Relações e família

15 conselhos de especialistas para um regresso às aulas tranquilo

Com o ano letivo a começar, é fundamental preparar o regresso à escola. O segredo é fazê-lo com entusiasmo, estabelecer objetivos realistas e definir os horários de estudo e de brincadeira.

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15 conselhos de especialistas para um regresso às aulas tranquilo 15 conselhos de especialistas para um regresso às aulas tranquilo
© Getty Images
Rita Caetano
Escrito por
Set. 11, 2019

Preparar o regresso à escola, após as longas férias de verão, voltar às rotinas, às aulas e às exigências escolares nem sempre é fácil, mas também não tem de ser um quebra-cabeças.

Para lhe provarmos isso mesmo, estivemos à conversa com Sónia Gaudêncio, psicóloga clínica; Heather Miller, especialista em educação; Mikaela Öven, coach e instrutora de mindfulness e reunimos os 15 conselhos para um início de ano letivo tranquilo.

Prepare o regresso às aulas com estes conselhos

1. “O ano letivo deve ser preparado com entusiasmo, sem ansiedade, salientando sempre a parte positiva do regresso às aulas: o reencontro com os colegas e as novas aprendizagens”, diz a psicóloga Sónia Gaudêncio.

2. Os objetivos devem ser estabelecidos, em conjunto, e devem ser sempre realistas. Sem demasiadas pressões.

O caminho a seguir deve ser, recomenda Sónia Gaudêncio, “incentivar os filhos a encarar o regresso às aulas como uma nova etapa das suas vidas. Um novo capítulo que esperam ser concluído com sucesso, de forma a irem crescendo e construindo o seu futuro”.

3. Perante um problema, em primeiro lugar, os pais e professores devem, aconselha a psicóloga, a colocar várias questões:

Será que não gostam da escola ou acham-na ’uma seca’?
• Sofrem de bullying? Têm medo de errar ou de desagradar aos pais?
• Não gostam dos professores?
• São os métodos de ensino que não estão a ser os mais adequados e/ou os mais motivadores?
• Existe alguma dificuldade de aprendizagem associada?

4. Quando existem problemas, muitas vezes, é preciso recorrer a ajuda especializada (ex.: psicólogo, psicoterapeuta, explicador, professor do ensino especial…), mas noutras não. Isso acontece quando os alunos não veem os benefícios da escolaridade ou não gostam dos métodos utilizados pelos professores.

“Neste caso, os pais podem começar por mostrar no dia a dia a utilidade do que aprendem na escola através de exemplos práticos. Sempre que fazem uma troca comercial, há conceitos matemáticos envolvidos, assim como quando fazem um bolo”, ensina Sónia Gaudêncio.

Ao fim do dia, desde a chegada a casa dos mais pequenos (até aos 12 anos) até à ida para cama só deveria haver uma distância de duas horas, segundo Heather Miller.

5. Lembre-se que o mundo está em constante mudança e mais do que nunca os mais pequenos têm de se adaptar.

Educar também é “manter um diálogo e uma proximidade com os filhos que lhes permita falarem sobre medos, receios, ansiedades e partilharem as vivências escolares, até sobre relacionamentos interpessoais”, afirma a psicóloga.

6. “Também é importante fomentar a capacidade de tolerância à frustração e o saber lidar com a impossibilidade de gratificação imediata, terem uma boa autoestima e serem assertivos”, refere Sónia Gaudêncio.

Não se esqueça também que as capacidades socioemocionais como a criatividade, a imaginação, o espírito empreendedor, a aceitação das diferenças e o respeito pelo próximo são essenciais.

7. É fundamental, refere a psicóloga, que haja um horário para acordar e fazer as coisas com tempo (higiene, vestir, tomar o pequeno-almoço e ir para a escola). Com alguma margem para imprevistos ou atrasos para que não exista stresse logo de manhã e para que sejam pontuais.

