Há um ano e meio, a vida de Margarida e do namorado mudou. A causa? Maria, uma cadela que está presente na vida dos dois desde os dois meses de idade. Quando a foram buscar, o casal comprou tudo o que precisava: cama, mantas e pequenos lençóis havia em demasia. Maria nunca chegara a usá-los. Desde o primeiro dia que partilha a cama com Margarida e João – ocupando, nas noites mais frias, um lugar entre os dois. Para chamá-la, Margarida tanto usa o nome que escolheu para a cadela, como “filha”, trato que Maria responde de imediato. Já António é mais comedido e acha que “isto de humanização de animais, tratar os animais como crianças, não pode ser exagerado”.
Porque há humanização de animais?
As opiniões entre os donos de cães e gatos dividem-se. Há quem defenda que “os animais são melhores do que as pessoas e, por isso, devemos tratá-los como tal”. E que, “não tendo filhos, o meu cão assume esse papel”. Mas também há quem ache a humanização de animais “uma parvoíce” e que “os animais devem saber o seu lugar e respeitar os donos”.
No site PetRede, uma plataforma feita por pessoas que se assumem como “apaixonados por animais”, a opinião é vincada: “tratar os animais de estimação como se fossem seres humanos não é bom para nenhum dos dois lados. Na maioria dos casos, essa prática deixa o animal muito mimado e o dono muito dependente”. Aliás, “nem tudo o que é bom e agradável para o dono é também para o bicho. O animal tem de ser respeitado como tal”, lê-se.
A relação entre os animais e as pessoas
Se nos casos em que as pessoas não têm filhos até se pode perceber algum do apego excessivo ao cão ou gato, a atitude começa a ser mais questionável quando um casal tem crianças e não faz qualquer distinção. (“Neste momento, se tivesse um filho a Maria morria de ciúmes e desgosto e eu não suporto essa ideia”, confessou Margarida à Saber Viver.)
Um estudo publicado na revista científica PLOS ONE mostra que há uma forte probabilidade das mulheres com cães e filhos tratarem ambos da mesma forma! A análise, no entanto, foi feita com apenas 14 mulheres, que depois de responderem a questionários que avaliaram os seus níveis de apego e stresse parental, tiveram de fazer uma ressonância magnética funcional enquanto viam fotografias dos seus filhos e cães e classificavam o seu valor emocional. A ideia era perceber quando é que as participantes tinham níveis mais altos de ativação do cérebro. O curioso? O resultado foi semelhante, tendo existido poucas diferenças.
Quais consequências de tratarmos os animais como crianças?
Há-as tanto para o Homem como para o animal.
Para o animal de estimação:
• Ansiedade por separação;
• Medo excessivo de abandono;
• Insegurança;
• Pouco interesse social pela sua espécie;
• Supressão de comportamentos naturais à espécie.
Para o Homem:
• Isolamento social;
• Dependência animal;
• Tristeza por acreditar que o animal não vive sem ele;
• Acreditar em emoções caninas inexistentes.
O que acha deste assunto? Considera certo tratar os animais como crianças? Veja ainda como entreter os animais sozinhos em casaanimais.