Saúde

Boca seca na primavera: o impacto das alergias na saúde oral

A primavera, embora traga consigo novos começos e uma atmosfera revigorante, pode também representar desafios para quem sofre de alergias sazonais. A boca seca, muitas vezes ignorada, é uma das consequências e deve ser encarada com seriedade.

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Boca seca na primavera: o impacto das alergias na saúde oral Boca seca na primavera: o impacto das alergias na saúde oral
© unsplash
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Abr. 18, 2025

A chegada da primavera traz consigo o despertar da natureza, com dias mais longos, temperaturas amenas e o florescimento das plantas. No entanto, para muitas pessoas, esta estação é também sinónimo de desconforto devido às alergias sazonais.

Além dos sintomas mais conhecidos, como espirros, congestão nasal e comichão nos olhos, há um efeito menos falado, mas igualmente relevante: a boca seca, também conhecida como xerostomia. Este sintoma, comum entre as pessoas alérgicas, pode ter um impacto significativo na saúde oral e requer cuidados específicos.

A relação entre alergias e boca seca

As alergias primaveris, sobretudo as provocadas pelo pólen, fazem com que o organismo liberte histamina, uma substância responsável por diversas reações alérgicas. Para aliviar os sintomas, o mais comum é recorrer a anti-histamínicos, que são eficazes, mas têm como efeito secundário comum a redução da produção de saliva. Esta diminuição da salivação contribui diretamente para a sensação de boca seca.

Além disso, quem sofre de congestão nasal tende a respirar pela boca, principalmente durante o sono. Respirar pela boca faz com que a saliva evapore mais depressa, deixando a boca ainda mais seca e desconfortável. O resultado é um ambiente propício ao desenvolvimento de problemas como cáries, gengivite, mau hálito e até infeções fúngicas, como a candidíase oral.

O papel da saliva na saúde oral

A saliva desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde da cavidade oral. Para além de ajudar na digestão e facilitar a fala, atua como um mecanismo de defesa natural, lavando resíduos alimentares, neutralizando ácidos produzidos pelas bactérias e controlando o crescimento microbiano. Quando a sua produção é insuficiente, a boca torna-se vulnerável a uma série de desequilíbrios.

Cuidados a ter para aliviar a boca seca

Para quem sofre de boca seca na primavera, seja devido às alergias ou à medicação utilizada para tratá-las, é essencial adotar medidas que ajudem a diminuir os sintomas e proteger a saúde oral:

  1. Hidratação constante: beber água regularmente ao longo do dia é fundamental. A ingestão frequente de pequenos goles ajuda a manter a boca hidratada e estimula a produção de saliva.
  2. Evitar bebidas desidratantes: reduzir o consumo de café, álcool e refrigerantes com cafeína, pois estas bebidas têm efeito diurético e podem agravar a desidratação oral.
  3. Usar saliva artificial ou estimulantes salivares: existem produtos disponíveis em farmácias que simulam a ação da saliva natural ou estimulam as glândulas salivares. São particularmente úteis em casos de secura mais severa.
  4. Mascar pastilhas sem açúcar: o ato de mascar ajuda a estimular a produção de saliva. Escolher pastilhas com xilitol pode, além disso, ajudar a prevenir cáries.
  5. Evitar ambientes secos: utilizar humidificadores em casa, especialmente no quarto durante a noite, pode reduzir a secura do ar e contribuir para o alívio da boca seca.
  6. Higiene oral rigorosa: escovar os dentes pelo menos duas vezes ao dia com pasta dentífrica com flúor e usar fio dentário diariamente é ainda mais importante quando há pouca saliva, pois o risco de cáries e infeções aumenta.
  7. Consultar o dentista regularmente: pessoas com boca seca devem visitar o seu dentista com mais frequência, de modo a detetar precocemente qualquer sinal de deterioração oral e receber um aconselhamento adequado.

Se a boca seca persistir ou se surgirem sintomas como ardor, dificuldade em engolir, alterações no paladar ou feridas recorrentes na mucosa oral, é importante procurar aconselhamento médico ou odontológico.

Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a medicação ou investigar outras causas subjacentes, como doenças autoimunes (por exemplo, Síndrome de Sjögren) ou diabetes.

Com os cuidados adequados, é possível minimizar os efeitos da xerostomia e manter uma boa saúde oral ao longo da estação. A prevenção, hidratação e vigilância contínua são os melhores aliados nesta missão.

Artigo escrito por José Teixeira, Médico Dentista da Clínica do Chapim

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