Saiba quais são e como prevenir as três principais alergias de verão
O sol e as picadas dos insetos são os alergénios mais comuns quando o calor aperta, mas há alimentos que ingerimos preferencialmente nesta altura do ano que estão entre os que mais alergias provocam.
Geralmente, as alergias são associadas à primavera, mas há algumas que são mais comuns no verão. Falamos das incomodativas alergias ao sol e às picadas de insetos, que podem estragar as férias, mas vamos também olhar para as alergias alimentares, pois há alguns alimentos que comemos preferencialmente nesta altura do ano que também estão entre os mais alergénios.
Sofia Pinto Luz, coordenadora de Imunoalergologia do Hospital CUF Cascais e da Clínica CUF São Domingos de Rana e criadora da plataforma @senhora_alergia, ajuda-nos a perceber o que são estas reações alérgicas.
Alergia ao sol
Tal como acontece na primavera, as reações ao sol são relativamente comuns no verão, mas Sofia Pinto Luz realça que “nem todas são alérgicas”.
A imunoalergologista afirma que aquelas se manifestam “por erupção cutânea, com comichão, e que muitas vezes desaparecem sem necessidade de tratamento. São descritas zonas vermelhas associadas à comichão, que podem ser manchas ou então pequenos altos, as chamadas ‘babas’. Podem evoluir para bolhas, zonas descamativas ou crostas. As lesões podem ocorrer em qualquer zona do corpo, sendo mais frequentes nos braços, mãos, pernas e peito”.
A médica realça que “a sensibilidade ao sol varia de pessoa para pessoa e de acordo com o seu tipo de pele (fotótipo I a IV)”. Estima-se que as reações ao sol afetem até dez por cento da população, na sua maioria entre os 15 e 35 anos e do género feminino.
Três tipos de reações ao sol
Olhemos, então, para os três tipos de reações ao sol: urticária solar, erupção polimórfica à luz e fotoalergia mediada por fotossensibilizantes.
A primeira, diz Sofia Pinto Luz, “é rara, trata-se de uma reação imediata, rápida a acontecer e que afeta sobretudo mulheres. Manifesta-se por pápulas, vermelhidão na pele e muita comichão. Estas lesões cutâneas podem durar de minutos a horas e geralmente basta interromper a exposição solar para que as lesões desapareçam. Em alguns casos pode ser necessário tratamento para prevenir estes episódios, por exemplo, com anti-histamínicos”.
A segunda é a mais comum e, como explica a imunoalergologista, surge habitualmente “durante os primeiros dias de exposição, as alterações cutâneas podem ser mais tardias e durar vários dias. Surgem pequenas pápulas eritematosas ou mesmo lesões pápulovesículares apenas nas zonas da pele expostas ao sol. Estas manifestações tendem a tornar-se mais ligeiras com a continuidade da exposição até deixarem de aparecer”.
A última “pode ser provocada por exposição direta à luz solar após contacto com plantas, aplicação de cosméticos na pele ou toma de medicamentos como antibióticos ou anti-inflamatórios não esteroides”.
SOS reações solares
- Evitar a exposição solar abrupta, fazer uma exposição gradual e evitar os chamados escaldões;
- Evitar a exposição ao sol nas horas de maior concentração de radiação UV, entre as 10h e as 16h;
- Aplicar proteção solar;
- Usar roupas com mangas compridas, chapéus e óculos de sol;
- Consultar um médico imunoalergologista, de forma a ter um diagnóstico correto, para o qual pode existir um tratamento específico.
As picadas de abelhas e as vespas podem ser muito perigosas em doentes com alergia aos seus venenos
Alergia a picada de insetos
Com o calor chegam também os insetos e as picadas, que podem transformar as férias num verdadeiro pesadelo. “Habitualmente, são situações muito incómodas, mas benignas e transitórias. No entanto, existem picadas de insetos, como as abelhas e as vespas, que podem ser muito perigosas em doentes com alergia aos seus venenos, podendo mesmo levar à morte”, esclarece Sofia Pinto Luz.
Portanto, continua a nossa entrevistada, “todas as pessoas com história de alergia grave devem procurar uma consulta de Imunoalergologia para serem estudadas e tratadas”.
Os insetos mais frequentemente responsáveis por picadas no verão são os mosquitos ou melgas, pulgas, carraças, aranhas e percevejos. “Causam habitualmente reações locais ligeiras que provocam dor, vermelhidão, comichão e inchaço local. Apenas 10% das reações locais são consideradas exuberantes, quando apresentam diâmetros superiores a dez centímetros e duram mais de 24 horas”, explica a médica.
Estratégias para se proteger de picadas de insetos
- Aplicar repelente na pele exposta e também por cima da roupa. Se colocar protetor solar, aplique-o antes do repelente;
- Usar mangas compridas e calças nos momentos do dia em que os insetos estão mais ativos (nascer e pôr do Sol);
- Calçar sapatos fechados enquanto estiver na rua;
- Colocar redes mosquiteiras nas janelas de casa ou evitar abrir janelas à noite com luzes acesas dentro de casa;
- Usar difusores elétricos anti-insetos nas tomadas de casa;
- Usar redes mosquiteiras de modo a proteger a sua cama;
- Manter os alimentos e bebidas tapados para não atrair insetos;
- Evitar frequentar zonas com águas paradas, como lagos e pântanos;
- Não perturbar ninhos de insetos;
- Os mosquitos são atraídos por cores como vermelho, laranja, preto e azul e tendem a afastar-se de verde, roxo, azul e branco.
Alergias alimentares
É claro que as alergias alimentares não são exclusivas do verão e, como refere Sofia Pinto Luz, “podem surgir com qualquer alimento e em qualquer idade”.
No entanto, os mariscos, bivalves e frutas frescas, tão apreciados nesta altura do ano, são alguns dos alimentos que mais as provocam. O leite, ovos, soja, trigo, peixe, frutos secos e amendoins são outros dos alimentos que mais frequentemente desencadeiam alergias.
Importante também, salienta a médica imunoalergologista, é saber distinguir entre alergia alimentar e intolerância alimentar: Na primeira, “existe uma reação do nosso sistema imunitário contra proteínas específicas nos alimentos, provocando sintomas que podem variar de ligeiros até muito graves ou mesmo fatais”.
Já a segunda “consiste numa dificuldade em digerir o alimento. O intestino não consegue degradar o alimento e, dessa forma, surgem sintomas gastrointestinais como vómitos, cólicas, gases, obstipação e diarreia”, acrescenta.
Sintomas mais comuns
A sintomatologia associada às alergias alimentares é variada. De acordo com Sofia Pinto Luz, “no caso de alergia moderada, podem surgir borbulhas associadas a comichão (urticária), inchaço cutâneo (angioedema), eczema, queixas gastrointestinais como dores abdominais, vómitos, diarreia e fezes com sangue”.
Os casos mais graves têm como sintomas “sensação de aperto da garganta com dificuldade em respirar, baixa da pressão arterial e mesmo perda de consciência, podendo evoluir até à morte se não forem tratados”, avisa a imunoalergologista. A reação alérgica mais grave chama-se anafilaxia.
Evitar o alimento causador da alergia é a base da prevenção das alergias alimentares, mas há algumas soluções. Veja quais:
• Sintomas moderados: Deve ser administrada terapêutica oral (anti-histamínico e corticoide).
• Sintomas graves: As canetas de adrenalina são o único tratamento eficaz, capaz de reverter um caso grave de alergia alimentar (anafilaxia).