Ser mãe depois dos 35 anos. Devo ou não fazer a amniocentese?
Quando se é mãe depois dos 35 anos, uma das primeiras perguntas que surgem em consultório é “devo ou não fazer amniocentese?” Tentámos descobrir a resposta.
Para tal é importante desmistificar o conceito de amniocentese, perceber quando deve fazer este exame pré-natal e ainda considerar outros rastreios alternativos.
O que é a amniocentese?
A amniocentese consiste numa colheita de líquido amniótico que envolve o feto, por introdução de uma agulha através da parede abdominal maternal e que permite diagnosticar doenças congénitas no feto.
É realizada por controlo ecográfico e por norma entre a 14.ª e a 18.ª semanas.
Quando devo fazer a amniocentese?
“A grávida, antes de pensar na amniocentese, deverá começar por fazer o rastreio de anomalias cromossómicas, um exame realizado a todas as grávidas vigiadas que define o risco de vir a ter um feto com as principais anomalias (nomeadamente trissomia 21, 18 e 13)”, de acordo com Carmen Ferreira, enfermeira especialista em Saúde Materna e Obstetrícia pós-graduada em Saúde da Mulher e da Criança.
“Só após este rastreio e caso venha alterado é que poderá ter de realizar, por indicação obstétrica, a amniocentese e/ou uma biopsia das vilosidades coriónicas”, acrescenta.
A amniocentese irá permitir maiores certezas quanto à possibilidade de anomalias no feto em grávidas com risco aumentado.
Apesar de o risco de ter um filho com anomalias cromossómicas aumentar com a idade, esta por si só não é um fator de decisão para a realização da amniocentese.
Fatores a ter conta para fazer a amniocentese (além da idade):
• se recebeu um resultado positivo (anómalo) num exame de rastreio genético;
• se esteve anteriormente grávida de uma criança com malformações à nascença;
• se você ou o seu parceiro possuem alguma anomalia cromossómica ou genética;
• se você ou o seu parceiro são portadores de um problema hereditário.
Só a avaliação de todos estes fatores justifica ou não a amniocentese. Até porque “há riscos associados a este exame, o de infeção, perda de líquido e aborto”, refere a enfermeira Carmen Ferreira.
É também importante que a grávida tenha conhecimento de que “existem outras alternativas menos invasivas que permitem avaliar estas alterações cromossómicas, através de uma análise ao sangue“, acrescenta a especialista.
Rastreio pré-natal não invasivo neoBona. Uma alternativa?
Este é um dos testes disponíveis para determinar as anomalias cromossómicas mais frequentes na gestação.
Margarida Reis-Lima, médica geneticista dos Laboratórios SynLab, eslcarece todas as dúvidas sobre este exame.
Em que consiste este rastreio?
É um teste com colheita de sangue da grávida, a partir das 10 semanas. O rastreio estuda o ADN livre do feto que está na circulação materna, determinando o risco para as anomalias cromossómicas mais frequentes na gestação: as trissomias 21, 18 e 13.
É um teste genético de rastreio e, como tal, deve ser prescrito pelo médico em qualquer uma das opções disponíveis: simples ou avançado. Em qualquer uma das opções, é possível conhecer o sexo do bebé.
Em que é que difere do rastreio combinado do primeiro trimestre?
São ambos testes de rastreio, mas a sensibilidade e taxa de deteção do rastreio não invasivo é muito superior: cerca de 99,9% versus cerca de 85-87%.
O rastreio bioquímico é um teste mais indireto que avalia marcadores bioquímicos da placenta e feto. O rastreio não invasivo vai analisar o ADN fetal livre diretamente.
A elevada especificidade do desempenho do rastreio pré-natal não invasivo reduz o número de falsos positivos. Mas nunca substitui a ecografia das 12 semanas, que tem objetivos diferentes.
Este teste substitui a amniocentese ou a biopsia das vilosidades coriónicas?
A amniocentese e a biopsia das vilosidades são testes de diagnóstico e não de rastreio. Porém, o rastreio não invasivo tem uma taxa de deteção muito alta (99,9%), logo evita que muitos testes invasivos sejam efetuados, além de não apresentar qualquer risco para a mãe e bebé.
A quem se destina?
Está aconselhado em mulheres grávidas de qualquer idade, já que uma gestação afetada de trissomia 21 não escolhe idades. Tem especial indicação a partir dos 35 anos, pois o risco para trissomias aumenta com a idade materna.
Agora que já está familiarizada com a amniocentese, descubra os riscos e cuidados a ter pela voz de quatro mães perto dos 40.