Camilo: uma homenagem à literatura entre sabores de amor e perdição
Um restaurante sem páginas para folhear – a não ser as do menu -, mas com mil folhas a chegar à mesa, no fim da refeição.
Quem passa pelo número 378 da Rua do Almada, no Porto, nunca imaginaria que, aí, tivesse vivido uma figura ilustre, mas controversa: Ana Plácido, a amada de Camilo Castelo Branco, com quem manteve uma relação adúltera, sentenciada a pouco mais de um ano de prisão.
Agora, muito menos. Nessa morada, onde se acredita terem chegado várias cartas do renomado escritor, nasceu recentemente um restaurante que homenageia o autor português, quase dois séculos depois.
De nome Camilo, o espaço com cerca de 60 lugares, dispostos em dois pisos, reaviva as memórias do casal que terá inspirado Amor de Perdição. Como? “Em encontros e desencontros entre sabores e texturas”.
Encontros e desencontros de sabores
É assim que ganham vida pratos inusitados, em que ingredientes contrastantes e de diferentes pontos do globo se misturam, sem que, habitualmente, o façam. Ainda assim, a tradição e portugalidade não são descuradas.
Por isso mesmo, o chef Diogo Coimbra, ao leme do restaurante, decidiu montar uma carta – que chega à mesa literalmente em formato de carta, como as trocadas entre Ana e Camilo – em que se destacam entradas como rosbife, tonato e pickles de mostarda ou o ballotine de legumes, babaganuche e dashi vegan, uma opção deliciosa para quem não come carne.
Já como prato principal, não pode deixar de experimentar o pregado grelhado, agnolotti e calda de churrasco ou o magret de pato, puré de pastinaca, cogumelos e beterraba. Ambos chegam à mesa repletos de sabor, ora mais delicados, ora intensos.
Caso prefira partilhar, pode sempre optar pelas duas opções desenvolvidas com o espírito de festa e boémia dos grémios literários do século XIX em mente. São elas a paella socarrat, polvo e aioli de alho negro e o entrecôte maturado 45 dias.
Para terminar, não só a refeição, como a história de amor e perdição, há várias sobremesas imperdíveis. À escolha, tem o ananás e coco; chocolate, tarte de pera; ou o mil folhas de café e mascarpone. Polémico seria não pedir uma delas.
Todos os pratos disponíveis são acompanhados por uma sugestão de vinho, que fazem o match perfeito com os sabores de cada um. No fundo, como Ana Plácido e Camilo Castelo Branco acreditavam ser, um para o outro, por mais que a sociedade não o aprovasse, na época.
Onde: Rua do Almada, 7520-437.
Horário: domingo, segunda, quarta e quinta-feira, das 19h às 22h30; sexta-feira e sábado, das 19h às 00h.
Contacto de reservas: 915 299 442.