Ser omnipresente e multifacetada. É este o principal desafio que as mães modernas enfrentam neste início do século XXI.
Ser mãe é, só por si, uma grande decisão. Magda Gabriel, psicóloga clínica, entende que é preciso pensar logo no início da maternidade se se vai ter colaboração nesta empreitada que muda a vida de um casal para sempre. “Muitas vezes, as mulheres são inimigas de si próprias. São mais exigentes consigo do que a própria sociedade.
Por outro lado, Maria do Mar Pereira, professora associada na Universidade de Warwick, na Inglaterra, e vice-diretora do Centro de Estudos sobre Mulheres e Género, da mesma universidade, entende que a dinâmica social nestas questões é muito complexa e não se pode ver as coisas de forma tão simplista.
Para esta investigadora, não é a mulher que impõe estas exigências a si própria, não é uma questão biológica, é antes a necessidade de responder às expectativas que a sociedade tem dela. Não são as mulheres que escolhem serem supermulheres; é, antes, a influência social a impor-se.
“A desigualdade social funciona da seguinte forma: o grupo em desvantagem – neste caso, o feminino – tem de provar o contrário do que a sociedade acredita que seja. Se a sociedade diz que as mulheres são mais emocionais, por exemplo, elas tendem a provar o contrário. Têm de ir além do expectável para provar o seu valor”, esclarece.
Uma mãe moderna tem carreira
De facto, escolher entre carreira e filhos é também um importante desafio na vida de uma mulher. Muitas das que optam por não ser mães, enveredando apenas pela vida profissional, são olhadas de lado pelas outras mulheres, que não entendem a escolha. Contudo, muitas das que tomam a decisão de ser mães e desistem da vida profissional, encontram também algumas barreiras duras de ultrapassar.
Por um lado, vivem em função da educação dos filhos, o que não é o melhor caminho. Viver em função dos seus resultados escolares, desportivos ou profissionais pode ser sinal de eventual frustração pessoal. “Muitas vezes, as mães que abdicam da sua carreira sentem um vazio difícil de colmatar quando os filhos crescem e abandonam o ninho”, explica Magda Gabriel.
Existe ainda outro grande repto: a mãe que assume também o papel de pai. Em muitos casos, depois dos divórcios, as mulheres assumem também as rédeas da educação dos filhos, não havendo qualquer tipo de partilha de trabalho, à exceção de algum apoio financeiro. Para Magda Gabriel, é essencial que as mulheres sejam egoístas; é sinal de saúde mental. Se a mãe não cuidar de si, como vai cuidar dos outros?
A psicóloga clínica sugere nove dicas para que a mãe moderna não se anule a si mesma.
9 conselhos que todas as mães devem seguir
1. Ter consciência de que primeiro vem o EU e depois, em equilíbrio, o papel de mãe e de esposa ou companheira.
2. Ter consciência das suas culpas, analisá-las e avaliar o porquê desse sentimento.
3. Não tolerar a autoexigência, impondo limites a si própria, ser mais egoísta, que é um sinal de saúde mental.
4. Aumentar a autoestima, fazendo, por exemplo, exercício físico.
5. Tentar parar um pouco, fazer alguma meditação, mindfulness, nem que seja só por cinco minutos.
6. Parar para respirar profundamente, nem que seja no carro antes de ir buscar os filhos ou de entrar em casa.
7. Organizar bem a rotina e agenda, adiar o que não seja fundamental.
8. Delegar mais aos outros.
9. Sair mais vezes sem os filhos, por exemplo, para jantar com o marido.
Considera-se uma mãe moderna? Saiba ainda que os seus filhos podem e devem errar.