Relações e família

Crónica. Feng Shui e a morte

A morte é um tema sensível e difícil, é verdade, mas é algo que temos de encarar em algum ponto na nossa vida. O consultor Alexandre Gama explica, nesta crónica, como podemos lidar com este assunto de acordo com o Feng Shui. Ora veja.

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Crónica. Feng Shui e a morte Crónica. Feng Shui e a morte
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Alexandre Gama, cronista
Escrito por
Nov. 14, 2023

Na nossa sociedade a morte é quase sempre vista como algo negativo. Como uma perda. Mas segundo as leis da energia, nada se ganha e nada se perde. Já dizia Lavoisier que tudo se transforma.

Na verdade, todos nascemos através da energia vivida pelos nossos pais no momento da nossa conceção, a seguir crescemos e nos reproduzimos, ou deixamos de uma forma ou de outra um contributo da nossa passagem por cá e, por fim, morremos.

Do ponto de vista da energia o que conta é a vivência, a aprendizagem e a evolução que nos permitimos fazer enquanto por cá passamos.

A maioria das pessoas vive esta experiência de um modo mais egotista e dá pouco espaço ou tem menos consciência de que na realidade o que conta é a energia e não a matéria. Ou melhor dizendo, o foco deve ser na vibração do que vivemos e não na matéria, porque a matéria tem de ser vivida, dignificada e honrada, mas sempre como uma consequência da vibração e nunca como um objetivo final.

Este é um ensinamento transversal a qualquer tema da vida como o da saúde ou como o da relação com o dinheiro, ou o amor, ou a felicidade… mas aqui vou focar-me na relação com a morte.

A nossa sociedade espelha a morte como uma perda e por isso grande maioria das pessoas foge dela, afasta-se e abandona as pessoas que estão de partida
Alexandre Gama, consultor de Feng Shui Alexandre Gama, consultor de Feng Shui

A morte de acordo com o Feng Shui

A morte deveria ser vivida por todos como um evento tão ou mais importante, e com o mesmo amor, carinho e felicidade como vivemos um nascimento.

A nossa sociedade espelha a morte como uma perda e por isso grande maioria das pessoas foge dela, afasta-se e abandona as pessoas que estão de partida.

Outras pessoas sofrem tanto com a partida do outro que ficam num processo de pena, estagnação e tristeza que as impede de viver em harmonia ficando numa vibração de apego e saudosismo agarradas ao passado.

Não se mudam mentalidades e modos de estar coletivos ou individuais só com palavras. Precisamos de tomar consciência e de os colocar em prática. Por isso mesmo deixo aqui algumas recomendações:

1. Acompanhar e cuidar ainda melhor quem está de partida.

2. Viver e estimular o sentimento de gratidão por fazer ou ter feito parte da vida daquela pessoa.

3. Honrar, desfrutar e festejar a vida enquanto temos possibilidades físicas para o fazer.

4. Não deixar nada para depois. Amanhã já pode ser tarde.

5. Não fazer promessas a quem está de partida.

Segundo os ensinamentos do Feng Shui, quando mudamos de casa demoramos cerca de 28 dias a libertar a energia do antigo espaço e cerca de quatro meses a enraizar no novo lar. Sinto que com a morte física não será diferente e, por isso:

Depois da morte de alguém devemos cuidar do seu espólio e bens materiais com amor e carinho lembrando que o melhor será no intervalo de tempo entre um mês e quatro meses.

Não podemos simplesmente fechar o quarto ou a casa dessa pessoa e ir embora. Dessa forma a energia fica ali estagnada e abandonada. Precisamos de desfazer, separar, dar uma nova vida ao espaço e às peças que pertenciam a quem partiu. Podemos escolher e desfrutar das peças que nos são mais queridas ou que nos são uteis e devemos libertar todas as outras, vendendo, oferecendo, cedendo a quem delas fizer bom uso.

Devemos escolher e tirar tudo o que já não funciona e guardar e dar um novo uso a tudo o que pode ser útil no presente.

É muito importante alterar hábitos na forma de utilizar o espaço ou as peças de quem partiu. Por exemplo, devemos fazer uma nova decoração do espaço, nem que seja apenas mudar a posição dos móveis. Mas, se possível, devemos trocar os cortinados ou pintar as paredes.

Devemos também fazer uma limpeza mais profunda a todo o espaço.

Em alguns casos deve também ser feita uma limpeza energética ao espaço.

A ideia principal é alterar a vibração da utilização do espaço e das peças, de modo a não ficarmos agarrados ao passado e às antigas vivências, e podermos desfrutar no presente e em harmonia da matéria herdada.

Desta forma estamos a horar e a dignificar a matéria que ficou e a energia de quem partiu.

Alexandre Saldanha da Gama é consultor de Feng Shui e autor do livro ‘Feng Shui @ Lares e Costumes Portugueses’. Estudioso de pessoas e da sua energia, criou a marca Feng Shui Integrativo através da qual orienta seminários, cursos, palestras e faz consultas de astrologia do ki das 9 estrelas. Desenvolve e acompanha in loco projetos de decoração, dá consultas de Feng Shui e faz limpezas energéticas de espaços.

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