Restaurantes e bares

Alma Nómada: o requinte à mesa num lugar em Porto Covo

Num lugar atípico, e por isso tão especial, encontramos o restaurante de fine-dining Alma Nómada, do chef Ricardo Leite. Saiba porque vai querer visitar e o que não deve deixar de provar.

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Alma Nómada: o requinte à mesa num lugar em Porto Covo Alma Nómada: o requinte à mesa num lugar em Porto Covo
© Jorge Simão
Ana Carvas
Escrito por
Ago. 28, 2021

Situado no interior do Village Costa do Vizir Camping, em Porto Covo, o Alma Nómada é um lugar de paragem obrigatória para quem procura pratos repletos de sabor, criatividade e técnicas gastronómicas únicas.

“Com esta proximidade do mar, queremos que a experiência gastronómica acompanhe em tudo a beleza natural de Porto Covo e do Alentejo.” Quem o diz é Ricardo Leite, o chef responsável pela carta do restaurante que consegue, de uma forma sofisticada e descomplicada, descentralizar a comida de autor para uma das regiões mais bonitas da costa vicentina.

A verdade é que, muito graças ao Alma Nómada, um restaurante que celebra a cozinha portuguesa e os produtos regionais, e onde os pratos são definidos consoante as estações do ano e a criatividade do chef, o litoral alentejano está agora no mapa gastronómico do País.

Dizemos-lhe o que provar neste maravilhoso lugar em Porto Covo.

Primeiras impressões

Num ambiente descontraído, mas que não descura o requinte – à nossa volta destacam-se as madeiras claras, os padrões com riscas em toldos que nos recordam as barracas da praia e a decoração com plantas –, a calma é uma constante neste lugar à beira-mar. Nas paredes, obras de artistas locais saltam à vista, em esculturas de peixes feitas a partir de resíduos apanhados no areal.

Chegámos para almoçar perto da hora de almoço e à mesa esperava-nos o couvert (6,50€), composto essencialmente por produtos biológicos. Desde o azeite Distintus, de Bragança, à manteiga de ovelha com sementes de papoila e flor de sal, destacamos o pão de massa mãe de fermentação lenta caseiro (48 horas) e a manteiga de cabra fumada batida à mão pelo Sr. Francisco (a frio, com algumas cascas de eucalipto).

Inesquecível é uma boa palavra para descrever esta primeira prova num lugar que transpira maresia e preserva os sabores alentejanos.

Em conversa com o chef Ricardo Leite, que antes de aqui chegar, em 2019, passou pelo restaurante Viajante, em Londres, o Loco e o Feitoria, em Lisboa (todos com uma estrela Michelin), percebemos que, mais do que tudo, valoriza o caminho da terra até ao prato e o trabalho duro desde a colheita dos legumes e frutas para a mesa, como muitas vezes via a avó, em Trás-os-Montes, a fazer.

Um copo cheio de amor

Outra paixão do chef que se torna evidente assim que entramos no Alma Nómada é o vinho – ali encontramos uma vasta seleção (mais de 200 vinhos), perfeitos para acompanhar as diferentes iguarias.

Ricardo Leite revelou-nos que um dos pontos essenciais da carta é a aposta nos pequenos produtores nacionais, com vinhos selecionados e aprovados pelo próprio. Em certos casos, o restaurante adquire a venda exclusiva de uma colheita inteira. Por isso, se é uma apreciadora exímia e procura exclusividade, este é o lugar indicado.

Para dar início a esta experiência gastronómica, começámos com um espumante rosé Cuvée de Noirs, seguindo-se dois brancos, o Quinta dos Três Maninhos – Centenariae Vineae e um Casal Figueira VT 2012, este último com um toque aveludado e sabor a mel, é doce, suave e leve.

chef ricardo leite alma nómada
''No Alma Nómada, apostámos numa ementa muito marcada pelo sabor, pelos produtos locais. Gosto de ir conhecer os produtores e os seus processos''

Uma carta com sabor a mar

“Neste restaurante, procuramos um misto de conforto com comida mais a sério”, revela-nos o chef. E não há nada mais reconfortante do que um prato saboroso e feito com alma.

Como entrada, provámos uns pastéis de massa tenra de leitão com molho de pezinhos de coentrada (11€), um camarão selvagem (de Moçambique) panado com caril Thai verde (12,50€) e uma deliciosa cavala (do mar de Sines) curada com sal, maionese de miso, óleo de lúcia-lima, crocante negro de tapioca, pistácio e dashi avinagrado (9,50€). “Podemos tirar muita riqueza do desperdício”, explica Ricardo Leite sobre o facto de aproveitar as espinhas de um peixe para o caldo (dashi).

De seguida, degustámos uma mista de peixe da lota, que incluía robalo, pregado e salmonete, com puré de topinambur com legumes biológicos grelhados (19€). Por fim, finalizámos o almoço com uma tartelete merengada de ananás dos Açores, sorbet do mesmo e poejo fresco em pó (7€). Para a confeção desta sobremesa, todas as partes do ananás foram aproveitadas – as peles são carbonizadas para fazer o caramelo, o curd é feito com sumo de ananás e a base com excedente da amêndoa.

Assim que terminámos esta experiência gastronómica, ficou a vontade de regressar o mais breve possível. E quando os elogios ecoaram na sala, a humildade do chef fez-se ouvir. “Todos dão a cara pelo restaurante porque o trabalho é de todos. Para mim, esse reconhecimento é importante.”

Onde: Costa do Vizir Monte Branco, 7520-437.
Horário: de segunda a domingo, das 12h às 15h e das 19h às 22h.
Contacto de reservas: 965 754 882.

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