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“Porque é que amamos? Porque é que deixamos de amar?”

“Porque é que amamos? Porque é que deixamos de amar?”

Alguma vez se perguntou? Questionar é o ponto de partida do novo livro “Não Me Olhes com esse Tom de Voz”, que fala de amor, relações, felicidade e sexualidade. Sem julgamentos. E deixa-nos alguns conselhos.

Por Out. 12. 2018

Quão bom seria se pudéssemos entrar numa biblioteca e retirar da prateleira um calhamaço empoeirado com lições de amor? Uma espécie de manual enumerado ou, em linguagem 4.0., um tutorial xpto que ensinasse a amar?

Já sei que a magia do amor está precisamente no oposto, com misturas imprevisíveis, químicas que até a ciência tem dificuldade em explicar e doses de sofrimento, que fazem crescer. Mas acho que ter umas lições básicas para reaprender a amar em fases menos excitantes de um relacionamento amoroso mal não faria. Concorda comigo?

“Não Me Olhes Com esse Tom de Voz” não é um calhamaço, mas as suas mais de 200 páginas podem dar uma ajuda neste sentido. Neste livro, a jornalista Judite de Sousa faz as perguntas certas à médica ginecologista Maria do Céu Santo, em jeito de conversa entre duas mulheres com poucos filtros.

Bertrand Editora, 14,94€

Aqui exploram-se as questões cruciais dos relacionamentos: o amor, a sexualidade, como manter a chama viva, a ameaça da rotina e da acomodação, a dor de uma separação, o prazer. E “nada ficou por perguntar”, garante Judite de Sousa à Saber Viver. “Ambas consideramos que o livro está completo”.

Já não se ama como antigamente?

Esta é uma das perguntas levantadas no livro. Afinal, o que mudou desde o tempo dos nossos avós e bisavós nesta matéria? Para Judite, “hoje ama-se de forma diferente. Tudo mudou à nossa volta. A revolução tecnológica e o contexto externo mais agressivo fazem com que as pessoas tenham menos tempo e disponibilidade mental para o amor. Preferem enviar um SMS ao invés de se olharem e de se sentirem.”

Na verdade, a comunicação pode muito bem ser “o principal elemento de uma relação saudável, fundada na compreensão, na partilha, na cumplicidade e no carinho”, explica-se no livro. Como refere Maria do Céu Santo, “toca-se mais na tecnologia do que na humana companhia”.

O próprio nome do livro, remete-nos para essa dimensão – a voz e o olhar – e a forma como a utilizamos. Estas “são duas das mais expressivas e poderosas formas de comunicar”, escreve a médica ginecologista, também especialista em sexologia.

''Hoje ama-se de forma diferente. Tudo mudou à nossa volta. A revolução tecnológica e o contexto externo mais agressivo fazem com que as pessoas tenham menos tempo e disponibilidade mental para o amor. Preferem enviar um SMS ao invés de se olharem e de se sentirem''

Há perguntas proibidas no amor?

A jornalista acredita que não. “Em democracia e numa sociedade livre não podem existir temas tabu”, explica-nos. E há algumas que são obrigatórias: “Porque é que amamos? Porque é que deixamos de amar?”

Questões complexas mas necessárias também para sabermos amar melhor. “Se construíssemos um laboratório com a química do olhar apaixonado, dissolvido na voz que nos faz evaporar nas nuvens, teríamos a produção da paixão em tubos de ensaio e, talvez, à venda nas farmácias. Felizmente, não é possível produzir tal alquimia, porque o principal reagente são os sentimentos, poção mágica difícil de compreender“, refere Maria do Céu Santo no prefácio da obra.

Não há fórmulas, porém, há ferramentas que nos podem ajudar a fazer respeitar o amor mesmo em plena fase rotineira de uma relação.

8 boas práticas para a chama do amor viva (e de boa saúde)

As duas autoras juntaram numa lista algumas normas a seguir no dia a dia das relações para uma vida mais harmoniosa. São pequenos conselhos que recordam que podemos estar a passar a mensagem errada à pessoa que está ao nosso lado.

1. Não atender telefonemas durante um jantar, lanche ou momento romântico;

2. Escutar atentamente cada palavra. “Evitam-se mal-entendidos” e “fingir que se ouve é proibido”;

3. Lembrar os dias importantes. Não é preciso um presente caro, às vezes basta uma mensagem ou um postal;

4. Conhecer e reter as preferências e os gostos e fazer uma surpresa. Tudo vale, sobretudo pequenos detalhes, como a forma como o outro gosta de determinada comida ou bebida, por exemplo;

5. Amigos: meus + teus = nossos. O mesmo vale para a família. “A partilha e cumplicidade passam também por aquilo que é externo à relação”;

6. Analisar a divergência de opiniões de forma construtiva e com diplomacia. É bom relembrar que a nossa versão dos factos ou perspetiva pode não ser 100% certa e “o caminho faz-se caminhando através de pontos de encontro”;

7. Prestar atenção. “Reparar e elogiar é bom e recomenda-se”;

8. Rir.“Mesmo que seja a centésima vez que conta o mesmo episódio ou anedota que a fez rir da primeira vez, ria sempre”.