#desafioaceite. Não bebi álcool durante um mês e foi isto que aconteceu…
Um mês, quatro semanas, 30 dias. Desafiaram-me a não consumir nenhuma bebida alcoólica durante o mês de novembro e os obstáculos não foram poucos.
#desafioaceite é uma rubrica que tem como objetivo mostrar como podemos desafiar-nos a nós próprias, explorando situações fora da zona de conforto. Este desafio também pode ser seu. Partilhe connosco a sua experiência.
Quando a minha melhor amiga, madrinha de casamento e, por acaso, colega de trabalho me perguntou se queria ficar um mês sem beber, ri-me. Ri-me a sério, uma boa gargalhada do fundo dos meus pulmões.
A reação dela fez-me perceber que aquilo não era uma piada. Mas conhecendo-me como conhece, achei que aquele pedido não poderia ser verdadeiro.
Entre eventos, jantares de aniversário ou convívios com amigos depois do trabalho, são poucas as semanas em que não bebo um copo ou dois. Logo, quando me perguntaram se estaria interessada em ficar um mês sem beber, pensei: como é que isto vai ser possível?
Apesar de tudo, gosto de um bom desafio e acredito que devemos experimentar o que for, principalmente se implicar melhorar o nosso bem-estar. Como tal, depois de dormir sobre o assunto, decidi aceitar o desafio, com o objetivo de perceber de que forma o álcool altera a nossa condição da pele, corpo e bem-estar emocional.
O que espero conseguir?
Ironia do destino, ou talvez não, 31 de outubro foi o último dia em que me permiti beber. Logo, tive uma verdadeira festa de despedida com direito a máscaras de Halloween e imensos amigos.
Confesso que nunca sofri com ressacas (talvez porque aos 28 anos o meu metabolismo funciona a uma velocidade impressionante ou então fui só abençoada com boa genética), portanto, quando acordei no dia seguinte estabeleci uma lista com objetivos e o que pensava ganhar com isto. Alguns pontos eram óbvios, como a melhoria da qualidade de pele, perder peso, cabelo mais brilhante e mais energia.
O que acabou por acontecer foi algo que me surpreendeu bastante.
1ª Semana: eu consigo!
Como em qualquer desafio, o início começou da melhor forma pois estava cheia de motivação e vontade de ser bem sucedida. No entanto, somos animais de hábitos e bastou chegar o primeiro fim de semana para repensar a minha vida, e aí sim, começar o verdadeiro desafio (spoiler alert: não toquei em álcool nesse fim de semana, mas admito que não foi nada fácil).
Numa sexta-feira normal a minha rotina seria sair do trabalho, ir jantar a casa, trocar de roupa e encontrar-me com amigos para beber um copo. Achei que para este primeiro fim de semana o melhor seria ficar por casa, no entanto, os meus amigos trocaram-me as voltas e decidiram aparecer.
Não estamos a falar de uma ou duas pessoas mas sim de seis! Seis pessoas que decidiram invadir o meu lar, com várias garrafas de vinho e preparadas para uma noite de jogos.
Conclusão? Saí de casa para ir comprar cerveja sem álcool pois de outra forma seria impossível. (Segundo spoiler: acho que nunca experimentei tanta variedade de bebidas sem álcool como ao longo deste mês).
Chegou uma altura em que estava demasiado cansada e não conseguia acompanhar a conversa então fui-me só deitar. Ponto extra? No sábado acordei cedo e sem despertador. No sábado à noite optei por ficar em casa e domingo o dia revelou-se muito produtivo.
2ª Semana: porque é que aceitei este desafio?
A semana começou da melhor maneira, como não saí no domingo não tinha aquela sensação horrível de que a semana ia começar. Os primeiros dias não foram muito difíceis mas à medida que os dias passavam, tinha mais vontade de chegar a casa, atirar-me para o sofá e beber um copo de vinho.
À medida que o desafio avançava cheguei também a uma conclusão sobre os meus hábitos: uso o álcool em dois momentos muito específicos e muito contraditórios. Gosto de beber um copo de vinho em casa, quando estou sozinha, pois sinto que me ajuda a relaxar e a fazer a transição trabalho/casa, mas também o uso como ferramenta social, e gosto de ter uma cerveja na mão quando estou com amigos num bar.
Regressando à semana, o verdadeiro problema chegou (outra vez!) no fim de semana pois já tínhamos bilhetes para uma festa. Conclusão? Bebi sábado, na festa.
Porém, aquilo que não estava à espera foi da diferença que senti no meu paladar. Bastaram 15 dias sem beber para me aperceber da quantidade de álcool que tem uma bebida. Assim que dei um golo, fiquei chocada com o sabor. Não era nada disto que me lembrava…
3ª Semana: se calhar isto não é assim tão difícil.
Depois da experiência de sábado voltei a entrar na linha. A semana decorreu sem problemas e senti cada vez menos vontade de beber um copo quando chegava a casa. Recebi amigos para jantar, bebi a minha cerveja sem álcool e não me custou nada.
O meu maior receio ao entrar neste desafio era perceber como ia ficar 30 dias sem beber cerveja, isto porque faço parte daquela minúscula percentagem da população que gosta verdadeiramente do sabor da cerveja. Logo, foi uma surpresa positiva saber que existem algumas marcas que têm um sabor extremamente igual à cerveja com álcool.
No fim de semana fiquei por casa, isto porque percebi que o meu maior desafio é estar com amigos num ambiente noturno e não beber.
4ª Semana: finalmente acabou mas correu bem.
Confesso que quando a última semana começou, suspirei de alívio, já estava farta de não poder beber. Não tanto pela questão do álcool, mas porque me privei de muitos convívios com amigos para evitá-lo. Com o fim do desafio a aproximar-se, decidi voltar a ler a lista que escrevi no início do desafio, onde listei o que esperava ganhar com esta experiência.
A maior surpresa foi o bem-estar geral. A maior desilusão? A pele, pois não notei diferenças rigorosamente nenhumas. Contudo, isso pode dever-se ao facto de estar a fazer um tratamento específico para a acne.
Voltei a cometer um pequeno deslize na última semana porque reuni os amigos que estiveram na minha despedida de solteira. Confesso que bebi umas cervejas (com álcool), mas ninguém é de ferro.
Veredicto final
Se desse para voltar atrás, aceitaria de novo este desafio. O balanço geral é muito positivo mas as grandes diferenças não aconteceram a nível físico, até porque não perdi peso, a pele continuou igual, bem como o cabelo.
As grandes diferenças deram-se a nível mental e monetário. A minha carteira agradeceu bastante e consegui aperceber-me da quantidade de dinheiro que gastava não apenas em bebidas mas em tudo o que envolve: saídas à noite, jantar fora, Uber para todo o lado, entre tantas outras coisas.
A nível psicológico reparei nas diferenças logo ao fim de poucos dias: comecei a dormir melhor e mais profundamente, acordava muito menos cansada e a minha produtividade no trabalho disparou.
Apesar de o desafio ter terminado, já não bebo durante a semana (salvo raras exceções) e o meu bem-estar geral melhorou de forma considerável.