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Aterosclerose: como identificar aquela que é principal causa de AVC

Aterosclerose: como identificar aquela que é principal causa de AVC

Sabe quais são os sintomas associados à aterosclerose? Conheça todos os detalhes associados a este processo patológico que afeta milhares de portugueses.

Por Mar. 10. 2022

O nome não é, certamente, desconhecido do público em geral, mas será que sabe o seu impacto no País? As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal, sendo que a aterosclerose é a principal causa de AVC (acidente vascular cerebral).

A doença não só é responsável por 12% das mortes prematuras em Portugal, como tem custos globais de 1,9 milhões de euros, sendo que equivale a 1% do Produto Interno Bruto e representa 11% da despesa corrente em saúde, segundo os dados de 2021.

Um estudo da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (SPA) que analisou o impacto socioeconómico da doença, divulgou que quando é feita a soma dos custos diretos da aterosclerose, 58% estão relacionados com custos em ambulatório e 42% com a não participação no mercado de trabalho.

Não é segredo que as principais causas das doenças cardiovasculares estão muito associadas à alimentação rica em açúcares e gorduras e à falta de atividade física no dia a dia.

O que é e quem afeta a aterosclerose

Quando falamos em aterosclerose, será que percebemos, realmente, o que é? “A Aterosclerose é um processo patológico que afeta as grandes artérias e que se caracteriza pela deposição de gordura (sobretudo colesterol), cálcio e outros elementos como resposta a um processo inflamatório”, começa por explicar António Valentim Gonçalves, Cardiologista no Hospital CUF Descobertas.

“Localiza-se sobretudo nas artérias que vascularizam o coração, cérebro e os membros inferiores, sendo o processo fisiopatológico subjacente à maioria dos casos de Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) ou de Acidente Vascular Cerebral (AVC)”.

Ao contrário do que se possa pensar, este não é um processo que só acontece na idade adulta. As evidências começam mais cedo e só mais tarde é que se manifestam. “A doença aterosclerótica começa a originar-se na adolescência, continuando a sua longa evolução ao longo dos anos e tendo tendência a revelar-se clinicamente em idades mais avançadas”.

Por mais que já tenha ouvido falar neste nome, está a par de todos os sintomas associados?

A presença de dor no peito ou o cansaço com o esforço são dois alertas que podem significar suspeita de doença coronária.

Sintomas

António Valentim Gonçalves assegura que a aterosclerose é a principal causa de AVC e de EAM.

“Os sintomas variam consoante a localização preferencial do processo aterosclerótico e com a forma de apresentação da doença (aguda versus crónica)”, refere o especialista. “Pela sua gravidade e risco de morte associada, saber identificar os sintomas de um evento agudo como um EAM ou um AVC é uma das componentes essenciais do programa nacional para prevenção e redução da morbimortalidade associada às doenças cardiovasculares”.

Posto isto, os sintomas relacionados com um EAM e com um AVC são diferentes. Esteja atenta a estes sinais.

Possibilidade de EAM:

Dor no peito com duração superior a 20 minutos, por vezes com irradiação ao braço, costas e pescoço, podendo ser acompanhada de suores, náuseas, vómitos, falta de ar e ansiedade.

Por vezes, sobretudo nas mulheres e idades mais avançadas, os sintomas podem manifestar-se por falta de ar, fraqueza, sensação de indigestão e fadiga.

Em relação ao AVC os sintomas compatíveis são:

Face. A face pode ficar assimétrica de uma forma súbita, parecendo um “canto da boca” ou uma das pálpebras estarem descaídos. Estes sinais poderão ser melhor percebidos se a pessoa afetada tentar sorrir.

Força. É comum um braço ou uma perna perderem subitamente a força ou ocorrer uma súbita falta de equilíbrio.

Fala. A fala pode parecer estranha ou incompreensível e o discurso não fazer sentido. Com frequência, a pessoa parece não compreender o que se lhe diz.

Falta de visão súbita, bem como a visão dupla.

Forte dor de cabeça súbita e muito intensa, diferente do padrão habitual e sem causa aparente.

Na suspeita de um destes eventos, o contacto com o serviço de emergência médica deve ser feito o mais rápido possível, para que se tenha acesso à terapêutica dirigida o mais rápido possível.

Tudo começa na prevenção

Tal como referimos em cima, os hábitos de dia a dia são o que mais condicionam a saúde cardiovascular. Ao adotarmos um estilo de vida mais saudável estamos a reduzir exponencialmente o risco de aparecimento e desenvolvimento da doença aterosclerótica, por isso, há passos essenciais a adotar, como:

Estar atento a estes indicadores de saúde vigiando-os ao longo da vida é fundamental, estando as equipas médicas disponíveis para orientação na correção de hábitos que não são saudáveis, esclarecimento de dúvidas e tratamento dos diversos fatores de risco para o desenvolvimento de aterosclerose”, aconselha o cardiologista. É importante ainda reforçar que estas práticas são ainda mais eficazes se estiverem presentes ao longo de toda a vida, e há dados que o comprovam.

“Estudos populacionais que seguiram pessoas desde a sua juventude por mais de 40 anos, demonstraram que o risco de desenvolvimento de doença aterosclerótica é diretamente proporcional aos anos de exposição a um determinado fator de risco”.

Embora estes passos sejam fundamentais para a manutenção da saúde cardiovasculares, há fatores de risco secundário que também têm impacto, como doenças inflamatórias sistémicas, a predisposição genética, a poluição ambiental, o stresse diário, a doença renal crónica ou a idade avançada. Ainda assim, o especialista alerta que “estes tendem a demonstrar um papel secundário de risco em relação aos anteriormente mencionados”.

Diagnóstico e tratamento

A presença de dor no peito ou o cansaço com o esforço são dois alertas que podem significar suspeita de doença coronária. De qualquer forma, o diagnóstico “depende da localização da doença aterosclerótica e da forma de apresentação”

“A partir da suspeita clínica, vários métodos de imagem não invasivos (ecocardiografia, TAC, cintigrafia e Ressonância Magnética) ou invasivos como a coronariografia podem confirmar o diagnóstico de doença aterosclerótica”, afirma António Valentim Gonçalves.

Um estilo de vida saudável não são é a forma de prevenção mais eficaz, como é também uma forma de tratamento. De acordo com o cardiologista, “em casos avançados, pode ser necessário a realização de terapêuticas invasivas como a coronariografia ou a cirurgia de revascularização miocárdica. Alguns destes procedimentos são realizados em situações life-saving como na fase aguda de um EAM ou de AVC, mas também podem estar indicadas na presença de doença aterosclerótica grave com apresentação crónica da doença”.

A nota principal a tirar é que o estilo de vida sedentária é o maior inimigo do coração. Embora a pandemia tenha vindo a alterar as rotinas dos portugueses, colocando-os mais tempo em casa com pouca mobilidade física, é crucial introduzir alguma atividade todos os dias. Mais que não seja uma caminhada, por exemplo.

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