Saúde

Amigdalite: retirar ou não as amígdalas?

Como se manifesta uma amigdalite? Quais os sinais de alerta a que devemos estar atentas? José Saraiva, coordenador do Centro de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Descobertas, desvenda tudo sobre esta questão e dá respostas.

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Amigdalite: retirar ou não as amígdalas? Amigdalite: retirar ou não as amígdalas?
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Ago. 29, 2021

As amigdalites são inflamações das amígdalas que podem surgir isoladamente ou em associação com outras doenças das vias aéreas superiores, como por exemplo as faringites.

Quanto à sua evolução no tempo podem classificar-se como sendo agudas, de repetição ou crónicas. Em relação à causa, as amigdalites agudas podem ter uma origem viral ou bacteriana.

Principais sintomas

O sintoma principal é a dor de garganta, que pode variar quer na intensidade, quer na forma como se instala – subitamente ou de uma forma progressiva.

Está também muitas vezes associada à dificuldade em engolir os alimentos e acompanha-se de febre de intensidade variável.

Para além disso, é frequente haver mau hálito e, por vezes, queixas de dores de barriga, náuseas ou mesmo diarreia.

Problemas mais comuns associados

As amigdalites podem complicar-se e dar origem a um abcesso peri-amigdalino ou faríngeo, situações graves que justificam o acompanhamento do médico especialista para tratamento adequado que, muitas vezes, implica a drenagem cirúrgica do abcesso.

Nestes casos, as principais queixas são d:

  • Dores de garganta intensas;
  • Dificuldade em engolir os alimentos;
  • Salivação em excesso;
  • Dificuldade em abrir a boca e falar, associada a febre por vezes alta.

Também a nível mais geral as amigdalites causadas por bactérias, se não forem adequadamente tratadas, podem dar origem a problemas a nível do coração e dos rins.

A cirurgia das amígdalas é simples, embora não isenta de riscos como qualquer cirurgia que se realiza sob anestesia geral
José Saraiva, coordenador de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Descobertas José Saraiva, coordenador de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Descobertas

Operar ou não operar às amígdalas?

O tratamento cirúrgico das amígdalas não é uma questão de moda. Hoje em dia há critérios científicos definidos como indicação para operar as amígdalas:

  • A frequência dos episódios infeciosos que ocorrem durante um ou mais anos;
  • O tamanho das amígdalas pode também justificar a indicação operatória, pois umas amígdalas demasiado grandes que são causa de apneia obstrutiva do sono ou de outras alterações do sono, que causam dificuldades de alimentação com atraso do crescimento nas crianças ou alterações da linguagem são critérios para efetuar a cirurgia;
  • Em relação às complicações mais gerais, a associação das amigdalites a doenças cardíacas ou a convulsões febris, assim como a abcessos peri-amigdalinos ou faríngeos, constituem também indicação operatória.

A cirurgia das amígdalas é simples, embora não isenta de riscos como qualquer cirurgia que se realiza sob anestesia geral e, na grande maioria dos casos, em ambulatório, isto é, sem necessitar de internamento.

Há várias técnicas de remoção das amígdalas, mas todas elas, no essencial, apresentam os mesmos resultados quanto à eficácia, podendo, por isso, variar dependendo do treino de cada cirurgião.

Amigdalites e a Covid-19

Durante este tempo de pandemia muitos dos nossos hábitos foram alterados, passámos mais tempo em casa, as crianças estiveram menos tempo na escola, mantivemos o distanciamento físico, usámos máscaras e lavámos mais vezes as mãos.

Estas alterações contribuíram para uma redução significativa das infeções das vias aéreas superiores, bem como das infeções das amígdalas. No entanto, este período constitui apenas uma pausa.

A progressiva retoma da normalidade irá trazer de novo estas situações clínicas para as quais devemos estar atentos e procurar rapidamente a ajuda de um médico especialista a fim de definir um programa de tratamento.

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