‘Ferramentas práticas’ é uma expressão que tem vindo a popularizar-se recentemente. E o estado de constante mudança em que vivemos parece estar na origem da crescente busca por instrumentos de autoajuda.
Só que, na realidade, sozinhos temos mais dificuldade em lidar com todas as transformações que estão a ocorrer nas esferas pessoal, familiar, profissional, social, económica e política. Daí que cada vez mais indivíduos procurem mentores, para os ajudarem a atingir os seus objetivos e evitar que os estados de stresse e ansiedade – provocados por todas as fontes de tensão mencionadas – comprometam o seu funcionamento.
O que é o neurocoaching e como pode ajudar
Segundo o International Coaching Council (ICC), a metodologia de neurocoaching funde conhecimentos “de neurociência cognitiva, neuropsicologia, neuroplasticidade cognitiva e técnicas de terapias cognitivo-comportamentais”.
“As pessoas buscam resultados diferentes na vida, seja profissional, pessoal, social, e procuram a ajuda de neurocoaches porque não conseguiram realizar a mudança recorrendo a outros recursos”, explicou-nos a neurocoach Ana Guimarães.
Nas palavras de Ana Guimarães, compete a quem faz as sessões “conduzir a pessoa, através de perguntas muito direcionadas, para que ela possa chegar a uma conclusão em relação a determinada questão ou problema” que a esteja a afligir.
A importância de saber gerir emoções
No fundo, durante as sessões de neurocoaching, pretende-se que os indivíduos adquiram maior autoconhecimento. “A ideia é autonomizar as pessoas, para que, perante situações de stresse, tenham ao seu dispor duas ou três técnicas que lhes permitam continuar no caminho da mudança e alcançar os seus objetivos”, diz a especialista.
E aprender a gerir as emoções em momentos de conflito ou que nos coloquem à prova é mais importante que nunca.
“As respostas ao stresse é uma temática crítica para todas as pessoas. Vivemos permanentemente num estado de alerta, porque o nosso cérebro interpreta como ameaças as situações que possam comprometer a nossa estabilidade (emocional, física, financeira, etc.). Ele espoleta os mesmos mecanismos como se estivéssemos a ser perseguidos por um predador natural, o que é violentíssimo para a saúde física e mental”, frisa Ana Guimarães.
Como funciona?
Nós não estamos preparados para reagir adequadamente às ameaças (reais e imaginadas). De acordo com a neurocoach, perante um cenário de mudança, “o cérebro diz-nos ‘não, tu vais ficar aqui quietinha, que eu não quero riscos’; há uma dualidade entre aquilo que nós queremos e o que os nossos mecanismos mais inatos nos propõem”.
Este nosso órgão mais rapidamente nos faz imaginar resultados maus do que nos permite visualizar panoramas melhores. Neste sentido, é preciso obrigá-lo a sair do modo piloto automático e consciencializá-lo a comportar-se de outra forma.
“Os exercícios que os neurocoaches dão ajudam a reforçar as melhores respostas para situações de ameaça, mas que só com insistência se tornam automáticas. É preciso haver repetição para o cérebro se moldar e dar uma resposta diferente às situações. Por isso, nos primeiros tempos, as técnicas têm de ser conscientes e voluntárias”, conta.
Trata-se de munir os indivíduos com os instrumentos necessários para enfrentarem os cenários que testem os seus limites para evitar que cedam às pressões internas e externas e sucumbam a sintomas de ansiedade ou até mesmo depressão. Dito isto, a especialista informa que, por norma, “os coaches não são profissionais de saúde, a não ser, claro, que tenham formação em Psicologia ou Psiquiatria”. Portanto, em caso de patologias, não são as pessoas indicadas para ajudar.
“Atuamos antes de a saúde mental estar ameaçada, numa situação em que a pessoa anda mais nervosa”, conclui Ana Guimarães.