Márcia d’Orey, a mãe que faz sensação nas Instastories
As Instastories têm revelado vidas que nos inspiram. A de Márcia d’Orey é uma delas. Diz que é “uma rapariga como outra qualquer a tentar fazer o melhor pela sua família”, mas o Instagram acabou por ser muito positivo na sua vida e na vida de muitas pessoas. Principalmente na sua filha mais velha, com Síndrome de Asperger. É aqui que mostra que o amor faz milagres.
Apesar da sua conta ser privada, Márcia d’Orey tem mais de 5.000 seguidores no Instagram e isso deve-se em grande parte às suas Instastories. OK, não se compara a uma Cláudia Vieira com cerca de 520 mil followers, mas Márcia não aparece na televisão, nem em revistas e não tem sequer um blogue. É na plataforma que mais cresce em todo o mundo, o Instagram, que a ex-maquilhadora e bailarina mostra quem é, diariamente, principalmente nas Instastories. Fá-lo de uma forma muito natural. Nestas Instastories mostra o seu dia a dia com as filhas, a dançar, a cozinhar, a conversar, a maquilhar-se…
Mães como nós… nas Instastories
Foi essa naturalidade, o não ter nada a esconder e a sua alegria contagiante, que levou a Saber Viver a querer entrevistar Márcia D’Orey. Conhecida no “insta” como @minniemars, apresenta-se como uma “mãe profissional de duas belezas – aliás de quatro (inclui as duas cadelas) -, que adora dançar, exercício, maquilhagem, viajar… e passeios diários junto ao mar”. Conheça melhor a Márcia, a mãe que faz sucesso nas Instastories, na entrevista que se segue. Gostámos tanto de conversar com ela. Vai perceber porquê. Ah, e não se esqueça de a seguir no Instagram!
Como é que começou esta aventura nas Instastories?
Em março deste ano [2017] abri a conta ao mundo. Ainda me lembro. Estava na banheira ao final do dia (momento muito raro), cansada, a pensar como era possível ter recebido uma mensagem a dizer que eu era uma inspiração… Fiquei a remoer naquelas palavras. Até que ganhei coragem para contar ao Tiago (o meu marido). Eu, que nem conseguia lavar o cabelo durante dias ou tomar um banho como deve de ser… A andar de cuecas e soutien de amamentação todos os dias pela casa. Sem tempo para respirar… Inspiração, eu? Mas nem saía de casa!? E assim foi.
Decidi abrir a conta. De repente, as mensagens começaram a chover. Que ajudava os outros a passar os dias mais facilmente, que fazia sorrir as pessoas, a agradecerem-me pela energia e luz que transmitia. Passados poucos meses, ainda fico incrédula por receber tantas mensagens diariamente a agradecerem-me e a, continuamente, usarem a palavra “inspiração”.
Considera-se uma inspiração para as outras mulheres
É difícil de encaixar quando sempre fui assim. Sempre me comportei da mesma maneira. No fundo, sempre nos filmei, sempre. Nada tinha mudado. Como digo sempre: só faço o que posso e consigo. Por isso, respondendo à pergunta, não me considero nem mais nem menos do que tantas outras mães que só fazem o melhor que sabem e conseguem.
Fico contente por perceber que muitas pessoas de todas as gerações me vêem com tal, mas eu vejo-me como sempre me vi: uma rapariga como outra qualquer a tentar fazer o melhor pela sua família.
Por palavras suas, quem é a Márcia?
A Márcia é a mesma pessoa que se vê diariamente nas Instastories. Livre de espírito e de preconceitos. Bem resolvida consigo mesma, aventureira e destemida. Bicho do mato que gosta muito de estar sozinha ou com os seus na sua bolha de amor, como lhe chamo.
Com 35 anos considero-me uma sortuda e muito confortável na minha pele. Tudo o que passei levou-me a isto da maternidade, que revelou ser o melhor de mim. Ser mãe! Sou mãe a tempo inteiro com muito orgulho. Sinto que posso falhar em tudo o resto, menos em ser mãe. O que não significa que seja perfeita. Sei que dou o melhor de mim e o melhor que sei todos os dias. E isso basta-me.
Como foi o seu percurso profissional?
Fui viver sozinha com onze anos para estudar dança numa escola no Sul de França, chamada Rosella Hightower. Depois continuei a minha formação em Inglaterra, aos 14 anos, em duas prestigiadas escolas, a Elmhurst Ballet School e o London Studio Center, onde acabei por me formar em Jazz e Musical Theatre Studies.
Após uma lesão nas costas e de ser obrigada a parar, voltei para Portugal onde a vida se encarregou de me abrir uma janela ao ter tirado o curso de maquilhagem com a Antónia Rosa. Daí em diante foram editoriais de moda, capas de revistas, a Moda Lisboa, o Portugal Fashion, Publicidade, TV… Durante 15 anos. Era conhecida pelas minhas peles naturais e luminosas e por tornar as mulheres ainda mais bonitas.
O que a levou a partilhar a sua vida de uma forma tão regular nas Instastories e no Instagram?
