Acupuntura infantil: o método que pode tratar cólicas e outros problemas de saúde
A acupuntura infantil ainda é um bicho-papão para muitos. Sobretudo para os pais, que receiam ver os filhos sofrer. Surpreendentemente, os pequeninos são, na maioria das vezes, os verdadeiros heróis desta história.
A acupuntura em bebés e crianças pode causar algum ‘medo’, muitas vezes, mais aos pais do que às crianças, pelo uso das agulhas.
No entanto, no Ocidente, este método é substituído pelo raio laser, que em termos práticos, não difere das tradicionais agulhas, uma vez que tem como função estimular os pontos de acupuntura. Tal como na aplicação de agulhas, o raio laser não apresenta contraindicações, sendo cada vez mais procurado nos primeiros anos de vida das crianças.
No entanto, e de acordo com Eduardo Vicente, coordenador clínico das Clínicas Pedro Choy, “os pais nem sempre têm conhecimento que é possível fazer o tratamento através do laser”.
Para desmitificarmos estas e outras dúvidas, conversámos com o especialista para percebermos de que forma os pais podem contornar o medo, tirar proveito desta prática milenar em prol da saúde dos seus filhos e ajudá-los a encontrar soluções alternativas para problemas aparentemente crónicos.
Em que é que a acupuntura infantil pode ajudar?
Os primeiros anos de vida de uma criança são uma verdadeira aventura, principalmente para os pais, que vivem permanentemente angustiados com dúvidas acerca das melhores formas de lidar com eventuais problemas de saúde que os filhos possam sentir.
Quem diria que nas pequenas agulhas – ou, neste caso, no laser – estava a resposta/cura para as questões que tantas noites de sono roubam aos pais? “Os resultados que a acupuntura proporciona são excelentes, por norma. A prova disso é que o número de pais que recorrem a estes tratamentos tem crescido exponencialmente. A acupuntura tem cerca de cinco mil anos, se ela não fosse eficaz, já teria desaparecido. Sinal bem evidente da sua eficácia”, afirma Eduardo Vicente.
Como ultrapassar o medo?
“O medo dos pais é ultrapassado quando lhes explicamos que o tratamento é feito com o laser (em crianças pequenas). Embora tenhamos sempre o cuidado de lhes explicar detalhadamente que as agulhas são praticamente indolores”, adverte o especialista, que ao longo da sua prática já teve agradáveis surpresas.
“Foram vários os casos surpreendentes que, ao longo destes anos, me têm passado pelas mãos. Recentemente, tive um caso de uma criança a quem prescrevi acupuntura e cujos pais tiveram mais receio das agulhas do que ela. A dada altura era a criança que tranquilizava os pais, dizendo ‘as agulhas não doem, tenham calma!’’’.
Para os casos em que a criança mostra receio das agulhas, mesmo que até seja mais velha, Eduardo Vicente refere que a opção é sempre o laser e que, gradualmente, vão conquistando a sua recetividade com a introdução das agulhas até que esta se sinta completamente à vontade. “Nunca forçamos”, reforça. Curiosamente, são as raparigas que aceitam as agulhas mais cedo, por volta dos 7/8 anos, ao passo que os rapazes o fazem só a partir dos 10 anos.
Como é uma sessão?
Após uma consulta de diagnóstico, onde é avaliada a patologia da criança, que pode ir desde uma bronquiolite a problemas de sono, é prescrito o tratamento a realizar. Então, são estimulados os pontos de acupuntura anteriormente prescritos em consulta com vista ao tratamento da patologia em causa.
O número de sessões, esse, é muito variável, “não só pela resposta que o organismo dá ao tratamento, mas também pela antiguidade do problema de saúde. Cada caso é um caso. No entanto, não costumam ser necessárias muitas sessões para se notarem os efeitos benéficos da acupunctura no tratamento”, explica Eduardo Vicente, que acredita que a cada vez maior procura da acupunctura pelos pais advém dos bons resultados que a mesma evidencia.
Por que optei pela acupuntura?
São diversos os pais que procuram a acupuntura, uns porque já recorreram a ela e obtiveram bons resultados, outros porque foram aconselhados por conhecidos. Falámos com os pais de Fábio Beco para tentar perceber o que os motivou.
1. Por que recorreram à acupuntura?
O que nos levou a procurar a acupuntura foi a saúde do nosso filho. Desde os 3 anos que sofria de asma e alergias e, mesmo tomando medicação, as idas às urgências eram recorrentes.
2. Foi por iniciativa própria ou por recomendação médica?
Por iniciativa própria e, em parte, pelo feedback positivo de alguns amigos.
3. Têm por hábito de fazer acupuntura?
Não, nunca fizemos acupuntura.
4. Já sabiam que o tratamento em crianças é feito com laser e não com agulhas?
Sim, antes de avançarmos para este tipo de tratamento fizemos uma pesquisa e tivemos acesso a essa informação.
5. Como explicaram ao vosso filho o que se iria passar? Ele ficou entusiasmado ou com receio?
Começámos por ter uma conversa com o nosso filho. Explicámos no que consistia o tratamento e que as agulhas eram completamente indolores. Explicámos também que este tratamento o iria ajudar muito a ficar melhor das crises de asma e alergias e que poderia fazer exercício físico com mais qualidade e melhorar (mais ainda) o seu rendimento – visto que o nosso filho é atleta de alta competição. Ficou todo entusiasmado!
6. Como correm as sessões?
Correram muito bem. Após a consulta, iniciou logo os tratamentos e, embora estivesse um pouco nervoso, o doutor manteve sempre o diálogo com ele e a pouco e pouco foi ficando mais descontraído e as agulhas foram sendo colocadas com o decorrer da conversa. Nas sessões seguintes, já não houve lugar para medos.
7. Ficaram satisfeitos com o tratamento? Voltariam a repeti-lo?
Ficámos muito satisfeitos com o tratamento. Os resultados foram muito positivos, conseguimos reduzir a medicação e deixámos de ir às urgências do hospital. A acupuntura melhorou muito a saúde do nosso filho e já o recomendámos a familiares e amigos.
8. Como é que o vosso filho superou a questão do medo associado às agulhas?
Como referimos anteriormente, o nosso filho aceitou muito bem a acupuntura. Apesar do receio inicial, manteve-se sempre bem-disposto e brincalhão. Numa outra fase do tratamento, o doutor decidiu, em alguns pontos, optar pelo laser, tendo o nosso filho reagido igualmente bem. Atualmente, tem 13 anos, continua a ser atleta de alta competição e a asma e as alergias não impedem a prática da sua atividade desportiva. Estamos convictos de que a acupunctura teve um papel muito importante na melhoria da qualidade de vida do nosso filho.
Já conhecia a acupuntura infantil? Saiba ainda que os seus filhos podem (e devem errar) e conheça as formas de lidar com o erro.