As relações são seres vivos, que se transformam, crescem e que, eventualmente, também morrem. Ninguém quer olhar para a morte de um relacionamento. É doloroso demais pensar que o investimento, o laço, a intimidade poderá acabar. Contudo, acontece e é importante perceber quando chega a hora de avançar num outro sentido.
A separação não é um caminho claro nem fácil
Terminar um relacionamento pode provocar um sofrimento profundo, como se estivéssemos a perder uma parte de nós. Os desafios que surgem são imensos, mas ficar poderá já não fazer sentido.
Vivermos uma vida alinhada com a nossa verdade é, diria, o único caminho para encontrarmos equilíbrio no meio de tantas batalhas que travamos.
Embora em consulta encontre muitas vezes pessoas que já não se identificam nos relacionamentos em que estão, os desafios inerentes à mudança acabam por fazê-las adiar projetos de vida, atrasar o crescimento pessoal, entristecê-las.
7 questões a ter em conta quando a relação chega ao fim
1. Perceba que chegou o fim
A comunicação é um elemento chave para perceber se chegou ou não o fim do relacionamento.
Às vezes construímos imensas fantasias porque a relação está a causar desconfortos ou emoções difíceis de gerir. Conversar com o outro elemento do casal é essencial. Perceber o que ambos sentem e se haverá disponibilidade para trabalhar aquilo que não está bem.
As relações são dinâmicas e, ao contrário do que se possa imaginar, são exigentes! Será que estão ambos disponíveis para esse investimento? Se não, então talvez já não estejam de facto alinhados e investidos na redescoberta e reconstrução.
Por vezes, a proximidade e intensidade poderão toldar a capacidade de análise. Procurar um profissional que o ajude a clarificar pensamentos e emoções poderá ser também bastante útil no sentido de compreender melhor o que está a acontecer e que caminho seguir.
2. Prepare-se para a grande mudança
Depois de tomar a decisão de que já não quer ficar é necessário tornar claros os próximos passos. Terminar uma relação, ainda para mais quando é duradoura e significativa, pode ser uma mudança de rumo brutal.
Será necessário reajustar umas série de questões, mas o impacto é visível na forma como vivemos a vida, nas nossas rotinas, pensamentos, sonhos futuros.
Como vê a sua vida após o término?
3. Comunique
O fim da relação nem sempre chega ao mesmo tempo para ambos os elementos do casal. É importante escolher um momento em que o outro esteja disponível para comunicar de uma forma clara a sua decisão.
Expressar as suas emoções de forma honesta e cuidadosa também será importante. O outro poderá receber essa notícia de várias formas e, por esse motivo, deverá estar preparada para responder a algumas questões. Sobretudo os “porquês”.
Sendo, habitualmente, um momento bastante emotivo, evite colocar o foco na responsabilização do outro. Quando comunicar, foque-se em si, nos seus motivos e necessidades utilizando frases iniciadas por “eu” em vez de “tu”. Não é o momento de culpar ninguém.
4. Se vão continuar a viver juntos…
É natural que queira afastar-se imediatamente após “a conversa”. Nem sempre isso é possível. Se for esse o caso, a assertividade relativamente aos seus limites e respeito pelos limites do outro será fulcral.
5. Se têm filhos em comum…
A existência de filhos em comum é, muitas vezes, argumento para arrastar relacionamentos que já não fazem sentido, até mesmo para ambas as partes. Todas as relações são únicas e os motivos para que se mantenham são variados. Nem sempre o amor é a razão primordial para manter um relacionamento e isso tem que ser respeitado.
Aquilo que a ciência nos diz é que um divórcio pode ser altamente perturbador para os filhos, sobretudo quando existe conflito parental.
Deve ter em conta que os filhos precisam de saber e, quando chegar o momento de contar, esteja disponível para responder com honestidade às suas questões e acolher as suas emoções.
O ideal será o casal poder contar aos filhos em conjunto, deixando de lado pormenores e focando-se nos factos e nas questões que poderão preocupar os vossos filhos – ajustando sempre o discurso à idade.
A vida irá mudar para todos, incluindo para os seus filhos. Também eles irão passar por um processo de luto e o seu tempo deve ser considerado e respeitado.
Se possível, ir fazendo mudanças progressivas e manter a estabilidade das rotinas dando-lhes uma maior sensação de previsibilidade dentro de todas as mudanças que estão e irão ocorrer.
6. Lidar com as emoções que surgem
Uma separação pode gerar um espectro enorme de emoções. É comum que surja luto, medo, preocupação, vergonha, culpa – sobretudo para quem toma a decisão.
Poderá ser importante ter a sua rede de suporte ou até mesmo procurar um profissional na área da saúde mental visto que esta mudança pode ser bastante exigente. Contudo, nunca se esqueça, a sua decisão foi feita por um motivo e tem o direito de escolher um caminho diferente por si e pelo seu bem-estar.
Por mais que possa empatizar com as emoções do outro, só é responsável pelas suas.
7. Seguir em frente
Os momentos de separação podem ser profundamente dolorosos, mas poderosos no que diz respeito ao autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
Não existe um momento certo ou errado para recomeçar um relacionamento, mas será bastante útil dedicar-se a si. Dê-se tempo, clarifique ideias, conheça-se.
O fim de algo marca o início de outra coisa
Quer seja para melhorar o seu autoconhecimento e perceber se quer realmente terminar um relacionamento, avançar para um divórcio saudável, colar os pedaços após o fim, elaborar um luto difícil, reconstruir um futuro ou avançar, o psicólogo poderá ser o seu parceiro de caminho.
O fim de uma relação pode ser realmente duro, pode trazer ao de cima sombras. Contudo, como em todas as situações dolorosas da vida, pode ser imensamente transformador.
Catarina Canelas Martins, psicóloga clínica e terapeuta Emdr, tem desenvolvido o seu trabalho nos últimos anos com famílias e adultos na Clínica de Psicologia e Coaching Learn2Be. Apaixona-a tudo o que envolva o bem-estar emocional e psicológico pois acredita que sem essa estabilidade e equilíbrio não é possível vivermos no nosso máximo potencial. Siga-a nas redes sociais Facebook e Instagram.