazem sentir melhor comigo mesma. Pode parecer ridículo, mas ir fazer uma pedicure é uma delas. Viajar também me traz esse bem-estar, principalmente se for para visitar amigos e familiares. Acho que muitos jornalistas vêem a profissão como parte essencial da sua vida pessoal. É o que nós somos, a qualquer hora do dia. Mas é muito importante termos tempo para nós e para os nossos. É importante, por vezes, esquecermos os e-mails, o mundo das redes sociais, e pegar nos amigos ou na família e ir fazer coisas que nos dão mais prazer. Isso ajuda bastante. Sinto que, principalmente no início da carreira profissional, temos quase sempre a tendência de dizer ‘sim’ a tudo o que nos pedem. Mas temos que conhecer os nossos próprios limites.”

 


 

O seu dia a dia também é muito exigente e stressante? Diga-nos que estratégias usa para relaxar e descubra ainda os melhores aliados para dormir bem

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