As relações amorosas, ainda que sejam indispensáveis para o crescimento individual. podem ser dolorosas, especialmente quando terminam.
Muitas vezes, o fim de um relacionamento faz parecer que o mundo está a acabar, que nos retiraram o chão dos pés, que perdemos todo o controlo, mas a boa notícia é que a recuperação é possível. A ciência assim o diz.
De acordo com um estudo publicado pelo jornal PLOS ONE, desenvolvido por Eva Asselmann, professora de Psicologia Diferencial e da Personalidade na HMU Health and Medical University em Potsdam, e Jule Specht, professora de Psicologia da Personalidade na Universidade Humboldt de Berlim, recuperar o sentido de controlo pode demorar o seu tempo, mas é sempre atingível.
Mas o que é o sentido de controlo? As investigadoras descrevem este fenómeno como “a medida em que uma pessoa se sente convencida da sua capacidade de influenciar o seu ambiente e o seu futuro pelo seu próprio comportamento”.
Como base para esta investigação, Eva Asselmann e Jule Specht partiram do princípio que “a perceção de um maior sentido de controlo há muito que está associada a um maior bem-estar geral, incluindo uma melhor satisfação nas relações”.
Contrariamente, pessoas com uma menor perceção do sentido de controlo acreditam que a sua vida é fortemente influenciada por fatores externos, como sorte, coincidências e destino.
O estudo já citado incluiu três questionários anuais a fim de avaliar como uma separação afeta as pessoas a curto e longo prazo. Estes são os resultados:
Primeiro ano de separação
As investigadoras concluíram que, no primeiro ano após o término de uma relação, existe uma queda significativa do sentido de controlo. No entanto, este aumenta lentamente. As professoras afirmam ser “um crescimento relacionado com o stresse”.
Este resultado é esperançoso, principalmente para quem está a passar por uma separação. Aos poucos, aprendemos a viver sem a pessoa em questão e recuperamos a sensação de autonomia.
“Nos anos após a perda de um parceiro romântico, os participantes no nosso estudo ficaram cada vez mais convencidos da sua capacidade de influenciar a sua vida e o seu futuro pelo seu próprio comportamento. A sua experiência permitiu-lhes lidar com a adversidade e gerir a sua vida de forma independente, o que lhes permitiu crescer“, acrescentam Eva Asselmann e Jule Specht.
Género e idade
• O estudo conclui também que existe maior probabilidade de pessoas do sexo feminino sofreram uma queda no sentido de controlo, em oposição ao sexo masculino;
• A idade é também um fator a ter em conta. Imediatamente após uma separação, participantes na investigação mais velhos sofreram uma perda de sentido de controlo substancialmente maior em comparação aos participantes mais jovens.
O takeaway
Eva Asselmann e Jule Specht concluíram que, a longo prazo, os níveis de sentido de controlo podem crescer para além dos níveis pré-separação, e que “o stresse sugere que os seres humanos podem crescer a partir de experiências adversas e ganhar força interior e maturidade após perdas na relação”.
Terminar uma relação nunca é fácil, seja qual fora a natureza da mesma. Mas este estudo trouxe luz ao fundo do túnel, e esperança de que, ainda complicada e dolorosa, a recuperação é sempre possível.