Há uns meses, a redação da Saber Viver discutia sobre o momento certo – se é que ele existe – para chamarmos a uma relação de “relação”. Uma de nós disse: “Então e como é que eu falo com ele para saber o que somos? É que estamos num limbo, percebem? Não somos nem carne, nem peixe”.
É uma questão válida. O início de uma relação é, normalmente, um conto de fadas, pintado a cor de rosa com purpurinas à volta. Há o flirt, os dates, as idas ao cinema, os copos num qualquer bar e o descobrir de uma nova pessoa que entrou na nossa vida e que traz algo de refrescante. Mas pouco depois, como insatisfeitos que somos, começa a faltar algo.
Os dates tornam-se repetidos, os sentimentos pela pessoa evoluem, mas ainda nem sequer há legitimidade para sentir ciúmes. “Será que posso? Se não somos namorados, posso perguntar quem é aquela que comentou as últimas três fotos no Instagram?”
A dúvida da nossa querida colega da redação faz todo o sentido e mais algum. Mas a resposta certa depende exatamente da pergunta. Se já a está a colocar, então é porque chegou a hora de terem “a conversa”.
No fundo, basta sentir necessidade de querer mais, de precisar de mais, para que a outra pessoa também perceba o espaço que ocupa na sua vida – e vice versa. Depois, cabe aos dois perceberem se as coisas têm pernas para andar ou não.
Decidimos falar sobre este tema fraturante no pré-Dia dos Namorados para que todas as almas que se sentem perdidas com o seu quase-namorado (ou qualquer coisa do género), e que não sabem se o devem celebrar ou não, fiquem mais descansadas. O limbo pode ser confuso, mas não queira sair dele à pressa só porque um dia como este diz que é preciso pôr os pontos no is.
O limbo também se aplica ao prolongamento
Ou seja, quando se termina a relação. Já alguma vez sentiu que depois de terminar, ou de terem terminado consigo, a relação fica naquele intermédio estranho em que não sabe ao certo se deve seguir em frente ou não?
Eu já, várias vezes. Talvez por motivos diferentes dos seus, mas já cheguei a sentir que havia uma miserável réstia de esperança que me fazia não seguir em frente. E isto pode ser uma verdadeira angústia, ainda para mais se continuar a falar com a pessoa.
A ‘falsa amizade’ pode tornar tudo mais complicado, principalmente se ainda gostarem um do outro. Fica-se num estado de indecisão, um “vai não vai” que não é uma relação, mas há ainda sentimentos envolvidos.
Aqui não há novidade. O ponto final na relação entre os dois será mesmo o mais óbvio (e o melhor) a fazer.
Como as minhas amigas dizem, há todo um “maravilhoso mundo novo” quando se fica solteira – e mil estudos que sustentam esta teoria, como este afirma que as mulheres solteiras e sem filhos são mais felizes.
Mas o que elas não se lembram, talvez por estarem comprometidas, é que há também um passado cheio de boas recordações (porque nestas alturas nunca ninguém se lembra das más) para nos assombrar, e que nos faz querer manter esta relação tóxica num limbo (o que se define como “um estado de indefinição ou incerteza”, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa) após o fim do namoro.
Estar no limbo pode ser uma altura revigorante para trabalhar a autoestima e descobrir o que é o melhor para si. Assumir ou não assumir? Seguir em frente ou ficar na mesma? Seja qual for a opção, é preciso coragem para se chegar à frente.
Pôr rótulos nas coisas não é necessariamente uma coisa má. É o mesmo que arrumar os pensamentos em caixas. Se sente essa necessidade, então faça isso por si.
Descobrir um ‘maravilhoso mundo novo’ é incrível. E pode sempre fazê-lo, quer esteja solteira ou comprometida.