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Mais de 10 afrontamentos por dia? Tenha cuidado com o seu coração

Mais de 10 afrontamentos por dia? Tenha cuidado com o seu coração

Segundo os especialistas da Sociedade Norte-Americana de Menopausa, ter mais de dez afrontamentos por dia pode não ser um bom indicativo. Tenha cuidado com a sua saúde cardiovascular.

Por Fev. 16. 2023

Os afrontamentos são um dos sintomas mais frequentes da menopausa ou da pré e perimenopausa, e têm impacto na qualidade de vida de muitas mulheres.

Na última convenção da Sociedade Norte-Americana de Menopausa, realizada em Cleveland, os especialistas, com base em vários estudos, alertaram para o facto de os afrontamentos não serem só um incómodo passageiro, mas também estarem associados a problemas cardiovasculares.

Quanto mais intensos e frequentes forem, maior é a probabilidade de se vir a sofrer de doença cardiovascular e também de desenvolver outros fatores de risco daquela.

Falamos da tensão arterial alta, níveis de glicemia elevados, aterosclerose e níveis de bom colesterol (HDL) baixos.

Isso acontece sobretudo se o número de afrontamentos chegar aos dez ou 15 e, especialmente, se se manifestarem à noite, impedindo um sono de qualidade.

Os afrontamentos caracterizam-se por um calor súbito e imprevisível que pode aparecer em qualquer altura do dia

O que são

As estatísticas indicam que entre 70% e 80% das mulheres têm afrontamentos, que são um distúrbio do mecanismo de termorregulação do corpo, que é influenciado pelas hormonas sexuais.

Visto que estas diminuem na menopausa, verifica-se um desequilíbrio no controlo da temperatura.

Como se pode ler no livro Descomplicar a Menopausa (Influência), de Cristina Mesquita de Oliveira, presidente da Vidas – Associação Portuguesa de Menopausa, os afrontamentos caracterizam-se por um calor súbito e imprevisível que pode aparecer em qualquer altura do dia, sentido sobretudo no rosto, pescoço, peito e braços.

De dia, designam-se ondas de calor, à noite, calores noturnos. Associados àqueles estão a sensação de mal-estar, o suor abundante e o rubor na face.

Como gerir o calor súbito associado à menopausa

  • Vestir-se por camadas para tirar algumas peças quando os afrontamentos surgirem e usar roupas largas;
  • Evitar fibras sintéticas e cachecóis ou outras roupas que contribuam para a sensação de calor à volta do pescoço;
  • Ter uma camisola e um soutien para trocar se for necessário;
  • Ter sempre consigo água para se hidratar;
  • Usar uma ventoinha ou um leque;
  • Molhar o rosto, o pescoço, a nuca e os pulsos com água fria;
  • Dormir em locais arejados.
Fonte: Descomplicar a Menopausa, Cristina Mesquita de Oliveira, Influência

Novos medicamentos

Na convenção já citada falou-se também da chegada de novos fármacos para combater este sintoma da menopausa, sem ser necessário usar a terapêutica hormonal.

De acordo com os especialistas, daqui a dois anos serão aprovadas para uso novas moléculas. As pesquisas apontam para a introdução de fármacos que inibam a neurocinina 3, que poderão moderar a atividade neuronal no centro termorregulador do cérebro, reduzindo assim a frequência e intensidade dos afrontamentos, pois sabe-se que o excesso de calor está associado a uma crescente produção de neurocinina.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº271, janeiro de 2023.
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