Aleitamento materno: como sobreviver a noites mal dormidas?
São muitas as questões das mãe em relação ao aleitamento materno. Para esclarecer todas as dúvidas, Lurdes Silva Ribeiro, enfermeira perita de ginecologia e obstetrícia – integra Consulta de Enfermagem de Amamentação do Hospital CUF Descobertas, simplifica o principal a reter.
Durante as consultas de enfermagem de obstetrícia, as grávidas colocam-nos esta questão com frequência. Todas sabemos que o puerpério (fase pós-parto em que há a regressão das alterações físicas e psíquicas que ocorreram durante a gravidez) é um período curto, de cerca de seis semanas, mas muito intenso, em que as mães muitas vezes se sentem cansadas, inseguras, emotivas ou ansiosas.
O aleitamento materno em horário livre deve ser incentivado, pois faz parte do comportamento normal do recém-nascido mamar com frequência, sem regularidade quanto a horários, mesmo durante a noite.
Mas qual o benefício do horário livre?
Estes são alguns dos benefícios do aleitamento materno sem restrições:
- Diminui a perda de peso inicial do recém-nascido;
- Favorece a recuperação mais rápida do peso de nascimento;
- Promove uma “descida do leite” mais rápida;
- Aumenta a duração do aleitamento materno;
- Estabiliza os níveis de glicose do recém-nascido;
- Diminui a incidência de hiperbilirrubinemia (icterícia prolongada);
- Previne o ingurgitamento mamário (acumulação de leite nas mamas, que pode causar dor, inchaço e desconforto para a mãe).
É importante referir que a amamentação frequente, em horário livre, não aumenta o risco de lesões do mamilo. As lesões do mamilo estão mais associadas à técnica da amamentação do que à frequência e duração das mamadas.
A prolactina, hormona associada a produção de leite materno, atinge os seus níveis mais altos durante a noite/madrugada, pelo que é importante manter a amamentação no período noturno, se o bebé solicitar mama.
Mitos, verdades e uma boa noite de sono
Existe o mito de que bebés com mais de seis meses não precisam ser amamentados durante a noite, mas muitas vezes não é isso que acontece, mantendo-se a amamentação durante a noite por longos períodos de tempo.
Desde o nascimento do bebé que a mulher que amamenta dorme menos horas do que dormia anteriormente. A necessidade de alimentar o bebé à noite e os seus ciclos curtos de sono interrompem o sono normal da mãe, o que causa cansaço.
Para colmatar esta situação, é importante descansar mais, envolver o pai nos cuidados ao bebé e nos cuidados com a casa.
Mesmo que seja difícil dormir o suficiente quando o bebé acorda durante a noite, deve adotar períodos de descanso durante o dia de forma a controlar a fadiga e readquirir a sua energia.
Sempre que se sentir muito cansada pode solicitar ajuda à família para a apoiarem a cuidar do bebé enquanto descansa.
Adotar hábitos de vida saudáveis, com uma alimentação cuidada e equilibrada, e exercício físico, é fundamental para ultrapassar este período conturbado.
Após o início da atividade profissional da mãe, os períodos de descanso durante o dia deixam de ser possíveis, o que aumenta o cansaço materno, mas se o pai estiver envolvido, existindo uma partilha de tarefas, a mãe vai conseguir superar mais facilmente esta nova etapa.