Imagine que vai a conduzir. Senta-se no seu automóvel, coloca a chave, pé na embraiagem, primeira mudança. Mãos no volante. Acelera.
Opta então por olhar para o espelho retrovisor. O automóvel arranca para a frente, porque são essas as instruções mecânicas que lhe está a dar. Avança, e você sempre com os olhos no retrovisor. Teima em não olhar em frente, mas sempre pelo retrovisor. Com esta opção que faz, tem a sorte de ainda conseguir avançar uns metros.
O que acontece de seguida, inevitavelmente? Pois é, acredito que saibamos a resposta: acaba por ter um acidente. Com “sorte”, não sai ferida e também, com “sorte”, não fere ninguém que se tenha atravessado no seu caminho.
Esta é uma metáfora para a vida. Muitas vezes, o nosso consciente, as nossas melhores intenções, olha para a frente, na direção de um futuro mais feliz, cheio de conquistas e esperança numa vida melhor.
Todos temos ambições, e todos temos a necessidade de evoluir, independentemente da área ou dos nossos objetivos.
O desafio surge quando perante esta intenção consciente de andarmos para a frente com a nossa vida, nos deparamos com uma “teimosia inconsciente” em olhar constantemente pelo retrovisor, para um passado que já não volta.
O problema está aqui. Teimamos em avançar para a frente, sempre com os olhos no passado. Inevitavelmente vão acontecer “acidentes” ao logo do percurso, que seriam evitáveis se estivéssemos totalmente comprometidos com o nosso presente e com a construção do nosso futuro.
Sim, o passado ensina, fortalece, e por vezes deixa saudades. Mas, com ele, já não podemos fazer nada, sem ser dar-lhe o significado que quisermos, e tomar a decisão de seguir em frente, com todas as forças que temos, e com plena confiança que estamos a construir a nossa melhor versão.
Isto é válido para relações, empregos, tudo. Querer andar para a frente com os olhos postos no passado é uma incongruência. Não nos deixa avançar.