Não estou no Instagram para ganhar seguidores. Sempre disse e repito: somos poucas mas boas. É a minha vida real. É o meu diário. Onde me mostro como sou, como vivo e como me exprimo. Seja através das minhas fotografias, da dança, das maquilhagens que faço com a Ju, das coisas simples da vida ou do amor pelas minhas filhas. É um contra-senso ser uma rede social, mas só faz sentido se eu for verdadeira, eu mesma.
Acho que a aceitação das minhas seguidoras de que fala é por isso mesmo. Há sempre um fio de ligação, seja por uma razão ou outra. Parece que me conhecem e isso faz com que acabem por me escrever e partilhar tantas coisas.
Sente que é quase terapêutico?
Para mim não. Nunca pensei nisso. Passou a ser uma nova companhia. Gosto muito de estar sozinha e preciso de estar sozinha. Não tenho muito tempo, e para mim então nem se fala! O Instagram mantém-me perto de muita coisa e ligada a muitas pessoas sem sair de casa. Sinto que o Instagram acabou por ser muito positivo na minha vida e na vida de muitas pessoas.
Tem duas filhas, a Juliette, de 2 anos, e a Pilar, de 8 meses. No testemunho que deu no site Nheco fala na vivência com a Juliette, que tem Síndrome de Asperger. Foi importante para si partilhá-lo?
O facto da minha filha mais velha, a Juliette, ter Síndrome de Asperger mudou alguns aspectos na minha vida. Tive que me adaptar à sua visão. Acima de tudo, quis ver o mundo como ela o vê para poder percebê-la e ajudá-la. Portanto, não é importante partilhar, é muito importante! É o meu dever como mãe protegê-la, mostrando ao mundo que isto de ser “diferente” não é um bicho de sete cabeças.
Nas minhas fotografias tento sempre transmitir um sentimento, por mais simples que esse seja: o toque, o carinho, o amor, a emoção. Mais importante do que isso, tento captar um segundo de algo que vejo e chamo de amor. Pode ajudar muitas pessoas a ver a vida de outra forma. De uma maneira mais simples! Descomplicar, no fundo. Não só a estarem mais atentos ao que os rodeia, como a saberem lidar com este síndrome que é tão difícil de diagnosticar e de ser visto.
É que, pelos comentários ao artigo que escreveu, foi importante para outras mães que o tenha feito…
Só connosco, pai e mãe, é que a Juliette se manifesta mais. E acho que foi esse o momento de viragem no Instastories, que fez com que começasse a partilhar ainda mais o nosso dia a dia. Mostrar que o amor faz milagres e que vamos lutar, batalhar – temos uma longa batalha! Mas o amor ultrapassa tudo o que quisermos se acreditarmos que é possível. Através da dança, da maquilhagem, da cozinha, do nosso amor… Trabalhamos todos os dias a expressar o que sentimos, seja de que forma for.
Faz lindamente à Ju expressar-se da forma que consegue. E eu incentivo-a a explorar as suas capacidades através das artes. Acredito profundamente que a ajuda muitíssimo. Aliás, não só a ela, mas a mim também.
Dedica-se às suas duas filhas a 100%. Deixou de trabalhar?
Deixei de trabalhar em algo que adorava e atirei-me de cabeça para ir viver para a Colômbia com o Tiago, que conheço há 30 anos – estávamos na mesma turma no Liceu Francês. Sabia que, para viver o que estava a sentir, precisava de largar a minha segurança financeira, a casa e o trabalho. Senti que, por uma vez, tinha que aprender a confiar de olhos fechados e aprender a deixar-me a ir sem medos. Este amor só assim seria possível e, para mim, fez parte de uma aprendizagem extremamente necessária. Aprender a deixar ir o passado, o que foi, o que já não vai voltar. Aceitar o que se sente no presente e aprender a vivê-lo. E assim foi.
E agora em relação a si, que cuidados tem consigo?
Sempre tive cuidados comigo desde pequenina! Na dança, o meu cabelo tinha que estar perfeito, as sapatilhas impecáveis e tinha de estar maquilhada todos os dias. Já o desporto faz parte de mim. Fui treinada para ser uma atleta, portanto isso exige todo um cuidado na alimentação que ainda hoje mantenho. As dietas ficaram para trás e hoje como de tudo, muito, e opto por comida saudável porque me faz sentir bem!
Adoro treinar à séria. Mas, infelizmente, não consigo ir ao ginásio. Até há muito pouco tempo treinava em casa! Tenho pesos, tenho o TRX e, sinceramente, não preciso de muito mais coisas para estar em forma. Consigo fazer treinos completos em casa ou noutro lado qualquer ao lado das minhas filhas! Aliás, a Juju treinou ao meu lado na minha gravidez toda! Ultimamente, com a energia que me sobra, chego ao final do dia exausta e não forço mais do que aquilo que consigo nesta fase. Mas o desporto é das melhores coisas para o meu bem-estar físico e mental.
Como maquilhadora profissional, a sua imagem é importante?
É importantíssimo para mim, mesmo que não vá a lado nenhum, estar arranjada e cuidada. O mínimo: corretor, máscara de pestanas, blush e os lábios hidratados. Tenho de me poder olhar ao espelho e sentir-me bem, bonita. Faz toda a diferença os cinco minutos que perco com a minha maquilhagem diária. Maquilho-me para mim e quero também dar o exemplo às minhas filhas.
