Esta é uma das doenças crónicas mais frequentes no mundo, sendo a principal na idade pediátrica. Não pode ser curada, mas pode ser tratada. Em Portugal, a prevalência da asma é de cerca de 6,8% (sendo de 10% nas idades acima dos 14 anos), o que se traduz por cerca de 700 mil portugueses com asma, ou seja, um em cada 15 pessoas, a maior parte em idade escolar ou laboral.
A asma é uma doença inflamatória dos brônquios caracterizada por sintomas respiratórios, tais como: pieira, dispneia, aperto torácico ou tosse, que variam em intensidade e duração, alternando com períodos livres de sintomas.
O diagnóstico é essencialmente clínico, com base nos sintomas atrás referidos, mas deve ser complementado pela realização de uma espirometria com broncodilatação, que avalia de forma simples a resposta das vias aéreas a um agente inalado.
Como se trata a asma?
A abordagem do tratamento da asma pode ser dividida em tratamento de manutenção e tratamento da crise. As crises de asma podem ser equiparadas à ponta de um iceberg, ou seja, a parte mais visível do problema. Mas, dentro do conceito de asma como doença crónica, o mais importante é o seguimento longitudinal e a avaliação da necessidade de tratamento de manutenção contínuo.
O tratamento da asma deve ser feito por degraus, de acordo com as guidelines do GINA (Global International Network for Asthma), e baseado nos sintomas, no risco de crise, nos efeitos secundários e na avaliação da resposta inicial. É um tratamento dinâmico e o doente deverá ser reavaliado periodicamente. Os degraus podem ser subidos ou descidos, consoante o nível de controlo conseguido.
O que é e qual a importância de avaliar o controlo da asma?
O grau de controlo da asma pode ser definido pela forma como os sintomas se manifestam com ou sem tratamento. Para calcular o grau de controlo, existem inquéritos como o CARAT (Control of Allergic Rhinitis and Asthma Test), em que perguntas referentes a sintomas, à interferência na atividade diária e à necessidade de medicação nas últimas quatro semanas ajudam a ter uma melhor perceção do mesmo.
No inquérito epidemiológico da asma em Portugal, concluiu-se que 43% da população asmática não estava controlada, mas 88% tinha respondido que considerava a sua doença controlada.
Esta falta de perceção é uma das responsáveis pela manutenção de queixas e ainda há muitos doentes que se habituam a viver com sintomas.
Uma asma não controlada é uma asma grave?
A falta de controlo da asma não está diretamente relacionada com a gravidade da mesma: o nível de medicação necessária para o controlo é que permite classificar a asma de ligeira a grave.
Quando a asma não está controlada, verificamos a adesão à terapêutica, a técnica inalatória, os fatores agravantes (ex.: tabaco, exposição ambiental), doenças concomitantes (comorbilidades) e, depois, subimos degraus de terapêutica. Quando atingimos o nível máximo de medicação, podemos dizer que se trata de uma asma grave.
Neste patamar, a terapêutica com biológicos é uma opção, mas, para tal, é necessário identificar qual a etiologia (origem) da asma (endótipo) para podermos adequar a escolha do biológico. Estes doentes requerem uma abordagem rigorosa e sistemática no seu diagnóstico e tratamento, de preferência realizada por uma equipa multidisciplinar, pelo que devem ser encaminhados para Centros Especializados.