A Organização Mundial da Saúde e a UNICEF recomendam que o aleitamento seja exclusivamente materno até aos seis meses de idade. A amamentação deve-se manter, se possível, até aos dois anos de idade ou mais.
Além de ser prática (leite sempre pronto e aquecido) e económica (menos gastos com saúde e com a alimentação do bebé), a amamentação traz muitas mais vantagens, tanto para a mãe, como para o seu bebé.
Vantagens da amamentação para a mãe:
- Promoção de involução uterina – o útero volta ao seu estado normal;
- Prevenção de perdas de sangue no período pós-parto;
- Contribuição para uma menor incidência de algumas doenças (cancro da mama ou cancro do ovário);
- Recuperação do peso;
- Promoção da ligação entre a mãe e o bebé.
Vantagens da amamentação para o bebé:
- Fornece todos os nutrientes para um desenvolvimento saudável;
- Facilitador da digestão;
- Reforça o sistema imunitário porque o leite materno contém substâncias que promovem um melhor desenvolvimento cognitivo, ajuda a proteger a criança de algumas doenças infantis comuns, como infeções gastrintestinais e respiratórias, e promove uma melhor resposta à vacinação.
Ainda que repleto de vantagens, este pode ser um processo exigente e doloroso que requer motivação e aprendizagem. A mulher precisa do apoio da família e da sociedade para iniciar e manter o aleitamento materno.
O tabu da amamentação
Amamentar deve ser um ato consciente que pode ter de superar inúmeros obstáculos. A dor, as inúmeras pegadas, a língua presa, os abcessos, o peito que empedra, a apojadura, as mastites, as fissuras são alguns deles. Amamentar pode doer. Não há como, nem porquê, esconder essa realidade.
Ainda assim, talvez doa mais quando se descobre que o mundo não aceita ver o peito de uma mulher que está a amamentar.
Por que é que a sociedade insiste em constranger uma mãe que só quer o melhor para o seu bebé?
Entre os dias 1 e 7 de agosto é comemorada a Semana Mundial do Aleitamento Materno. Esta semana é assinalada em mais de 170 países e tem o objetivo de encorajar esta prática, de forma a fomentar a saúde dos recém-nascidos de todo o mundo. Iniciativas como esta lutam para promover e apoiar a amamentação, tornando-a menos um momento privado e mais uma função biológica.
Porque apesar de ser natural e um fenómeno da natureza é, ainda, em pleno século XXI, preciso uma semana para destacar e discutir os benefícios da amamentação e as dificuldades que as mães têm para poder amamentar – desafios no local de trabalho, licenças de maternidade inexistentes e outros problemas.
Nós somos mamíferos e, por isso, a maioria dos bebés alimenta-se exclusivamente de leite até aos seis meses de idade. Em que momento é que passou a ser errado alimentar um filho? Por que é que a sociedade insiste em constranger uma mãe que só quer o melhor para o seu bebé?
O preconceito e a pressão social ainda é tão marcado que o mupi da Câmara Municipal de Lisboa para a campanha “Aleitamento materno: presente saudável, futuro sustentável”, que tinha uma mãe a amamentar em público, teve de ser retirado em outubro de 2016 devido a críticas sociais.
A aceitação da amamentação em público varia de cultura para cultura. Em países como a Noruega, Estados Unidos, Suécia e Finlândia o ato de amamentar em público é socialmente aceite. Em países como França e País de Gales, por exemplo, já não é bem assim. Já na Arábia Saudita, é mesmo ilegal (por ser um desrespeito à religião islâmica).
Mara Martin e Unnur Bra Konradsdottir
A modelo Mara Martin amamentou a sua bebé enquanto desfilava na passerelle do desfile organizado pela revista Sports Illustrated. Apesar de ter afirmado que não foi um ato planeado e sim de recurso, a modelo afirmou, na sua conta de Instagram, estar “grata por poder partilhar esta mensagem e, com esperança, normalizar a amamentação e mostrar aos outros que as mulheres podem fazer tudo.”
A deputada islandesa Unnur Bra Konradsdottir deu de mamar à filha enquanto discursava no parlamento. Apesar de ter sido a primeira vez que algo do género aconteceu na Islândia, todos os deputados reagiram casualmente e sem grande alarido.
A Lei
Para quem não sabe, a União Europeia proíbe a descriminação contra mães amamentarem em público. As mulheres têm o direito legal expresso de amamentar em público e no local de trabalho.
A legislação portuguesa em vigor permite que as trabalhadoras, que estão em período de amamentação, possam ter uma redução horária até duas horas diárias para apoio aos filhos. Quando os filhos fazem um ano, a legislação portuguesa obriga as mulheres que estão a amamentar a entregar, todos os meses, uma declaração do médico assistente, na qual este ateste aquela situação.
Uma mãe deve ter a liberdade de alimentar o seu filho em locais públicos sem julgamentos. Para eliminar um preconceito, seja ele qual for, há que o normalizar. É preciso que mais mulheres mães sejam pioneiras e amamentem quando tiverem de amamentar, independentemente de estarem num local público ou em suas casas.
Amamentar não é apenas alimentar, é também um ato de amor.