Quais são os seus planos para o futuro?
Deixei de fazer planos a longo prazo. A vida, por vezes, parece ter outros planos para nós, o que pode ser uma desilusão, e, por isso, aprendi a viver o momento. Eu e o Tiago vivemos as coisas intensamente e, em quatro anos, temos duas cadelas, duas filhas. Acabámos de comprar um terreno de sonho onde vamos construir a nossa futura casa e onde desejamos passar muito tempo. É nesse projecto em comum que nos unimos e planeamos o nosso futuro. E o das nossas filhas.
Sente-se acarinhada por quem a segue?
Sinto. Sem dúvida que somos uma família muito acarinhada e faço questão de responder a toda a gente. É o mínimo que posso fazer, se as pessoas perdem o seu tempo a escrever-nos com tanto carinho. Sinto que a minha Juju é adorada e só tenho a agradecer o carinho que têm por nós. Estranhamente sinto-me “protegida” pelas minhas seguidoras. Lá está… Poucas, mas boas! É esse o caminho.
Desejo que esta conta chegue às pessoas certas e que continue a fazer muitas pessoas sorrir. Recebo imenso amor. Muito, muito! Retribuo mantendo-me fiel a mim mesma, dançando muito e pondo fotos das coisas que me dizem tanto e que me são tão íntimas. As minhas seguidoras sentem que me conhecem e têm razão, pois exponho muito de mim nas Instastories todos os dias, o que faz com que me escrevam e partilhem muito delas também. Existe, sem dúvida, uma troca de partilhas.
Agora, já com duas filhas, que conselhos daria à Márcia recém-mãe?
É isso que imaginaste. Ser mãe é tudo isso e melhor ainda! E fazes bem em seguir o teu coração e não ouvir os outros. Os livros , os conselhos, os médicos, o certo e o errado… Mete tudo na gaveta para abrires quando necessário. Agora, ouve-te! Ouve o teu bebé. Sente-o, cheira-o e continua a seguir os teus instintos!
Pequenos prazeres
Márcia d’Orey revela-nos aquilo que mais gosta e que faz parte do seu universo pessoal.
Qual o livro na sua mesa de cabeceira?
Livros! Ai! E tempo para os ler? Infelizmente, nesta fase da minha vida, a Juliette precisa muito de mim. Exige imenso da minha atenção e energia. Todos os dias é um trabalho constante para a ajudar e, nos poucos momentos que tenho só meus, preciso de desligar e estar comigo em silêncio para me recarregar. No dia em que puder ter tempo, tenho tanta coisas para ler! Acho que a lista não tem fim.
Qual a música que não lhe sai da cabeça?
Neste momento apenas a minha paz interior e as minhas ideias. A música é muito importante na minha vida. Ouço-a, danço com ela, exprimo-me. Deito tudo cá para fora e chega. Volto ao silêncio sempre que posso.
Qual foi a sua última compra?
Foi maquilhagem da Charlotte Tilbury. Identifico-me a 100% e é tudo aquilo que preciso na minha vida para, em poucos minutos, me deixar mais bonita, com melhor aspecto de forma natural e luminosa.
Qual a sua viagem de sonho?
Nunca deixei nada por fazer e tenho a sorte de ter viajado muito desde pequenina. Já fiz grandes viagens, no entanto, ainda quero ver muito mais e sei que, brevemente, irei fazê-lo. Quero sim, proporcionar às minhas filhas uma viagem à volta do mundo durante algum tempo e mostrar lhe o que é, para mim, o melhor da vida… viajar. Um dia, quanto puder é o que desejo fazer.
Não sai de casa sem…
Telemóvel, por várias razões. É um objecto que não dispenso. Posso estar no meio do nada, no meio da natureza, mas sei que em qualquer momento posso estar em contacto com o resto do mundo.
Qual o seu restaurante favorito?
Gosto muito de sushi, mas, mais do que um restaurante preferido, gosto da experiência que essa comida me proporciona. Amei o Blue Ribbon, em Nova Iorque, ou estar à luz das velas no meio do nada a comer o melhor sushi em Santa Teresa, na Costa Rica. Não me importo de pagar bem para me deliciar com uma excelente refeição. Acho que é um dos melhores prazeres da vida. É algo que nunca se esquece.
E a sua loja preferida?
Talvez a Scotch and Soda. Gosto que estejam sempre a inovar e a explorar novos caminhos. Identifico-me com a marca. No entanto, visto aquilo com que me sinto confortável no momento. Já fui muito mais agarrada ao material.
Hoje em dia, sinceramente, se tiver uns calções, uma T-shirt básica e umas Hawaianas sou igualmente feliz. Uma bonita makeup natural, o cabelo, nem que seja de rabo de cavalo… ficamos sempre bem. Less is more. Acredito profundamente nisso.
Márcia d’Orey é uma mãe como nós. Quem é que costuma seguir nas Instastories? Conheça ainda os padrões da artista portuguesa Sofia Alves.