Relações e família

Mãe pela primeira vez? Estes testemunhos tiram as dúvidas

A chegada do primeiro filho pode ser mágica e ao mesmo tempo stressante. Três mães – Ana Garcia Martins, Margarida Marques de Almeida e Cláudia Casal – partilham o que viveram com o nascimento dos primeiros filhos, quais os produtos que não dispensam e aqueles que afinal não fazem assim tanta falta.

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mae pela primeira vez
Escrito por
Jan. 31, 2019

Num primeiro filho é normal embarcarmos em algumas loucuras.” Quem o assume é Ana Garcia Martins, mais conhecida como A Pipoca Mais Doce. “Não sabemos nada do assunto, por isso vamos dando ouvidos a uma data de gente e acumulando informação.”

Sabemos que a família e os amigos têm sempre algo a dizer sobre o assunto e alguma experiência para partilhar no sentido de ajudar uma mãe sem experiência. Mas, na maioria dos casos, acabam por atrapalhar. “Isso faz com que, muitas vezes, e com receio de podermos estar a privar o bebé de alguma coisa mesmo muito importante à sua sobrevivência, compremos este mundo e o outro”, assume a blogger, que confessa ter perdido a cabeça com a chegada do primeiro filho, Mateus. “Sobretudo com a quantidade de roupa, aquelas coisas lindas, mas muito pouco práticas e que os bebés só usam meia hora”.

Ninho: ter ou não ter?

Num universo gigante de roupas, acessórios e brinquedos que a maioria não resiste a comprar, existem objetos que parecem ser essenciais. “Por exemplo, um ninho para eles dormirem nos primeiros tempos e que possa ser transportado pela casa toda”, explica Ana Garcia Martins.

Também Margarida Marques de Almeida, um dos rostos por detrás do blog Style It Up, garante que a coisa mais útil que comprou foi precisamente o ninho. “Desconhecia este acessório até estar grávida do Manuel. Os bebés dormem ali aconchegados, tal como se estivessem dentro da barriga da mãe”, diz.

“Quando mudei o Manuel do berço (que estava no nosso quarto) para a cama de grades (já no quarto dele), por volta dos 5 meses, não sentiu diferença porque o ninho foi com ele. Era como se estivesse a dormir no mesmo sítio”. Margarida Marques de Almeida só tirou o ninho da cama do filho quando este fez 1 ano “porque íamos de férias e queria que ele se habituasse a dormir sem o ninho, para ser menos uma coisa a levar no avião”.

Vera Neto é enfermeira especialista em saúde infantil e pediátrica e tem reservas quanto ao uso do ninho por ser “um produto que está muito na moda e que não é necessário, podendo até ser perigoso se mal utilizado”.

A responsável pelo projeto Enfermeira Vera explica que os ninhos são muito utilizados “em bebés prematuros, que não conseguem autorregular-se e precisam de contenção para acalmar. São utilizados em contexto de Unidades de Cuidados Intensivos e Intermédios, em que os bebés estão constantemente com monitorização cardiorrespiratória. Os bebés de termo e saudáveis têm mecanismos que os ajudam a acalmar-se (como levar as mãos à boca e encolher as pernas, trazendo-as para a linha média) e não precisam de tanta contenção, apesar de precisarem muito de colo e de contacto com os pais e cuidadores”.

É por isso que, a nível de segurança “os ninhos são desaconselhados pela grande maioria dos especialistas já que aumentam o risco de morte por asfixia”.

As toalhitas só devem ser utilizadas na rua e devem conter apenas os ingredientes essenciais

Toalhitas: sim ou não?

As toalhitas WaterWipes estão na moda, mas há quem se recuse a pagar por um produto à base de água. Será um investimento que vale mesmo a pena? Margarida Marques de Almeida é fã. “Sempre usei as WaterWipes e recomendo. Principalmente porque a pele dos bebés é muito delicada, sensível, e esta marca não contém químicos na composição das toalhitas. Como mãe, procuro os produtos mais puros para o meu bebé, não há necessidade de o ‘encharcar’ com químicos desde muito pequenino.”