8. No que diz respeito às atividades extracurriculares, o melhor mesmo é ouvir os seus filhos e, muito importante, não os sobrecarregar.

Se ainda não as escolheu, saiba que um estudo da Universidade de St. Louis Washington, nos Estados Unidos, demonstrou que os desportos de grupo estão associados a um menor risco de desenvolver depressão, sobretudo nos rapazes.

Mas os benefícios vão mais além: Ajudam ainda a satisfazer a necessidade de pertencer a um grupo, a partilhar regras e emoções e a aprender a colaborar, aspetos importantes para a definição das competências sociais de cada indivíduo.

9. Ao fim do dia, desde a chegada a casa dos mais pequenos (até aos 12 anos) até à ida para cama só deveria haver uma distância de duas horas. Quem o defende é Heather Miller, especialista em educação e autora do livro Pais em Hora de Ponta (Porto Editora). Desta forma, refere, “os pais estarão livres para ter tempo para si próprios e isto é muito importante”.

Muito do comportamento que rotulamos como TDAH (Transtorno do Défice de Atenção com Hiperatividade) também pode ser apenas consequência do sono inadequado – Heather Miller, especialista em educação

10. A rotina do regresso a casa “deverá incluir cinco a dez minutos de conversa, antes dos trabalhos de casa.

Quando alocamos dez minutos ou mais para nos reconectarmos com nossos filhos e nos dedicarmos inteiramente à conversa, mostramos que estamos abertos a ouvir mais e eles sentem-se seguros”, afirma Heather Miller.

11. Enquanto as crianças estão a fazer os TPC, os pais podem cozinhar.

Ter um jantar em família é muito importante para a felicidade e o sucesso educacional das crianças. Na verdade, é ainda mais relevante do que ler para seus filhos, embora, é claro, devamos fazer as duas coisas”, realça a especialista em educação.

12. Os trabalhos de casa, como diz a coach e autora do livro Educar com Mindfulness na Adolescência Mikaela Öven, têm de ser uma responsabilidade dos filhos, não significando isso que os pais não os supervisionem.

Heather Miller explica que fazer a “supervisão é diferente de ajudar as crianças a fazerem os trabalhos de casa. Os pais têm o papel de ‘diretor de projeto’. Estão lá para garantir que os filhos dedicam tempo aos trabalhos de casa, têm os suportes necessários e que os levam para a escola.”

13. Dormir é essencial para todas as idades, mas as crianças e os adolescentes precisam de mais horas de sono do que os adultos.

“Quando dormimos, o cérebro faz um trabalho essencial para o seu desenvolvimento saudável e facilita o processo de aprendizagem. Quando as crianças são privadas do sono, têm grandes dificuldades em aprender e muitos dos diagnósticos de complicações de aprendizagem são fruto de horas de sono insuficientes. Além disso, muito do comportamento que rotulamos como TDAH (Transtorno do Défice de Atenção com Hiperatividade) também pode ser apenas consequência do sono inadequado”, garante Heather Miller.

14. Ainda em relação ao sono, não esquecer a influência negativa dos aparelhos eletrónicos.

“A luz azul que emitem desequilibra a melatonina, a hormona que nos diz que devemos dormir. Portanto, quem passa muito tempo à frente destes ecrãs antes de dormir poderá ter dificuldades em adormecer“, assegura Heather Miller.

Por esse motivo, o conselho da especialista em educação “é desligar todos os dispositivos pelo menos meia hora antes de dormir”.

15. Num mundo saturado de informações, também é muito importante que as crianças e adolescentes tenham tempo para fazer ‘nada’.

“E quando digo brincar, não estou a incluir videojogos, mas sim jogos físicos, como as escondidas, ou jogos de tabuleiro, como o Monopólio, ou brincadeiras construtivas/criativas. Todas elas desenvolvem a imaginação, o corpo, o espírito e a mente”, diz a especialista em educação.


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A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 230, agosto de 2019.

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