Acabe de vez com a prisão de ventre
Para muitos, é um assunto que se resolve, literalmente, à porta fechada. Não é um tema sexy nem o tópico de conversa favorito da maior parte das pessoas. Não é confortável nem desejável. Mas é uma questão universal. Já todas, com mais ou menos frequência, sentimos o problema. Saiba como resolver a prisão de ventre.
Para funcionar adequadamente, o aparelho digestivo deve cumprir de forma equilibrada e sequencial todas as suas funções.
A viagem dos alimentos desde a ingestão até à evacuação assegura a absorção dos nutrientes pelo organismo. É um processo que demora algum tempo a chegar ao fim. E, tal como na vida, tudo está bem quando acaba bem. O pior é que nem sempre acaba com facilidade. A culpada tem nome e chama-se prisão de ventre.
Será prisão de ventre? O despiste
Segundo a nutricionista Mariana Abecassis, “considera-se que estamos num quadro de obstipação ou prisão de ventre quando há dificuldade na regular evacuação ou quando há uma incapacidade total em evacuar. Geralmente, este quadro faz-se acompanhar de dores, desconforto intestinal e sensação de inchaço, afetando a qualidade de vida.”
A tendência para prisão de ventre varia com as características, alimentação e estilo de vida de cada pessoa, entre outros fatores. Há quem raramente tenha prisão de ventre. Por outro lado, há quem sofra constantemente dessa condição.
No que diz respeito à evacuação, não há regras nem predefinições. A nutricionista explica que “a frequência com que se vai à casa de banho não define um quadro de prisão de ventre.” Importa sobretudo falar de padrões individuais e observar eventuais alterações.
Mariana Abecasis refere que “ser regular significa evacuar todos os dias, contudo há pessoas para quem o ser regular é evacuar de dois em dois ou de três em três dias. Portanto, não ir à casa de banho todos os dias não é sinónimo de preocupação ou de mau funcionamento do intestino. Desde que esta frequência não seja acompanhada de desconforto.”
Esteja atenta. “Duas ou menos evacuações por semana deve ser sinal de alerta ou quando há uma redução recente significativa do número de evacuações habitual”, avisa a nutricionista.
É prisão de ventre! Causas e sintomas
“A prisão de ventre pode afetar pessoas de todas as idades, o grau varia de pessoa para pessoa e pode ter diversas causas. Geralmente, apesar de causar desconforto, não evolui para situações graves ou severas”, informa Mariana Abecasis.
“Pode derivar de situações crónicas, como acontece quando há uma motilidade intestinal mais lenta (movimentos naturais do intestino lentos) ou em casos como megacólon (intestino maior do que o normal).”
Por outro lado, refere a nutricionista, “pode ter causas temporárias, afetando por um período de tempo curto e temporário, como acontece devido a uso de alguma medicação ou suplementação, mudanças na alimentação, mudança de ambiente, gravidez ou outras situações.”
Os intestinos são sensíveis. Devem ser tratados com a máxima das atenções e o maior dos cuidados. Certamente, ninguém deseja os problemas que a prisão de ventre pode originar. De acordo com a nutricionista, se não for tratada, a obstipação “pode causar hemorroidas, fissuras anais, incontinência fecal ou impactação fecal, isto é, acumulação de fezes secas e duras no reto.”
Sintomas a que deve estar atenta:
• Redução significativa do número de evacuações;
• Dores ao defecar;
• Existência de sangue nas fezes;
• Fezes duras e fragmentadas;
• Sensação persistente de mal-estar;
• Desconforto no abdómen.
O que fazer e o que comer?
Não é o fim do mundo, embora em certos momentos possa parecer. O problema, com algum empenho e força de vontade, vai acabar por desaparecer. Está sempre a tempo de alterar hábitos.
Para Mariana Abecasis, “a mudança de estilo de vida deve ser sempre a primeira opção.” Se a sua vida é tendencialmente sedentária, isso vai ter de mudar. O primeiro passo pode ser… dar muitos passos. “Fazer exercício e caminhadas ajuda a aumentar o peristaltismo intestinal”, refere a nutricionista.
A ingestão de água ao longo do dia também facilita o trabalho dos intestinos. Para Mariana Abecasis, ingerir “bebidas quentes, como chás e infusões também ajuda muito e facilita a motilidade intestinal. Uma alimentação rica em fibras, principalmente em fibras solúveis” pode fazer a diferença.
Alimentos ricos em fibra:
Os cereais integrais, o pão integral, os frutos secos e as sementes contêm muita fibra, assim como algumas frutas, como a ameixa, papaia, kiwi, pêssego, laranja e manga.
Também legumes e leguminosas, como espinafres, grelos, couves, grão, feijão, ervilhas e favas são bons exemplos de alimentos ricos em fibra.
Uma última recomendação da nutricionista: “o excesso de fibras, principalmente insolúveis, como o caso dos cereais integrais, dos frutos secos e das sementes, quando não é ingerida água suficiente, pode agravar o quadro de obstipação.
Ou seja, as fibras contribuem para o aumento do volume das fezes, mas depois, devido à falta de água, estas têm dificuldade em ser expelidas.” Por todas as razões, para evitar prisão de ventre.
Siga as dicas alimentares da nutricionista Mariana Abecasis no combate à obstipação.
7 passos para combater a obstipação no dia a dia
1. Comece o dia com um copo de água morna e um kiwi em jejum;
2. Ao pequeno-almoço, ingira uma taça com papaia, iogurte natural e duas colheres de sobremesa de linhaça moída;
3. Deixe duas ameixas secas de molho num copo de água durante a noite e, de manhã ao acordar, beba essa água e coma as ameixas;
4. Coma um iogurte magro ou leite magro/bebida vegetal com uma porção de Weetabix;
5. Coma papas de aveia com kiwi;
6. Comece o almoço e o jantar sempre com sopa de legumes;
7. Acompanhe as refeições com esparregado de espinafres ou de grelos.
Se quiser outras sugestões de receitas para uma alimentação amiga dos seus intestinos, espreite a página de Instagram da Mariana Abecasis.
4 receitas funcionais para um intestino saudável
A nutrição funcional é uma excelente aposta para quem sofre de prisão de ventre. Na verdade, “não somos aquilo que comemos, mas sim aquilo que o nosso intestino decide absorver”, como afirma a nutricionista Maria Inês Antunes e autora do livro Receitas para um Superintestino.
Siga estas receitas e ponha o intestino a funcionar bem.