O pilates clínico é uma adaptação do original, criado por Joseph Pilates. Como os exercícios e as posturas iniciais eram difíceis de executar e exigentes para o corpo, e como se trata de um trabalho focado na consciência corporal, o pilates foi sofrendo algumas alterações para se adaptar melhor a situações e patologias especiais. A partir daí, foi surgindo o pilates clínico”, explica Michelle Ventura, fisioterapeuta e responsável pela Clínica Michelle Ventura – Fisioterapia e Pilates Clínico, em Belém, que tem como mote “dar corpo à sua saúde”.
No fundo, é um tipo de exercício que promove posturas adequadas, o fortalecimento do core e a melhoria da consciência corporal, sendo frequentemente usado como uma forma de fisioterapia que ajuda na recuperação de lesões ou no controlo de condições crónicas, como dores nas costas ou artrite.
Ao contrário do pilates tradicional, que normalmente é realizado num simples colchão no chão, este conta com a ajuda de equipamentos de aspeto robusto que podem assustar os praticantes mais leigos.
Reformer, cadeira combo e cadillac são três exemplos destas que muitos veem como máquinas de tortura, mas que mais não são do que facilitadores dos exercícios e melhoradores de postura.
Geralmente praticado em sessões individuais ou em pequenos grupos (daí o seu preço mais elevado, quando comparado com o pilates comum) por um fisioterapeuta ou instrutor treinado, tem como principais benefícios a melhoria da flexibilidade, força, equilíbrio e bem-estar geral, podendo ajudar também no desenvolvimento de uma melhor mecânica corporal e a reduzir o risco de lesões.
Quem pode ajudar?
“Relativamente às mulheres, aqui na clínica, damos muito apoio a gestantes, para melhorarem a mobilidade pélvica, para as ajudarmos a terem maior consciência corporal no momento do parto; e, nas senhoras com mais idade, trabalhamos bastante a mobilidade, que se vai perdendo ao longo dos anos”, conta-nos entre sorrisos a fisioterapeuta.
“Já o público masculino procura-nos mais por causa de lesões desportivas e também para correção postural ou de alterações na coluna vertebral. Normalmente, vêm ter connosco por recomendação da mulher, de uma amiga ou de uma colega de trabalho. Muitos deles acham, erradamente, que o pilates é um exercício muito feminino, mas a verdade é que os exercícios são, por vezes, bastante difíceis de realizar, o que os deixa muito atrapalhados” , acrescenta.
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No entanto, o pilates clínico pode ser mesmo uma grande ajuda no tratamento de problemas mais graves ou doenças
crónicas, como dores nas costas, artrite, escoliose e outras condições músculoesqueléticas.
“Já trabalhei com casos de miastenia grave [doença autoimune que atinge a junção neuromuscular através da produção de anticorpos contra os recetores do neurotransmissor acetilcolina], esclerose múltipla, hérnias discais… Já tive também uma paciente diagnosticada pelo médico com uma bursite – inflamação dolorosa da bursa (bolsa que tem líquido e proporciona o amortecimento onde a pele, músculos, tendões e ligamentos deslizam sobre os ossos)”, explica Michelle Ventura.
“Durante a avaliação, verifiquei que o que tinha era instabilidade da cintura escapular, o que lhe causava dor e desconforto no ombro. Hoje em dia, muita gente sem prescrição médica vem ter connosco e faz um diagnóstico fisioterapêutico onde vejo os desequilíbrios musculares que estão a desencadear este ou aquele problema”, conclui.
Clínico vs. tradicional
Embora ambos sejam tipos de exercício que se focam no fortalecimento do core, força, flexibilidade e consciência corporal, há algumas diferenças entre o pilates tradicional e o clínico.
No que diz respeito aos objetivos, o primeiro foca-se mais na condição física e no bem-estar geral, já o segundo é usado como uma forma de fisioterapia que ajuda as pessoas a recuperarem de lesões ou a controlarem condições
crónicas.
Além disso, vivem em dois ambientes completamente distintos: enquanto as aulas de pilates são feitas em grupo, o pilates clínico faz-se em sessões individuais ou pequenos grupos, acompanhadas por um fisioterapeuta que adapta os exercícios às necessidades individuais de cada um.
Mas a maior diferença está mesmo no uso de equipamentos, isto porque o pilates pode ser feito sem qualquer acessório ou aparelho, ao passo que o pilates clínico faz uso de equipamentos específicos que ajudam na execução dos exercícios sugeridos.
Benefícios do pilates clínico
O pilates clínico oferece uma série de benefícios, incluindo:
1. Melhoria da postura. Promove um alinhamento e equilíbrio muscular adequados, ajudando a desenvolver uma melhor postura;
2. Aumento da força do core. Dá prioridade a exercícios focados nos músculos do core, melhorando a força e a estabilidade geral;
3. Redução da dor. Pode ajudar a aliviar dores associadas a condições como dor nas costas, artrite e escoliose;
4. Maior flexibilidade. Incorpora uma série de movimentos que melhoram a flexibilidade e a mobilidade;
5. Melhoria do equilíbrio e da coordenação. Baseia-se em exercícios que desafiam o equilíbrio e a coordenação, melhorando o controlo geral do corpo e reduzindo o risco de quedas;
6. Melhor respiração. Dá grande importância à respiração diafragmática, que pode ajudar a reduzir o stresse e a ansiedade e melhorar o bem-estar geral;
7. Reabilitação. Pode ser usado como uma forma de fisioterapia para ajudar na recuperação de lesões ou cirurgias;
8. Prevenção. Previne lesões futuras, melhorando o equilíbrio muscular, a flexibilidade e a mecânica geral do corpo.