Sobre o preço, assume que são mais caras, “mas não é a diferença que vai fazer um rombo no orçamento e estou disposta a pagar um bocadinho mais se tiver a certeza que é o melhor produto para o meu bebé. São as únicas toalhitas que sempre usei e continuo a usar para a muda da fralda, limpar as mãos e a boca”.

Já a enfermeira Vera Neto desaconselha o uso de toalhitas, pelo menos no primeiro mês de vida do bebé. “Deve optar-se por usar compressas não esterilizadas (de ‘tecido não tecido’) e apenas água ou um produto de limpeza suave (quando necessário).

As toalhitas só devem ser utilizadas na rua (para ser mais prático) e devem conter apenas os ingredientes essenciais. Não devem conter álcool, perfumes ou conservantes como a metilsotiazolinona, que pode contribuir para a irritação da pele e aumentar o risco de dermatite de contacto.”

Ainda assim, quando os pais saem com os bebés, reconhece que é mais prático usar toalhitas. “Neste caso aconselho as WaterWipes porque são as mais simples no mercado, contendo 99,9% de água, sem conservantes ou aditivos. A única ressalva é que são muito molhadas e deixam a pele do bebé húmida após a utilização. Por isso, é necessário secar sempre muito bem a pele depois de limpar com as toalhitas, principalmente nas pregas cutâneas”.

Lista de essenciais do bebé para os primeiros tempos

Para além do ninho, algo que Ana Garcia Martins não dispensa, é “um berço como o Next2Me, da Chicco, que se acopla à cama”. A juntar à lista estão as “fraldas de pano (dão jeito para tudo), um doseador de leite em pó (para quem não está a amamentar), uma boa bomba para extração de leite – caso se amamente –, um carrinho que tenha alcofa (dá jeito para dormirem fora de casa e não ficarem confinados ao ovo durante horas), um marsúpio, uma almofada de amamentação e uma boa linha de produtos de higiene. Nos primeiros tempos, eles não precisam de muito mais do que isto para serem felizes”, explica.

A lista de artigos que deve ter em casa é grande.  A enfermeira Vera Neto fornece essas listas na consulta pré-parto para os pais poderem preparar a chegada do bebé. Eis os fundamentais:

Berço apropriado e que cumpra as regras de segurança;

Banheira;

Cadeira autoapropriada e que cumpra as regras de segurança (na maternidade, não dão alta ao bebé que não tenha a cadeira auto);

Carrinho de bebé adequado e que se enquadre no estilo de vida da família;

Produtos de higiene adequados  (um creme emoliente, um creme de muda de fralda e uma água lavante), fraldas, compressas esterilizadas para a limpeza dos olhos e compressas não esterilizadas para a limpeza perineal;

Unidoses de soro fisiológico;

Termómetro e supositórios de Paracetamol 75 mg;

Saquinhos para armazenar leite extraído (mesmo que manualmente durante a subida de leite).

lista de essenciais para os primeiros dias do bebé

©Flaticon/Carolina Carvalhal

Será que preciso mesmo disto?

Hoje em dia, com o Facebook e o Instagram, a influência das marcas pode ser gigantesca, o que faz aumentar o desejo de consumo nas mães. Aliás, a sociedade de consumo é ótima a criar necessidades.

Mas será que tudo faz falta no enxoval de um recém-nascido? Ana Garcia Martins dispensa a balança. “Penso que foi a única coisa que comprei e que utilizei muito pouco tempo, mas, no meu caso, justificava-se por ter tido bebés prematuros que precisavam de ser pesados frequentemente. Era mais prático fazê-lo em casa do que ir todos os dias ao centro de saúde.”

