Anel vaginal: Como é que se coloca? E como funciona? Esclarecemos tudo
Pode ainda ser pouco falado e talvez haja ainda quem não saiba como funciona. Com ajuda de uma ginecologista, dizemos-lhe tudo o que precisa de saber sobre o anel vaginal.
Se quando lhe falamos em anel vaginal o conceito ainda lhe é desconhecido, então aqui está uma oportunidade de o conhecer.
Encontrar o método contracetivo certo pode ser uma odisseia: há quem não queria receber uma grande dosagem de hormonas todos os meses, quem ache o preservativo desconfortável ou quem nem equacione colocar um dispositivo no interior do útero (neste caso o DIU, dispositivo intrauterino).
Porém, para se manter protegida e longe de uma gravidez indesejada, deve saber quais as opções disponíveis e, primeiro, falar com o seu médico a fim de descobrir o método mais adequado para si.
Deixamos-lhe, neste artigo, uma opção que poderá ser viável: o anel vaginal. É, tal como o nome supõe, um objeto circular com cerca de cinco centímetros, macio, flexível e que liberta hormonas ao entrar em contacto com a vagina.
Tem de ser removido ao final de três semanas (antes da pausa para decorrer a menstruação) e depois deverá ser deitado fora.
Em conversa com a ginecologista e obstetra Sílvia Roque, percebemos melhor como é que este método contracetivo funciona.
Tudo o que precisa de saber sobre o anel vaginal
Como funciona o anel vaginal e como atua?
É um método hormonal e não de barreira. É introduzido na vagina e, seja qual for a posição em que fica, ele funciona sempre, isto porque é em contacto com as paredes da vagina que as hormonas libertadas pelo anel são absorvidas o que faz com que o anel esteja sempre bem colocado. Não tem passagem hepática [não é oral, é por via vaginal e, por isso, não passa pelo fígado],. Por ser introduzido desta forma, é muito mais seguro porque os fármacos não têm duas passagens, são diretamente absorvidos.
Em que altura do mês é que se coloca?
Na primeira vez, deve ser no primeiro dia do período. É deixado durante 22 dias, depois é retirado, e volta a ser colocado no mesmo dia da semana, uma semana depois. Portanto, há uma semana de intervalo para menstruar.
Como é que se coloca e como é retirado?
Funciona mais ou menos como um tampão. Poder ser ajustado com os dedos, mas há inclusivamente algumas marcas no mercado que têm aplicador, há outras que não têm e que são mais maleáveis. Na verdade, é um pouco por gosto pessoal. Para retirar, desde que se faça a higiene das mãos, basta introduzir o dedo e retira-se facilmente
As hormonas que liberta são as mesmas que encontramos na pílula?
São diferentes, mas mais ou menos da mesma natureza. O anel tem menos dosagem hormonal e é uma libertação contínua, enquanto a pílula tem todos os dias picos hormonais. Isto não acontece com o anel. Tem menos picos.
Qual é a percentagem de eficácia deste método contracetivo? É semelhante aos restantes?
É até superior. É ideal principalmente para aquelas pessoas que se esquecem de tomar a pílula, isto porque fica no organismo durante um mês. É um método de eleição, por exemplo, para as enfermeiras, para as hospedeiras, que trabalham por turnos…
Após as três semanas, é deitado fora ou pode ser reutilizável?
Não, é deitado fora, porque deixa de ter hormona.
Pode interferir com as relações sexuais?
Não. É claro que há uma pessoa ou outra que diz que o parceiro sentiu, mas são muito poucos os casos que referem isso.
E se o anel sair? Como devemos proceder?
Ele raramente sai, a não ser em vaginas de mulheres que tiveram muitos filhos e que sejam mais largas ou se não ficou bem colocado. Há também pessoas que têm medo de colocar, ou por receio que saia ou que se perca dentro da vagina, mas a vagina é um saco e tem um fundo e por isso podem sempre retirá-lo.
Se nos esquecermos de o colocar no dia e o colocarmos no dia a seguir, há perigo de engravidar?
Um dia depois já não convém. Mas se, por exemplo, ele estiver mal colocado, pode lavar as mãos, tirar e voltar a introduzir. Há pessoas até que tiram para terem relações sexuais, mas não é preciso.
Há efeitos secundários?
São os mesmos da pílula e há pessoas em que este método é contraindicado. Quem não pode fazer estrogénios, quem tenha problemas de coagulação ou de fígado, este método contracetivo não é indicado. Quantos aos efeitos, pode causar náuseas, má disposição, dores de cabeça, retenção de líquidos, mas em menor escala devido à dosagem, que é muito mais baixa.
E perigos?
Não há. De qualquer forma, a pessoa tem de ir ao médico porque nem toda a gente pode tomar métodos hormonais.
Os antibióticos anulam o seu efeito?
Não anula tanto, mas também tem de se ter algum cuidado com a maioria.
Na pausa dos sete dias, é seguro ter relações sexuais?
Se foi colocado e retirado na altura certa, sim.
Há desvantagens em usar este método contracetivo?
Desvantagem, só se a pessoa não o conseguir colocar. Há pessoas que têm tabus em mexer na vagina. Há outras em que quando falamos do anel dizem “eu não introduzo nada na vagina”, por isso, as desvantagens são só da própria pessoa. Só se a pessoa não se sentir confortável em colocar, mas hoje em dia com a nova geração, que usa tampões, não existem estes problemas. De qualquer forma, há ainda pessoas que têm alguns tabus em relação a métodos de introdução de objetos na vagina.
E não protege das doenças sexualmente transmissíveis (DST’s)…
Não, mas a pílula também não. O único método que protege das DST’s é o preservativo.