As lagartas do pinheiro ou “processionária”, um inseto da família Thaumetopoea pityocampa, são conhecidas por se deslocarem em fila, instalarem-se nos cedros e pinheiros e alimentarem-se das agulhas das coníferas. Além de consequências para as florestas, podem comprometer a saúde humana e dos animais.
Capazes de chegar até aos 5 cm de comprimento, os casos de intoxicação são mais frequentes entre maio e junho. É durante os meses mais húmidos, de outubro até à chegada do inverno, que se proporcionam condições mais favoráveis à eclosão das larvas dos ovos deste inseto.
Zonas onde existam coníferas, como pinheiros e cedros, ou parques públicos, jardins e zonas urbanas são locais mais suscetíveis a esta praga. As alterações climáticas também têm feito aumentar a presença da lagarta do pinheiro, sobretudo nos meios urbanos.
Quais os perigos? A que sintomas devo estar atento? O que posso fazer para prevenir e para tratar? O Dr. Bigodes dá-lhe toda a informação que precisa.
Doenças provocadas pela lagarta do pinheiro
Como referido, não só o meio ambiente é prejudicado por este inseto, através dos danos causados nas árvores, como também a saúde dos animais e dos humanos pode ser afetada. Os pelos urticantes da lagarta do pinheiro atuam como agulhas quando entram em contacto com pele e mucosas do animal ou pessoa, inoculando substâncias tóxicas no organismo.
Nos animais, este contacto pode provocar inflamação na área da boca e, nos casos mais graves, resultar na perda de parte da língua e lábios ou até na morte por asfixia. Os cães, por exemplo, movidos pela curiosidade e brincadeira sentem-se atraídos por esta “procissão”, sendo os principais atingidos.
A alergia à lagarta do pinheiro é outro dos riscos iminentes depois do contacto com os pelos urticantes que têm substâncias capazes de originar graves reações alérgicas. Cada uma das lagartas está coberta com até 600 mil pelos urticantes brancos responsáveis pelas alergias. Estes pelos têm puas e contêm a taumatopoína, proteína responsável pelo efeito irritante em caso de contacto.
Sintomas a que devo estar alerta
Como já foi referido, a intoxicação pela lagarta processionária pode afetar tanto os animais de estimação como os humanos. Os primeiros sinais clínicos associados a esta intoxicação ocorrem nos locais de exposição aos pelos urticantes, que dão origem a uma reação anafilática.
Se tem um cão, fique atento aos sintomas mais frequentes, tais como:
- Inflamação da boca, língua, lábios, das pálpebras e da cavidade nasal;
- Úlceras na córnea;
- Focinho inchado;
- Salivação excessiva;
- Conjuntivite;
- Vómitos;
- Febre;
- Cansaço.
As reações acontecem maioritariamente na cabeça, pois são as áreas onde a pele não está tão protegida com pelo.
Quanto aos humanos, o contacto com este inseto resulta normalmente em urticária aguda. A intensidade da reação alérgica depende sempre do número de pelos que estiveram em contacto com a pele. Alterações no aparelho respiratório, como dificuldades na respiração, ou irritações nos olhos também poderão indicar que esteve em contacto com a lagarta do pinheiro.
O que fazer em caso de contacto com a lagarta do pinheiro
Em primeiro lugar, é importante referir que o tratamento depende da intensidade dos sintomas.
Os animais, sobretudo os cães e gatos, são especialmente sensíveis a este contacto. Se suspeita que o seu animal tenha sido picado, lave a zona afeta o mais rapidamente possível, para que os pelos que ainda não tenham penetrado a pele, possam ser eliminados. Proteja-se e use luvas e máscara.
Esteja atento ao seu companheiro de quatro patas e não deixe que ele lamba as patas ou o pelo. Também é importante que não deixe o seu patudo coçar-se, pois pode provocar feridas, ao mesmo tempo que está a aumentar a comichão.
No tratamento a cães infetados, são utilizados corticoides de ação rápida por via intravenosa ou intramuscular, associados a anti-histamínicos. Na maioria das vezes, este tipo de tratamento necessita de acompanhamento hospitalar.
Injeções locais de corticóides na língua também pode ser outro dos tratamentos recomendados pelos veterinários. Em casos mais severos, em que o cão esteja entubado, é recomendada a administração de epinefrina subcutânea ou de adrenalina.
O seu cão estará pronto para regressar a casa mal os sintomas sejam controlados. Garanta que, quando tiver alta, o seu fiel amigo não esfrega a zona lesionada. Recomenda-se que sejam feitas lavagens com água quente na zona de contacto com a lagarta, uma vez que o calor desativa a toxina. Vinagre ou sabão também podem ser utilizados nesta limpeza.
Aos donos, recomenda-se lavar as zonas do corpo que estiveram em contacto com a lagarta do pinheiro. É fundamental que as peças de roupa sejam lavadas a altas temperaturas (maior ou igual a 60ºC), porque só assim os pelos urticantes responsáveis pelas alergias são desnaturados. Se lavar à temperatural normal, é bastante provável que quando voltar a vestir a mesma roupa, tenha uma nova reação alérgica.
Se a lagarta estiver no seu corpo, tente retirá-las, com uma pinça ou luvas. Nunca com as próprias mãos. Quando aconselhado por um médico, tome um anti-histamínico.
Precauções a adotar
Há alguns passos que pode começar a seguir para se manter a si, à sua família e aos seus patudos, afastados das lagartas.
Tem um jardim em casa? Se tiver pinheiros e cedros, aplique iscos e destrua os ninhos. Também pode optar por aplicar inseticida específico para a lagarta do pinheiro.
Sobretudo na primavera, não dê passeios com o seu animal em zonas florestais, pinhais, jardins, onde existam cedros ou pinheiros. Para evitar o contacto com lagartas ou ninhos, garanta que o seu cão não fareja o chão.
No caso de ver lagartas, não deixe, em nenhum momento, que os patudos ou crianças lhes toquem. Neste cenário, deve informar a Junta de Freguesia ou a Câmara Municipal, para que sejam tomadas medidas de controlo da praga.
A não esquecer:
- A lagarta do pinheiro, ou lagarta processionária, é um inseto desfolhador de cedros e pinheiros;
- Cada uma das lagartas está coberta com até 600 mil pelos urticantes brancos, responsáveis pelas reações alérgicas;
- Esteja atento ao seu animal. As reações surgem sobretudo na cabeça, com inflamações na boca, língua, lábios e pálpebras;
- Nos humanos, manifesta-se especialmente através de urticária aguda.
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