Não só aproveitei muita coisa que tinha guardado do irmão, como investi em peças mais usáveis e confortáveis

A verdade é que, em matéria de necessidades, tudo depende muito dos pais e daquilo que consideram indispensável. “Há quem ache imprescindíveis coisas que para outros são supérfluas”, nota Ana Garcia Martins. “Por exemplo, acho que um intercomunicador com câmara dá muito jeito quando o bebé vai para o quarto dele, para que possamos ver o que se passa, mas há quem ache desnecessário.” Tal como acha um disparate nos primeiros tempos “gastar-se dinheiro em brinquedos, mas há pais que acham útil. É um assunto subjetivo e que acho que, realmente, só conseguimos ir apurando à medida que vamos tendo mais filhos e percebemos as necessidades efetivas de uma criança”.

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Fofinis de sua mãe ❤️

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Quando foi mãe pela segunda vez, Ana Garcia Martins já sabia ao que ia e o processo foi muito mais descontraído. “Já conseguimos fazer uma triagem daquilo que realmente faz falta. Por exemplo, com o Mateus, esterilizava tudo (chuchas, biberões, copos…); com a Benedita passo por água. Com o Mateus, perdia horas a pôr creme em cada muda de fralda; com ela, e não havendo nenhum alerta de assadura, limito-me a limpar com uma toalhita ou com uma compressa embebida em água. Pequenas diferenças que, somadas, nos facilitam a vida e não têm interferência na qualidade de vida do bebé.”

Ana Garcia Martins assume que, com o nascimento da filha, tentou ser mais racional. “Não só aproveitei muita coisa que tinha guardado do irmão, como investi em peças mais usáveis e confortáveis.”

Já Margarida Marques de Almeida não tem dúvidas em eleger o objeto que comprou, mas nunca usou: “uma alcofa de verga. São lindas, ficam bem na decoração, mas zero úteis! As alças atrapalham muito, especialmente se for um bebé muito mexido como o Manel. Só usei para tirar uma fotografia”, assume.

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© Thinkstock

Consultora de amamentação

Cláudia Casal, a fotógrafa responsável pelo projeto Hello Twiggs, foi mãe há dois meses e ainda está a descobrir as maravilhas da maternidade. “Ser mãe pela primeira vez aos 37 anos traz uma serenidade particular. Todos nos dizem que a vida vai mudar e nada vai ser como antes, mas há todo um outro lado sobre a maternidade que nos ultrapassa, arrebata e desafia”, conta. “E é tão maior do que as poucas horas de sono ou o número de fraldas que se trocam por dia e tudo começa naquele momento mágico em que nos colocam o nosso bebé no peito assim que nasce.”

Cláudia Casal procurou ser prática em relação a tudo o que envolve a chegada do bebé. “Assisti a um curso de preparação para o parto, porque existiam aspetos práticos que queria aprender.” Ainda assim, a fotógrafa sabia que a verdadeira aprendizagem seria feita “no dia a dia, com a minha filha. E tudo seria feito de uma forma natural e de descoberta mútua”.

A principal questão com a qual estava mesmo preocupada “era a amamentação. Sabia que nem sempre é um processo simples e natural, como tantas vezes nos é apresentado”. Não só as dúvidas não desapareceram com o nascimento, como se agravaram. “É uma pena que não tenhamos ajuda especializada nos hospitais desde o primeiro momento. Felizmente, poucos dias depois do nascimento da Alice, procurámos a ajuda de uma consultora de amamentação e tem sido um processo de desenvolvimento e de tentativa e erro”.

A enfermeira Vera Neto reconhece que a amamentação é uma área em que surgem muitas dúvidas “e nem sempre, nos primeiros dias, as mães recebem o apoio necessário para darem de mamar com sucesso”.


Agora que já sabe como cuidar do seu bebé nos primeiros dias de vida, descubra também tudo o que as grávidas e recém-mamãs devem saber. 

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