Os afrontamentos são um dos sintomas mais frequentes da menopausa ou da pré e perimenopausa, e têm impacto na qualidade de vida de muitas mulheres.
Na última convenção da Sociedade Norte-Americana de Menopausa, realizada em Cleveland, os especialistas, com base em vários estudos, alertaram para o facto de os afrontamentos não serem só um incómodo passageiro, mas também estarem associados a problemas cardiovasculares.
Quanto mais intensos e frequentes forem, maior é a probabilidade de se vir a sofrer de doença cardiovascular e também de desenvolver outros fatores de risco daquela.
Falamos da tensão arterial alta, níveis de glicemia elevados, aterosclerose e níveis de bom colesterol (HDL) baixos.
Isso acontece sobretudo se o número de afrontamentos chegar aos dez ou 15 e, especialmente, se se manifestarem à noite, impedindo um sono de qualidade.
Os afrontamentos caracterizam-se por um calor súbito e imprevisível que pode aparecer em qualquer altura do dia
O que são
As estatísticas indicam que entre 70% e 80% das mulheres têm afrontamentos, que são um distúrbio do mecanismo de termorregulação do corpo, que é influenciado pelas hormonas sexuais.
Visto que estas diminuem na menopausa, verifica-se um desequilíbrio no controlo da temperatura.
Como se pode ler no livro Descomplicar a Menopausa (Influência), de Cristina Mesquita de Oliveira, presidente da Vidas – Associação Portuguesa de Menopausa, os afrontamentos caracterizam-se por um calor súbito e imprevisível que pode aparecer em qualquer altura do dia, sentido sobretudo no rosto, pescoço, peito e braços.
De dia, designam-se ondas de calor, à noite, calores noturnos. Associados àqueles estão a sensação de mal-estar, o suor abundante e o rubor na face.
Como gerir o calor súbito associado à menopausa
- Vestir-se por camadas para tirar algumas peças quando os afrontamentos surgirem e usar roupas largas;
- Evitar fibras sintéticas e cachecóis ou outras roupas que contribuam para a sensação de calor à volta do pescoço;
- Ter uma camisola e um soutien para trocar se for necessário;
- Ter sempre consigo água para se hidratar;
- Usar uma ventoinha ou um leque;
- Molhar o rosto, o pescoço, a nuca e os pulsos com água fria;
- Dormir em locais arejados.
Fonte: Descomplicar a Menopausa, Cristina Mesquita de Oliveira, Influência
Novos medicamentos
Na convenção já citada falou-se também da chegada de novos fármacos para combater este sintoma da menopausa, sem ser necessário usar a terapêutica hormonal.
De acordo com os especialistas, daqui a dois anos serão aprovadas para uso novas moléculas. As pesquisas apontam para a introdução de fármacos que inibam a neurocinina 3, que poderão moderar a atividade neuronal no centro termorregulador do cérebro, reduzindo assim a frequência e intensidade dos afrontamentos, pois sabe-se que o excesso de calor está associado a uma crescente produção de neurocinina.