A anemia não é uma doença por si, mas sim uma situação clínica que consiste na diminuição dos glóbulos vermelhos no sangue. Estes são células do nosso sangue, responsáveis por levar o oxigénio dos nossos pulmões aos restantes órgãos do nosso corpo.
Quando o seu número está abaixo do normal, o sangue não consegue transportar a quantidade adequada de oxigénio, levando ao aparecimento de alguns dos sintomas da anemia.
Quais são as causas da anemia?
Existem inúmeras causas da anemia, mas a maioria pode ser agrupada em três grupos principais.
1. Perda de sangue ou hemorragia excessiva
Cerca de 90% dos casos de anemia são causados por perdas de sangue. Estas podem acontecer de forma repentina, num acidente ou numa cirurgia. Ou então de forma crónica (a mais comum), de forma gradual e repetitiva, e acontecem, sobretudo, por via ginecológica (por exemplo, menstruações intensas) ou do tubo digestivo.
Este tipo de perdas de sangue constantes leva a que existam baixos níveis de ferro, agravando os sintomas da anemia.
2. Baixa produção de glóbulos vermelhos
Quando o número de glóbulos vermelhos presentes na corrente sanguínea baixa, diminui também a quantidade de oxigénio que é transportado até aos nossos órgãos. E aumenta a probabilidade de apresentar sintomas de anemia.
A produção de glóbulos vermelhos é afetada por algumas doenças crónicas, como a infeção por VIH/SIDA ou a insuficiência renal. Ou por cancros que atinjam a medula óssea, como leucemia ou linfoma.
3. Destruição excessiva de glóbulos vermelhos
Os glóbulos vermelhos têm um ciclo de vida de, aproximadamente, 120 dias. Caso haja uma destruição prematura destas células, a medula óssea compensa esta perda com uma produção mais rápida de novos glóbulos vermelhos.
Mas quando a produção é insuficiente para a quantidade de células destruídas prematuramente, é possível que surjam sintomas desta situação clínica.
Quais os sintomas a que deve estar atenta?
“Os sintomas dependem da rapidez da instalação da anemia”, explica Manuela Bernardo, especialista em hematologia clínica no Hospital CUF Infante Santo.
Da lista de sintomas mais frequentes fazem parte “cansaço, sonolência, por vezes dor no peito ou descompensação da insuficiência cardíaca em pessoas mais idosas”. Deve ainda estar atenta a fatores como a queda de cabelo ou unhas frágeis ou quebradiças ou até “vontade de comer coisas estranhas, como gelo“.
Manuela Bernardo reforça a importância de consultar um médico assistente se sentir algum destes sintomas, para orientação do diagnóstico. “A maior parte das anemias é consequência de doenças que não necessitam de um hematologista, mas é fundamental a investigação da causa, mesmo na falta de ferro, pois pode levar à deteção de um tumor, em especial no tubo digestivo”, clarifica.
Sintomas de anemia
• Fadiga
• Fraqueza
• Palidez
• Tonturas e/ou desmaios
• Aumento de sede
• Sudorese
• Tensão baixa
• Cãibras na parte inferior das pernas durante o exercício físico (o magnésio pode ajudar)
• Falta de ar
• Dores no peito
Para além desta lista, é necessário estar ainda atenta a outros sinais que deve partilhar com o seu médico assistente.
Fezes escuras e pastosas, sangue na urina ou nas fezes ou tosse com sangue podem ser indícios de anemia por hemorragia. Urina escura ou icterícia (uma tonalidade amarelada da pele ou do branco dos olhos) podem indicar uma destruição excessiva de glóbulos vermelhos. Sensação de queimadura ou formigueiro nas mãos ou pés podem significar falta de vitamina B12.
Como viver com anemia?
“Na maioria dos casos, a anemia é tratável e não necessita de acompanhamento regular de um especialista”, explica a especialista do Hospital CUF Infante Santo. No entanto, há casos em que é necessário haver vigilância ou acompanhamento regular, mesmo que a pessoa esteja bem.
Manuela Bernardo aponta casos como aqueles em que “existem doenças hereditárias da hemoglobina, como a anemia de células falciformes, que na sua forma mais grave necessita de vigilância e tratamentos regulares, ou em situações de anemia hemolítica”.
Por isso, explica, é possível viver com anemia, “desde que os valores da hemoglobina não sejam muito baixos nem houver nenhuma situação de doença grave”. Aconselha, no entanto, que pacientes que tenham anemia, mesmo que ligeira, tenham atenção a “situações em que o organismo entra em esforço, incluindo temperaturas extremas ou refeições copiosas, para lá do esforço físico”.
Algumas das causas da anemia são curáveis, enquanto outras não. “Em situações de anemia hereditária, são curáreis com terapia genética, que ainda está em fase de investigação. Em situações de doença maligna, a cura da anemia depende da cura da doença”, explica a especialista.
Apesar de o tratamento da anemia incidir, sobretudo, na sua causa, passa também pela normalização dos elementos em falta no organismo. Para além da carência de ferro, o corpo pode passar por carência de outras vitaminas, como a vitamina B12.
Tratar através da alimentação
Dieta de ferro
A alimentação desempenha um papel bastante importante no tratamento da anemia. Estima-se que 90% das anemias resulta na falta de ferro, principal constituinte da hemoglobina e sem o qual o organismo é incapaz de a produzir nas quantidades necessário.
Garanta que inclui na sua dieta alimentos como carnes vermelhas, frango ou gema de ovo. Se seguir uma dieta vegetariana, assegure que a sua despensa está recheada com leguminosas como grão, feijão ou lentilhas, espinafres e brócolos. Conheça aqui outros alimentos ricos em ferro que não podem faltar na sua alimentação.
Multivitaminas
Para além do ferro, a vitamina B12 também desempenha um papel fundamental no tratamento da anemia. Esta vitamina, tal como o ácido fólico, é responsável pela produção de glóbulos vermelhos.
Pode encontrar a vitamina B12 em alimentos como fígado, ostras ou marisco e o ácido fólico em espargos, couves-de-bruxelas e outros vegetais de folhagem verde.
A vitamina C também é uma aliada no combate à anemia. Apesar de não contribuir de forma direta na produção de hemoglobinas, esta vitamina ajuda na absorção do ferro. Pode encontra-la em brócolos, mas também em citrinos e morangos.
Chega de café
Enquanto a vitamina C ajuda o corpo a absorver o ferro, a cafeína faz o oposto. Por isso, corte no café e nos refrigerantes.
De modo a garantir que a sua dieta é adequada às suas necessidades, é importante que se aconselhe junto do seu médico assistente ou especialista e de um nutricionista.
Fonte: MSD Manuals – Versão Família; Fonte: CUF – 5 conselhos para combater a anemia
Se possui algum destes sintomas, faça da beterraba uma constante na sua alimentação.