O que precisa de fazer para atrasar o envelhecimento (e envelhecer bem)
O relógio cronológico não para, mas a boa notícia é que os especialistas dizem que vamos viver mais tempo e, se fizermos escolhas acertadas, com mais qualidade. Foi essa a conclusão do primeiro Congresso Internacional de Envelhecimento Saudável.
Se alguém fala em sinais de envelhecimento, acorremos logo ao espelho mais próximo para examinar o rosto, pescoço e decote. Fazemos uma lista mental das rídulas, rugas e do grau de flacidez, e dirigimo-nos, com urgência, à farmácia mais próxima.
Está fora de questão deixar alastrar as marcas de idade. Acontece que ainda não existem cosméticos capazes de eliminar por completo os efeitos da passagem do tempo na pele (mas há poderosos aliados, como o retinol, por exemplo).
Por um envelhecimento saudável
Durante o primeiro Congresso Internacional de Envelhecimento Saudável, organizado em Portugal, vários especialistas frisaram que, para se obter resultados, é necessário cuidar muito bem do organismo de dentro para fora, desde cedo e ao longo da vida.
Alimentar as emoções certas
“A cabeça é o contabilista da empresa que é o nosso corpo e pode levar-nos à falência”, comentou Ana Garcez, health coach, durante a sua apresentação sobre nutrição integrada.
Quer isto dizer que, se não mudarmos de mentalidade no sentido de adotarmos um estilo de vida e uma dieta mais saudáveis, o mais certo é continuarmos a cometer erros que vão encurtar a nossa longevidade e a dos nossos filhos.
Para iniciar essa transição, devemos começar por alimentar as emoções certas. Ter momentos íntimos com quem se ama, estar com familiares e amigos, passear, contemplar uma paisagem, brincar, tocar um instrumento, dormir bem, fazer desporto, trabalhar naquilo de que se gosta… são tudo coisas que nos nutrem o espírito e controlam a gula.
Já sentimentos debilitantes, como a tristeza, o stresse, a raiva e o rancor, originam uma inflamação crónica e aceleram o processo de envelhecimento, segundo um estudo da Universidade de Leipzig, na Alemanha (saiba como combater o stresse e quais são os alimentos anti-inflamatórios que deve consumir).
Comida verdadeira
Problemas de saúde como a obesidade e a diabetes seriam evitados se as pessoas não fizessem uma dieta à base de refeições pré-preparadas ricas em hidratos de carbono, açúcar e adoçantes artificiais.
“Vamos morrer cedo se seguirmos as recomendações dietéticas americanas”, alerta Graham Simpson, médico sul-africano e fundador do Instituto de Medicina da Eternidade, no Dubai.
A médica patologista Ivoni Mirpuri reforça que “o excesso de tecido adiposo [onde se depositam as gorduras] é a causa da maioria das doenças”. Por isso, devemos procurar ingerir alimentos reais, de origem biológica, preferencialmente não embalados, e confecioná-los sem os fritar nem os carbonizar.
Graham Simpson é apologista da dieta cetogénica, 70% de proteína, 20% de gordura e 10% de hidratos de carbono, justificando que “hoje sabe-se que as doenças cardiovasculares têm na sua raiz um consumo excessivo de açúcar, não de gorduras”.
Oiça o segundo cérebro
Houve uma personagem no palco da saúde que, recentemente, roubou as luzes da ribalta: o intestino. Como explica a health coach Ana Garcez, “as bactérias que o povoam sustentam a nossa vida”. Elas são essenciais para múltiplas funções do nosso organismo, ajudando a regular o colesterol, manter o equilíbrio emocional e prevenir doenças mentais.
Mas, acima de tudo, o intestino é o nosso principal escudo imunológico. As más opções alimentares, o sedentarismo e os medicamentos que tomamos ao longo da vida provocam lesões nas paredes deste grande órgão e alteram a sua fauna e flora.
Porém, uma forma de ajudá-lo a conservar-se saudável é fazer hidroterapia do cólon (administração de água ozonizada e de probióticos).
De acordo com Fernanda Carvalho, enfermeira na Clínica Doutor Pinto Coelho, este procedimento “elimina microrganismos resistentes, desinflama e desintoxica o organismo”. Além disso, “regenera as células, renova a flora intestinal, reforça a imunidade, regulariza o trânsito intestinal, aumenta a absorção de nutrientes, ajuda a controlar o peso e reduz a ansiedade e a depressão“.
Orquestra afinada
Em setembro de 2016, a revista Time publicou um tema de capa intitulado A Cura do Exercício, onde se destacava uma ideia: se fosse criado um fármaco equivalente à atividade física, seria o mais valioso de sempre. Na opinião de Teresa Manafaia, especialista em Fisiologia e Otimização Metabólica, o exercício físico “é algo que o nosso corpo merece tanto como a nutrição”.
A inatividade física causa atrofias no corpo, provoca sensação de fadiga e aumenta os biomarcadores de envelhecimento, como a proteína C reativa (associada a uma inflamação crónica de baixo grau).
Por outro lado, o exercício físico estimula o organismo a fazer a síntese proteica e a gerar nova massa muscular, melhora a microbiota intestinal, diminui os sintomas de colon irritável e reduz o risco de doenças neurodegenerativas. Além disso, a médica Andreia de Almeida sublinha que “fazer exercício físico, sauna e banho turco ajuda a eliminar as toxinas acumuladas no corpo”.
Futuro consciente
Apesar de comerem de forma saudável e de praticarem uma atividade física com regularidade, cada vez mais pessoas têm dificuldade em emagrecer. “Os nossos organismos estão intoxicados com disruptores endócrinos – moléculas que, de forma não controlada, se ligam a recetores hormonais e provocam reações fisiológicas nas células”, esclarece Andreia de Almeida.
Estamos rodeados de poluentes, seja no ar que respiramos, na comida que ingerimos ou nos objetos que tocamos. Essas interações, por mais inócuas que possam parecer, têm um efeito cumulativo e aceleram o envelhecimento.
Contudo, há esperança. Está ao nosso alcance fazer alterações ao guião da nossa história e das gerações futuras.
Dicas para desintoxicar a vida (e envelhecer melhor)
Basta adotar certas medidas, no seu estilo de vida, para minimizar o contacto com substâncias indesejadas.
• Use recipientes de vidro em vez de plástico para colocar os frescos quando for à mercearia, conservar as refeições e preservar os cosméticos caseiros;
• Utilize óleo de coco na confeção de pratos e para lavar os dentes, bem como hidratar o corpo e o cabelo;
• Limpe a casa com óleos essenciais, limão ou vinagre de sidra de maçã;
• Faça exercício físico, sauna e banho turco regularmente para transpirar as toxinas acumuladas no corpo;
• Beba sumo de aipo em jejum para equilibrar o pH, baixar a tensão arterial, reduzir a inflamação crónica e combater o stresse oxidativo;
• Consulte o seu médico para saber se pode tomar alguns suplementos nutricionais, como zinco, selénio e cálcio ou vitaminas E, C e B6, pois ajudam a atenuar o impacto negativo de metais pesados, como o chumbo, o cádmio, o mercúrio e o alumínio tóxico.
Fonte: Ana Garcez, Health coach; Andreia de Almeida, Médica.
Conheça, ainda, os beneficios da vitamina C, um poderoso antioxidante que ajuda a retardar o envelhecimento da pele.