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Está comprovado cientificamente que as mulheres superam melhor a dor do que os homens

Está comprovado cientificamente que as mulheres superam melhor a dor do que os homens

Não é só uma questão de reação exagerada por parte do sexo masculino. De acordo com um estudo recente, homens e mulheres não sentem, de facto, a dor da mesma forma.

Por Fev. 23. 2020

Cólicas menstruais e todos os problemas relacionados com o sistema reprodutor feminino (como a endometriose, por exemplo) e, ainda, o parto são exemplos de situações em que o corpo feminino e a sua resiliência são postos à prova. Quais serão os mecanismos que o organismo da mulher desenvolve para ‘sobreviver’ à dor?

A diferença na resistência à dor do sexo feminino e do masculino não é um assunto novo, mas só recentemente é que tem vindo a ser comprovado pela ciência que os dois sexos não sentem a dor da mesma forma. No entanto, não é tão óbvio quanto parece.

Um estudo realizado pelas universidades McGill e Mississauga, nos Estados Unidos, descobriu que os homens têm uma facilidade maior para se lembrarem de experiências dolorosas do que as mulheres.

Neste estudo, eles mostraram-se muito mais stressados e sensíveis quando retornaram aos sítios onde tiveram contacto com experiências menos boas e que, de alguma forma, lhes causaram dor. Já elas evidenciaram suportar muito melhor a mesma dor e não mostraram qualquer tipo de stresse exacerbado quando foram expostas à mesma experiência.

De acordo com a investigação, estas diferenças devem-se à forma como ambos os sexos se lembram de dores passadas.

O nível de dor registado pelos elementos do sexo masculino foi superior não só ao do dia anterior como à dor registada pelas mulheres

A memória da dor

Para chegar a esta conclusão, um grupo de mulheres e de homens entre os 18 e os 40 anos foi submetido a uma experiência de dor de baixa intensidade (através de calor aplicado nos antebraços) e, de seguida, teve de classificá-la numa escala de zero a 100.

Após esta experiência, o grupo foi submetido a algo mais doloroso, tendo de colocar um medidor de pressão arterial bastante apertado e realizar exercícios de braços durante 20 minutos.

No dia seguinte, quando o grupo regressou à mesma sala onde tinham sido feitas as experiências, o nível de dor registado pelos elementos do sexo masculino foi superior não só ao do dia anterior como à dor registada pelas mulheres. Contudo, quando estes foram levados para um local diferente, esta situação já não se registou.

Os investigadores acreditam que o stresse da antecipação provocou uma maior sensibilidade à dor. Apesar de estarem à espera que a sensibilidade aumentasse no segundo dia, os investigadores ficaram surpreendidos por esta situação ter acontecido apenas com o sexo masculino.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 236, fevereiro de 2020.
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