A situação que vivemos está a trazer cada vez mais a saúde mental para a ordem do dia. E que bom. Se antes fazer psicoterapia era tabu, hoje está cada vez mais normalizado este apoio que existe e deve ser visto como uma forma de nos mantermos equilibradas ao longo dos desafios da vida.
Felizmente, vivemos tempos onde não chega existir. Não chega ter “comida e roupa lavada” ou “acrescentar água na sopa”. Discursos como “tudo passa”, “isso é mimo”, entre tantas outras coisas que ouvimos quando estamos menos bem, deixaram de servir e procuramos hoje estar no nosso máximo potencial. Sentirmo-nos bem. Ser felizes.
Desde há muito que o objetivo vital deixou de ser sobreviver e passou a ser aproveitar de algum modo aquilo que a vida tem para nos dar, mas a forma como olhamos para a vida e alcançamos essa satisfação mudou.
Hoje, queremos ser felizes, mas sabemos que a felicidade não é permanente. Dá trabalho, e uma vida equilibrada não se esgota na felicidade.
A vida reserva para todos nós momentos de crescimento necessários, que envolvem emoções de todo o espetro, incluindo a tristeza e o medo. Por isso, nos dias de hoje, uma pessoa “feliz” é aquela que sabe lidar com todo esse espetro, não se desequilibrando de forma permanente.
É aquela que consegue ver a vida como um balanço, um exercício de equilibrismo onde todas as emoções fazem parte e os desafios da vida têm sentido. Um sentido congruente e consonante com aquilo que a pessoa pensa, sente e faz.
A grande dificuldade é que não há receitas, e esses equilíbrios são descobertos partindo da autoanálise e autoconsciência, que nos permite contactar com aquilo que somos e com aquilo que nos faz sentido.
Para quê ir ao psicólogo? Afinal, não é só para malucos?
Ir ao psicólogo é primeiramente um enorme ato de coragem. Como disse anteriormente, os hábitos que temos, a forma como vivemos a nossa vida, mesmo quando vivida com sofrimento e grandes desequilíbrios emocionais, dá-nos estrutura.
Por mais que seja uma estrutura desadaptada, é a nossa. Pôr em causa essa estrutura é um desafio enorme e envolve coragem e compromisso connosco e, por consequência, com a vida feliz (podemos agora substituir por vida equilibrada?) que ambicionamos.
Não uma vida feliz à la Instagram, mas uma vida inteira, com tudo o que de bom e menos bom tem, mas com uma estrutura emocional que nos permita gerir aquilo que ela nos traz com segurança e saúde mental.
Desenvolvimento pessoal como rotina
Desde que estudo Psicologia que tenho um sonho. Ver, um dia, uma consulta de rotina de Psicologia no nosso sistema de saúde público. Tal com existe o médico de família, existir um psicólogo de família que acompanha as várias fases das famílias, dando suporte, orientando e acompanhando quando necessário o/os elementos que necessitassem.
Penso que, com esta partilha, transmito o quanto considero importante o papel do psicólogo na sociedade em geral. Não apenas por ser psicóloga, mas porque todos nós vivemos desafios, traumas, crises. Todos temos memória, temos um núcleo base com mais ou menos estrutura, e, sobretudo, todos temos o direito de viver uma vida com significado, com bem-estar e saúde.
Para refletirem…
• Quantas coisas desejamos, fazemos, pensamos, são realmente nossas?
• Até que ponto a forma como lidamos e vivemos a vida não será fruto de uma série de influências e modelos que raramente questionamos?
• Será que estás a viver uma vida com significado? Com o teu significado?
Catarina Canelas Martins, psicóloga clínica e terapeuta Emdr, tem desenvolvido o seu trabalho nos últimos anos com famílias e adultos na Clínica de Psicologia e Coaching Learn2Be. Apaixona-a tudo o que envolva o bem-estar emocional e psicológico pois acredita que sem essa estabilidade e equilíbrio não é possível vivermos no nosso máximo potencial. Siga-a nas redes sociais Facebook e Instagram.