Passar a noite de 24 de dezembro sem a família, a trabalhar, não é de todo o cenário mais desejável para a maioria das pessoas. Porém, é real. Contamos-lhe uma história de quem já passa por isto há alguns anos.
A meia-noite mais importante de todas
Se é verdade que a quadra desperta o que há de melhor em cada um, também é verdade que o cada vez maior espírito consumista e o frenesim a ele associado, faz com que muitos ganhem uma quase aversão à data.
Não será bem o caso de Rita Joana Sousa, mas a técnica de audiovisual de 42 anos, admite que esta é uma data que não lhe diz muito. “Não tenho paciência! Parece que as pessoas ficam todas malucas nesta quadra”, desabafa.
Assim, quando no emprego surgiu a oportunidade de escolher entre trabalhar no Natal ou no Ano Novo a opção foi fácil. “Há uns três anos que trabalho no Natal”, assume Rita Joana.
A trabalhar num canal de televisão, tem um horário por turnos e só quando a data se aproxima é que fica a saber se conseguirá jantar com os pais, se passa a meia-noite no trabalho ou onde é que almoça no dia de Natal. “Tenho conseguido chegar antes da meia-noite e o que acontece é que jantamos os três um pouco mais tarde. Mas há dois anos não consegui”, conta.
Por norma, quem fica a trabalhar até tarde no dia 24 tem direito almoçar em casa no dia de Natal e vice-versa.
Para facilitar um pouco a logística, os pais, que vivem em Sesimbra, ficam na casa de Rita Joana, em Lisboa, nestes dias. “De outra forma não ia mesmo conseguir chegar a tempo”, admite a técnica de audiovisual.
São só os três e, embora a família não siga à risca as tradições, os pais gostam de a ter por perto. “Eles compreendem, mas é claro que, ao mesmo tempo, ficam sempre um pouco aborrecidos por eu não estar o tempo todo com eles nestes dias”, diz.
Com Rita Joana a trabalhar, é à mãe que cabe a preparação do jantar e da ceia. “Normalmente, quando chegam já trazem tudo feito ou quase”, explica. À mesa estará o costumeiro bacalhau com couves e um ou outro doce da quadra. A missa do galo não faz parte do calendário das festividades, até porque a família não é particularmente religiosa.
No trabalho, Rita Joana e os colegas vivem um Natal adaptado às circunstâncias. “Geralmente não há muita gente, já que estamos em serviços mínimos. Há uma ou outra árvore de Natal e uma pequena ceia para quem está a trabalhar, mas não é propriamente divertido”, admite a técnica de audiovisual.
Nada que a preocupe sobremaneira. Afinal, uma semana depois, estará de folga para celebrar uma data que lhe enche muito mais as medidas: a passagem de ano!